São Paulo, segunda, 9 de junho de 1997.



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAPÉIS AVULSOS SANEAMENTO BÁSICO
Sabesp estréia na Bolsa e agita analistas

MILTON GAMEZ
da Reportagem Local

Maior empresa de águas e esgotos da América Latina, segundo o banco Deustche Morgan Grenfell, a Sabesp (Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo) fez uma estréia e tanto na Bolsa de Valores de São Paulo, na semana passada.
Menos de vinte minutos após o início dos negócios na Bovespa, na quarta-feira, o governador Mário Covas jogou mel na boca dos investidores. Anunciou um aumento nas tarifas da Sabesp (9,8%) a partir do dia seguinte e revelou a futura colocação no mercado de até R$ 300 milhões em novas ações da companhia. Contou, ainda, que prepara a entrada de um sócio estratégico na empresa -mais ou menos como fez o governo mineiro com a Cemig.
O mercado gostou do que ouviu. A ação ordinária da empresa (Sabesp ON, com direito a voto) entrou na Bovespa cotada a R$ 279,00 por lote de mil e terminou a semana a R$ 305,00, com alta de 9,32%. Em novembro passado, quando os papéis começaram a ser negociados no Soma, mercado de acesso da Bolsa do Rio de Janeiro, eles valiam apenas R$ 40,00.
Foram para a Bovespa cerca de 4% do capital da Sabesp, cerca de R$ 300 milhões em papéis. Antes disso, alguns bancos mais ágeis já haviam soltado recomendações de compra de Sabesp ON, caso do Deutsche Morgan Grenfell, do Bozano, Simonsen e do Boavista.
Todos foram surpreendidos pela valorização do papel e estão tendo de refazer suas projeções com base no novo cenário (tarifas mais altas, maior volume de ações no mercado e futura abertura ao sócio privado, prevista para 98).
"O papel superou nosso preço-alvo, de R$ 280 por lote de mil. Com a entrada na Bovespa, a demanda vai aumentar e há mais espaço para altas futuras", diz Márcia Garcez, analista do Bozano, Simonsen. "Agora, investidores estrangeiros que não podiam investir em Sabesp no Soma poderão fazê-lo na Bolsa."
Recomendação
Garcez mantém a recomendação de compra, pois os resultados da empresa irão ficar ainda melhores com o impacto do aumento real (acima da inflação) das tarifas, prevê a analista. A inflação no período de reposição compreendido pelo aumento (12 meses) foi de 7,07%, segundo o IPC (Índice de Preços ao Consumidor) da Fipe.
O governo paulista espera que a Sabesp fature cerca de R$ 3 bilhões neste ano, superior aos R$ 2,45 bilhões obtidos no ano passado, o melhor de sua história. Em 96, o lucro líquido bateu em 373,6 milhões, 13 vezes superior ao de 95, de R$ 27,9 milhões. Nada mal para uma companhia que fechou 94 com prejuízos acumulados de R$ 233 milhões.
"A Sabesp deve crescer de 10% a 15% ao ano nos próximos quatro anos", prevê o secretário estadual de Recursos Hídricos, Hugo Marques da Rosa. O número de municípios atendidos pela companhia deve subir até o final de 98 de 344 para cerca de 400, aposta Rosa. A empresa já atende 22 milhões de consumidores, com 17 milhões na Grande São Paulo.
Reestruturação
No primeiro trimestre deste ano, os resultados da reestruturação iniciada em 95 continuaram a elevar os ganhos da companhia. A receita cresceu 11% sobre igual período de 96, para R$ 692 milhões, e o resultado líquido ficou em R$ 137 milhões, 55% acima do lucro no primeiro trimestre de 96.
"O potencial de crescimento da empresa é muito grande e as metas de investimento para os próximos anos são arrojadas", acrescenta Graça Paiva, gerente do departamento de pesquisas do Banco Boavista, outra entusiasta do papel.
O plano trienal de investimentos da Sabesp prevê desembolsos de R$ 3 bilhões até 98, dos quais metade virão do próprio caixa da empresa.

E-mail:±papeis@uol.com.br



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice



Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita do Universo Online ou do detentor do copyright.