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MEGA PACOTE
Após 9 pregões, moeda é vendida a R$ 2,91, com queda de 3,48%
Acordo com o FMI faz dólar voltar a custar menos de R$ 3
ANA PAULA RAGAZZI
DA REPORTAGEM LOCAL
O dólar caiu abaixo de R$ 3 ontem após nove pregões acima desse valor. A moeda norte-americana fechou com baixa de 3,48%,
vendida a R$ 2,91. A tranquilidade
se confirmou com o novo acordo
entre o Brasil e o FMI. O risco Brasil caiu 7,3%, para 1.778 pontos.
Há dias o mercado aguardava
para saber qual seria o poder de
fogo do Banco Central para conter as oscilações da moeda americana. O acordo reduziu o piso das
reservas líquidas em US$ 10 bilhões -o mercado, que esperava
queda de US$ 5 bilhões, logo se
surpreendeu positivamente.
O anúncio de que o BC deixará
de realizar sua intervenção diária
no mercado, vendendo US$ 50
milhões, foi avaliado como correto pelos analistas. Eles acreditam
que o BC não deve queimar reservas à-toa. Mas, num primeiro
momento, foi mal recebido pelo
mercado, que reduziu a queda do
dólar -a moeda chegou a se desvalorizar 5,4% ontem.
"Ele [o BC" fez bem em suspender a venda. Agora a situação é
outra e é preciso tempo para saber
qual será o comportamento do
mercado", avalia Guilherme da
Nóbrega, do banco Fibra.
No entanto, apesar de anunciar
o fim da ração diária, o BC interveio no mercado cambial por
duas vezes ontem. Fez um leilão
de linha externa de US$ 50 milhões e vendeu uma quantia
-não revelada- de moeda ao
mercado.
Analistas estimam que o dólar
deverá oscilar entre R$ 2,80 e R$
3,00. E apontam uma preocupação principal a ser observada de
agora em diante: se o crédito externo para as empresas nacionais
melhorará ou não. A falta de linhas para as companhias pressionou o dólar à vista -sem rolar
empréstimos, elas precisavam
comprar a moeda para honrar
compromissos. O excesso de
compradores e a falta de vendedores continuarão a pressionar a
cotação se pelo menos parte do
crédito não voltar.
Analistas não esperam que as linhas de crédito voltem à normalidade, devido ao ano eleitoral no
Brasil e à aversão mundial ao risco, após as fraudes de empresas
americanas.
"Mas acredito que, com todo o
respaldo dado pelo Fundo ao Brasil, essa secura de linhas externas
irá acabar e as empresas conseguirão renovar algumas operações", afirma Mauricio Zanella, do Lloyds TSB.
Ele lembra que o acordo reduziu em muito um forte temor do mercado: a possibilidade de o Brasil dar o calote nos pagamentos de sua dívida externa.
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