São Paulo, sexta-feira, 09 de agosto de 2002

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MEGA PACOTE

Após 9 pregões, moeda é vendida a R$ 2,91, com queda de 3,48%

Acordo com o FMI faz dólar voltar a custar menos de R$ 3

ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL

O dólar caiu abaixo de R$ 3 ontem após nove pregões acima desse valor. A moeda norte-americana fechou com baixa de 3,48%, vendida a R$ 2,91. A tranquilidade se confirmou com o novo acordo entre o Brasil e o FMI. O risco Brasil caiu 7,3%, para 1.778 pontos.
Há dias o mercado aguardava para saber qual seria o poder de fogo do Banco Central para conter as oscilações da moeda americana. O acordo reduziu o piso das reservas líquidas em US$ 10 bilhões -o mercado, que esperava queda de US$ 5 bilhões, logo se surpreendeu positivamente.
O anúncio de que o BC deixará de realizar sua intervenção diária no mercado, vendendo US$ 50 milhões, foi avaliado como correto pelos analistas. Eles acreditam que o BC não deve queimar reservas à-toa. Mas, num primeiro momento, foi mal recebido pelo mercado, que reduziu a queda do dólar -a moeda chegou a se desvalorizar 5,4% ontem.
"Ele [o BC" fez bem em suspender a venda. Agora a situação é outra e é preciso tempo para saber qual será o comportamento do mercado", avalia Guilherme da Nóbrega, do banco Fibra.
No entanto, apesar de anunciar o fim da ração diária, o BC interveio no mercado cambial por duas vezes ontem. Fez um leilão de linha externa de US$ 50 milhões e vendeu uma quantia -não revelada- de moeda ao mercado.
Analistas estimam que o dólar deverá oscilar entre R$ 2,80 e R$ 3,00. E apontam uma preocupação principal a ser observada de agora em diante: se o crédito externo para as empresas nacionais melhorará ou não. A falta de linhas para as companhias pressionou o dólar à vista -sem rolar empréstimos, elas precisavam comprar a moeda para honrar compromissos. O excesso de compradores e a falta de vendedores continuarão a pressionar a cotação se pelo menos parte do crédito não voltar.
Analistas não esperam que as linhas de crédito voltem à normalidade, devido ao ano eleitoral no Brasil e à aversão mundial ao risco, após as fraudes de empresas americanas.
"Mas acredito que, com todo o respaldo dado pelo Fundo ao Brasil, essa secura de linhas externas irá acabar e as empresas conseguirão renovar algumas operações", afirma Mauricio Zanella, do Lloyds TSB.
Ele lembra que o acordo reduziu em muito um forte temor do mercado: a possibilidade de o Brasil dar o calote nos pagamentos de sua dívida externa.



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