São Paulo, sábado, 09 de maio de 2009

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Fundo fecha compra de 30% da Cetip por R$ 360 mi

Fusões e aquisições devem voltar a ganhar força no país

CRISTIANE BARBIERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O fundo de investimento em empresas americano Advent International comprou ontem 30% da Cetip (Balcão Organizado de Ativos e Derivativos), por R$ 360 milhões. A Cetip é uma câmara de compensação e liquidação de valores mobiliários, títulos públicos e privados de renda fixa e derivativos de balcão.
Entre os donos da Cetip, estão corretoras, fundos de investimento, distribuidoras de títulos e valores mobiliários, bancos e outras instituições financeiras. Do total a ser pago pela Advent, 20% dependerão do desempenho da Cetip em 2009.
"Vamos fortalecer a Cetip com uma gestão mais agressiva, para que tenha agilidade no desenvolvimento de novos produtos", diz Martín Escobari, diretor da Advent no Brasil.
Outra estratégia é, a médio prazo, estimular o mercado de dívidas, já que a maior parte das empresas brasileiras é pouco endividada. "O Brasil é o único grande mercado global que ainda é pouco alavancado", diz Escobari. "O potencial é grande."
Criada em 1986 pelo Banco Central e pelas instituições financeiras para estimular o mercado, a Cetip era uma organização sem fins lucrativos e tornou-se uma sociedade anônima em 2008. Atende a 8.200 clientes, tem R$ 2,6 trilhões de ativos em estoque, giro de negócios diário médio de R$ 50 bilhões e R$ 30 bilhões de liquidação financeira.
No ano passado, a Cetip cogitou abrir seu capital. Segundo Edgar da Silva Ramos, presidente do conselho da Cetip, a ideia foi descartada.
No Brasil, a Advent é dona da rede de restaurantes Frango Assado, da rede varejista Quero-Quero e da administradora de cartões CSU Cardsystem, entre outras.

Novos negócios
Apesar de essa ser a maior aquisição no ano feita por um fundo de investimento, especialistas acreditam que esse mercado voltará a se aquecer no país, após sofrer retração de 30% no primeiro trimestre.
Ontem, os credores da rede varejista Gimenes adiaram para a próxima quarta a decisão de vendê-la ao Carrefour ou à Associação Ricoy. A editora Nova Fronteira também está em negociações com o grupo português Leya. Além disso, o Ponto Frio também está à venda e a compra da Sadia pela Perdigão é esperada para breve. Nos últimos 40 dias, os papéis da Sadia tiveram alta de 47%.
"Embora o cenário ainda seja complicado, hoje há parâmetros para transações, e as empresas já têm perspectiva com relação a sua liquidez", diz Luis Motta, sócio responsável por fusões e aquisições da consultoria KPMG. "Os negócios estão melhorando mês a mês porque há muitos ativos baratos."
Segundo Rogério Villa, sócio da consultoria Terco Grant Thornton, o fato de o Brasil ter sido menos atingido pela crise e de o preço dos ativos ter se desvalorizado com a moeda tem feito com que grupos estrangeiros busquem oportunidades.


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