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Auditores fiscais decidem suspender greve por 21 dias
Eles voltam a trabalhar na segunda; sem negociação, podem parar de novo no dia 2
Fim da greve foi decidida em assembléias ontem em todos os Estados; 83% aprovaram suspensão para facilitar acerto com governo
JULIANA ROCHA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Os auditores fiscais da Receita Federal decidiram ontem
suspender a greve por 21 dias.
Os servidores voltam ao trabalho na próxima segunda-feira,
dia 12. Mas alertaram que, se as
negociações com o governo não
avançarem, podem retomar a
paralisação no dia 2 de junho.
A suspensão da greve foi decidida em assembléias realizadas ontem em todos os Estados.
Com os votos de 79 das 93 assembléias apurados, 83% aprovaram a suspensão da greve para facilitar o fechamento de um
acordo com o governo. O sindicato não colocou em votação a
possibilidade do fim permanente da paralisação. Estava
em votação a suspensão da greve, a manutenção da paralisação ou o início de uma operação
padrão em todo o país.
Os auditores fiscais reivindicam equiparação salarial com
os delegados da Polícia Federal,
que no próximo ano terão reajuste para R$ 19,7 mil até abril
de 2009. Hoje, o teto salarial
dos auditores é de R$ 13,4 mil
por mês. Eles pedem também a
promoção de uma parte dos
servidores que ainda ganham o
piso da categoria, de R$ 10 mil.
E a mudança nos critérios de
avaliação, considerando não só
o mérito profissional, mas também o tempo de carreira.
O governo ofereceu reajuste
do teto para R$ 19 mil e do piso
para R$ 14 mil até julho de
2010. Se o aumento for concedido, o custo da folha de pagamento do Executivo vai subir
R$ 844,8 milhões em um ano,
considerando só os salários dos
servidores da ativa, com férias e
13º salário. Essa conta não inclui o reajuste que automaticamente será dado aos servidores
aposentados.
O secretário da Receita Federal, Jorge Rachid, mudou ontem a versão do governo para
justificar o pagamento dos dias
não trabalhados pelos grevistas
em abril, apesar da autorização
do STF (Supremo Tribunal Federal) para que o corte do ponto fosse feito. Rachid disse que
o pagamento referente a abril
seria feito apenas em junho,
uma vez que a folha do mês corrente fecha no mês seguinte e o
pagamento ocorreria dois meses depois.
Na terça-feira, o ministro
Paulo Bernardo (Planejamento) disse que a liminar concedida pelo STJ no dia 16 de abril
atrasou o corte de ponto e impediu que fosse feito na folha
de abril, fechada no dia 15 do
mesmo mês. A liminar do STJ
foi derrubada no mesmo dia.
O corte deve ser feito no próximo mês. O próprio presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou do ministro, na semana
passada, o desconto dos dias
parados.
A partir de agora, a negociação com o governo será em torno dos aspectos administrativos, como o critério de avaliação da carreira.
"A Receita Federal obedece
às normas do Ministério do
Planejamento. A folha de pontos deve ser fechada na última
quinzena ou último decêndio
de maio. O pagamento se dá
dois meses depois", disse Rachid. Ele acrescentou que os
gestores da Receita têm obrigação legal de registrar as faltas
dos auditores em greve.
"É obrigação do gestor público checar o comparecimento
dos auditores. E deve haver respeito a essas decisões porque
de um lado há um movimento
sindical e, do outro, um servidor público, um gestor público
que tem de seguir normas, tem
de seguir a lei. Não pode haver
complacência de um lado ou de
outro."
Rachid disse que eventuais
prejuízos na arrecadação por
causa da greve só irão aparecer
na divulgação das estatísticas,
no final deste mês. "Vamos
aguardar os resultados."
O presidente do Unafisco
(Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal), Pedro Delarue, admite que
durante os 52 dias da greve, até
ontem, cerca de R$ 6 bilhões
em mercadorias estavam retidas em portos e aeroportos do
país. "Não podemos chamar isso de prejuízo porque nem todas essas mercadorias foram
perdidas. Muitas ainda serão liberadas", disse Delarue.
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