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Importação ajuda indústria, diz ministério
Para secretário-executivo do Desenvolvimento, compras externas de máquinas têm tido impacto positivo na modernização do setor
Ivan Ramalho avalia que há espaço para a redução do saldo comercial, mas admite que manufaturado da China ameaça alguns setores
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O secretário-executivo do
Ministério do Desenvolvimento, Ivan Ramalho, avaliou ontem que o aumento das importações possui um aspecto positivo, que há espaço para redução do saldo comercial e que as
exportações continuarão crescendo, a ponto de ultrapassar
"com folga" a meta oficial de
US$ 152 bilhões.
Em entrevista à Folha, em
Brasília, Ramalho descreveu a
China como a única sombra a
ameaçar setores nacionais devido aos seus produtos manufaturados em quantidade e preços bastante inferiores aos produzidos no Brasil.
Ao ressaltar que as importações de bens de consumo representaram apenas 13,1% do
total de compras no ano passado, Ramalho analisou que a entrada de máquinas no país significa modernização do parque
tecnológico interno.
"A gente importa muitas vezes insumos, peças e componentes, mas produz também e
agrega valor inclusive na exportação brasileira. Neste aspecto é positivo", avaliou.
As importações bateram recorde histórico em maio, US$
9,78 bilhões, ou 34,2% superior
ao registrado no mesmo mês
de 2006. A participação dos
bens de consumo oscilou para
13,29% do total, um percentual
"modesto", para Ramalho.
"Hoje a grande maioria da
importação brasileira está diretamente vinculada ao crescimento da produção. O Brasil é
um importador ainda relativamente modesto de bens de
consumo", assinalou.
O aumento das importações,
associado à valorização do real
diante do dólar nos últimos
meses, será responsável, sempre na avaliação do secretário-executivo, por uma diminuição
dos saldos comerciais.
"Espero que ocorra redução
dos superávits, não em função
de uma queda das exportações,
mas em virtude do crescimento das importações", disse.
Diversificação
Enquanto especialistas criticam a dependência das vendas
externas brasileiras do alto preço das commodities, principalmente soja, petróleo e minério
de ferro, Ramalho aponta dados de diversificação da pauta e
aposta em superar as previsões
iniciais de exportações.
"De modo geral a exportação
como um todo está crescendo
acima de nossa previsão, a exportação brasileira vai passar
com folga dos US$ 152 bilhões
de dólares, vai superar nossa
previsão, ao que tudo indica."
No acumulado de 12 meses
encerrado em maio, o Brasil exportou US$ 148,3 bilhões.
A chamada invasão de produtos chineses recebe cifras no
Ministério do Desenvolvimento. O déficit comercial com o
parceiro asiático atingiu US$
364 milhões, contra US$ 86 milhões no mesmo período do ano
passado. A corrente de comércio com o país cresce a uma taxa de 41,3%, quase o dobro dos
23,4% observados na balança
com os demais países.
"Há uma preocupação hoje
no governo em relação a alguns
setores, conceituados como de
mão-de-obra intensiva, embora muitos continuem produzindo bastante, exportando."
Mas não há previsão de nova
medida compensatória para
exportadores ou de proteção a
setores nacionais. Por outro lado, a elevação da TEC (Tarifa
Externa Comum), do Mercosul, para calçados e confecções
pode ter problemas à frente.
Segundo Ramalho, a Argentina quer a inclusão de tecidos
entre os setores a serem protegidos, mas o Brasil ainda não
tem certeza se isso é uma necessidade.
(IURI DANTAS)
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