IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Após meses de negociação sem sucesso com a Argentina, a Camex (Câmara de Comércio Exterior) voltou a autorizar a indústria brasileira a importar 1 milhão de toneladas de trigo de países de fora do Mercosul para evitar desabastecimento interno do produto, repetindo decisão de 29 de janeiro.
Para entrar em vigor, a autorização para compras de trigo no exterior ainda precisa ser publicada no "Diário Oficial" da União, o que deve ocorrer nos próximos dias, segundo a assessoria de imprensa do Ministério do Desenvolvimento, que preside a câmara.
Com a autorização, os moinhos brasileiros poderão adquirir o cereal sem o pagamento da alíquota de 10% da TEC (Tarifa Externa Comum). A TEC representa, na prática, o funcionamento do Mercosul como uma união aduaneira: Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai cobram as mesmas taxas para importação de produtos de fora do bloco. Logo, cada exceção feita à TEC fragiliza mais o Mercosul.
No caso específico, a escassez de trigo representa a dificuldade enfrentada pelas duas principais economias do bloco, Brasil e Argentina, de obterem um mínimo acordo nas mesas de negociação. Com a alta do produto no mercado internacional, o país vizinho taxa as exportações, para elevar sua arrecadação, e suspende licenças de exportação, para reter o produto internamente.
O resultado do imbróglio até agora foi uma alta de 20% no preço do pãozinho no Brasil nos últimos 12 meses. Em resposta, o Ministério da Agricultura quer incentivar a produção nacional, que já terá crescimento de 71,2% na safra 2007/ 2008. A decisão da Camex responde a pedido da Abitrigo (Associação Brasileira da Indústria do Trigo), que solicitou uma cota de 4 milhões de toneladas.


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