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Hyundai quer comprar terras no Brasil
Empresa negocia com governos de PI, MA, TO e BA 10 mil hectares para plantar soja; objetivo é exportar para a Coreia
Pelo menos outros nove grupos de países asiáticos
visitaram o país em busca
de terras, investimento considerado estratégico
Arquivo Issouf Sanogo/France Presse
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Produtor de Taiwan inspeciona trabalhadores em plantação de arroz em Burkina Fasso; presença de asiáticos na África é alvo de preocupação das Nações Unidas
ESTELITA HASS CARAZZAI
LUIZA BANDEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA
MATHEUS MAGENTA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SALVADOR
Executivos da empresa sul-coreana Hyundai negociam
com governos estaduais a compra de terra no Brasil com o objetivo de plantar e exportar soja
para a Coreia do Sul. Representantes da empresa visitaram o
Piauí na semana passada e, em
junho, terão reuniões com os
governos do Maranhão, do Tocantins e da Bahia.
Os coreanos querem comprar 10 mil hectares no Brasil,
mas ainda não têm prazo para
fechar o negócio. Segundo o diretor da Hyundai Corporation
no Brasil, Gi-Seob Kim, o projeto é "muito recente". Essa não é
a única investida de orientais
no agronegócio brasileiro.
Desde o início do ano, ao menos mais nove grupos, entre coreanos, chineses e indonésios,
visitaram o país em busca de
terra para plantio e exportação.
O investimento é tido como
estratégico para garantir o suprimento de alimentos a esses
países, que têm grande população e pouca área agricultável.
A Coreia do Sul, por exemplo,
tem apenas 0,6% da terra agricultável que existe no Brasil. A
área, pouco menor que o Sergipe, tem de abastecer população
de 48,5 milhões de pessoas. Segundo Gi-Seob Kim, várias empresas do país têm comprado
terras no exterior para exportar alimentos já há alguns anos.
A própria Hyundai é um
exemplo: em 2009, a empresa
comprou 10 mil hectares na
Rússia para plantar soja e milho. Em abril deste ano, ocorreu a primeira colheita: foram
4.500 toneladas de soja e 2.000
toneladas de milho -tudo exportado para a Coreia do Sul.
Segundo Gi-Seob, a ideia é
reproduzir esse mesmo projeto
no Brasil. Aqui, a empresa quer
plantar exclusivamente soja,
um dos principais insumos da
indústria de alimentos, e colher
50 mil toneladas do produto
por ano, sendo que parte dele
deve ser processada localmente antes de ser exportado. O volume corresponde a 4% do total
de soja que a Coreia importa.
China
Apesar da investida coreana,
os maiores interessados na
compra de terras no Brasil têm
sido os chineses, os maiores importadores de soja do mundo.
Segundo o diretor da Câmara
de Comércio e Indústria Brasil-China, Kevin Tang, nos últimos
meses seis grupos chineses demonstraram interesse em
comprar terras no Brasil -três
deles com participação estatal.
Embora não possa revelar as
empresas nem os locais de investimento, Tang diz que o foco
dos empresários é o Nordeste,
onde as terras são mais baratas.
O oeste da Bahia e o sul do
Maranhão e do Piauí são apontados como locais preferenciais
para investimento. No Piauí,
diz o governo estadual, há 8 milhões de hectares disponíveis.
O governo da Bahia, de olho
na oportunidade, levará à China nesta semana uma delegação de empresários para prospectar negócios em agricultura.
Segundo Tang, a intenção
dos chineses não é só garantir
suprimento, mas também assegurar que o país não fique à
mercê das tradings do setor e
possa ter mais controle sobre a
cotação das commodities.
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