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Em seminário, economista defende manutenção da política da era FHC
JOSÉ ALAN DIAS
DA REPORTAGEM LOCAL
Qualquer que seja o resultado da eleição presidencial, significaria um ""erro" para o próximo governo se desviar das linhas gerais da política econômica da era Fernando Henrique Cardoso.
Em síntese, foi esse o discurso praticado ontem pelos economistas Albert Fishlow, diretor do Centro de Estudos Brasileiros da Universidade Columbia (EUA), Paulo Leme, diretor do banco Goldman Sachs, e por Robert Berges, estrategista da agência de investimentos Merrill Lynch, durante seminário em São Paulo.
Por "linhas gerais" entenda-se a manutenção de regime de metas de inflação, do superávit primário nas contas públicas, do respeito a contratos (em outras palavras, se abster de propostas de moratória ou reestruturação voluntária da
dívida), além de continuidade do sistema de câmbio flutuante.
Incisivo, Leme, do Goldman Sachs, sustentou que, não bastassem esses compromissos, o próximo governo terá que em 2003 aumentar dos atuais 3,75% para 5% do PIB (Produto Interno Bruto) o nível de superávit primário. Seriam dois os objetivos: conter o crescimento da relação dívida/ PIB e sinalizar para os investidores a "seriedade" da nova gestão.
De qualquer forma, pelo menos os atuais 3,75% de superávit primário o sucessor de FHC terá que manter até 2005. Isso se quiser ter direito aos desembolsos previstos
no pacote de US$ 30 bilhões do
FMI (Fundo Monetário Internacional), anunciado anteontem.
Pelo pacote, o Brasil receberá só
US$ 6 bilhões este ano. Os demais
US$ 24 bilhões serão desembolsados ao longo de 2003, desde que
cumprida a meta de superávit.
""Dinheiro não cai do céu. O custo político de Ciro ou Lula de aderirem ao pacote é menor do prejuízo de ficar sem o acordo", diz
Leme. ""As restrições do Orçamento do ano que vem são muito
grandes e o fluxo de investimento
hoje é um terço do que era em
1998", completa, em referência às
dificuldades que o país teria para
fechar suas contas sem o FMI.
""O povo brasileiro vai determinar o resultado da eleição. E o novo presidente é quem decidirá se
vale a pena seguir linha diferente
(da atual). A meu ver, seria um
engano", disse Fishlow, ex-professor do ministro Pedro Malan.
Segundo Fishlow, o acordo com
o FMI permitirá ao Brasil se livrar
""de um movimento especulativo,
que obriga o governo a pagar juros altos". ""Haverá possibilidades
de voltar a focalizar atenção nas
coisas relevantes", disse ele.
Para o professor, as prioridades
do sucessor de FHC devem ser o
aumento do nível das exportações
e da poupança interna, como forma de minimizar a necessidade
de investimento estrangeiro.
""Se agirem com responsabilidade e tomarem medidas adequadas, o mercado pode conceder o benefício da dúvida", disse Robert Berges, da Merrill Lynch, ao
comentar uma eventual vitória de Lula ou Ciro Gomes.
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