São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Queda na exportação de carros afeta a produção

Vendas de automóveis para o exterior recuam 52% no primeiro quadrimestre

Produção recua 16,4% até abril; vendas também caem, e Anfavea diz que efeitos da redução do IPI perderam força


KAREN CAMACHO
DA FOLHA ONLINE

Sob influência de uma forte queda nas exportações, as montadoras brasileiras reduziram a produção de automóveis em abril. As vendas no mercado interno também caíram, e, segundo a Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores), o efeito da redução do IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) perdeu força.
"Deixamos de exportar mais de US$ 2 bilhões na comparação com 2008 [no acumulado do primeiro quadrimestre]. É uma queda contundente e efeito das quedas nos mercados tradicionais de exportação", afirmou Jackson Schneider, presidente da Anfavea, ao se referir ao recuo de 52% nas vendas externas em relação a 2008.
As exportações para a Argentina caíram 54% no primeiro trimestre ante o mesmo período de 2008 (os dados detalhados de abril não estão disponíveis). O vizinho é o maior comprador de automóveis brasileiros, com 55% do volume.
Para o México, as vendas caíram 41% -o país tem participação de 16% do volume. Para a União Europeia, as vendas recuaram 51% -o bloco representa 10% das vendas externas.
Schneider afirmou que o cenário é de queda no mundo e que não há indícios de recuperação no curto prazo. O assunto foi debatido ontem entre a Anfavea e o ministro Miguel Jorge (Desenvolvimento), mas Schneider negou que haja estudo por parte do governo para amenizar as perdas.
"Não é o carro brasileiro que está perdendo espaço. Os mercados todos estão caindo. A médio e longo prazos, a indústria terá de discutir gargalos na logística e melhorias nos processos de produção", afirmou.
Em abril, as exportações somaram US$ 559,4 milhões, queda de 54,5% ante o mesmo mês do ano passado e de 7,4% na comparação com março.
Já a produção de veículos somou 254,7 mil unidades em abril -queda de 15,8% em relação ao mesmo mês de 2008 e de 6,9% ante março. No quadrimestre, a produção foi de 916,2 mil veículos (-16,4%).
No mercado interno, foram vendidas 234,4 unidades em abril, queda de 13,7% ante março e de 10,3% na comparação com o mesmo período de 2008.
Segundo Schneider, a queda deve-se, em parte, à antecipação das vendas em março, quando havia a expectativa de que seria o último mês com IPI reduzido. Os feriados no mês também tiveram impacto. No acumulado do quadrimestre, as vendas de carros caíram 0,7%.

Empregos
Em consequência do que a Anfavea chama de "ajuste de produção", o número de empregos nas montadoras registrou em abril a sexta queda seguida, com o fechamento de 1.298 vagas. Nos seis meses de retração, a perda soma 10.963 empregos, e o contingente de empregados caiu para 120.754.
Conforme acordo com o governo, a partir de abril, quando começou a valer o desconto do IPI, as montadoras ficaram impedidas de demitir os funcionários efetivos, mas puderam reduzir seu quadro por meio de PDV (programa de demissão voluntária) ou deixando de renovar contratos temporários.


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