São Paulo, quarta-feira, 09 de agosto de 2006

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Usinas de álcool criam 95% das vagas na indústria de SP

Sem contar esse segmento, alta do emprego no Estado seria de apenas 0,184% em 2006

Para a Fiesp, números mostram o efeito do câmbio desfavorável às vendas externas; em julho, o nível de emprego cresceu 0,03%


MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL

Sem as vagas geradas pelos segmentos de açúcar e álcool, o crescimento do nível de emprego na indústria de transformação paulista de janeiro a julho deste ano reduz-se a 0,184%. Isso porque esses segmentos representaram sozinhos 95% dos 76 mil postos de trabalho gerados do início de 2006 até agora (um aumento de 3,68%).
O número foi divulgado ontem pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), que alertou para o efeito do câmbio desfavorável à exportação no comportamento do emprego na indústria de SP.
Paulo Francini, diretor do Departamento de Economia da entidade, apontou ainda para os elevados níveis da taxa de juros básica da economia, a despeito da queda dos últimos meses. "O nível de inflação está abaixo da meta, e isso está sendo saudado como um grande sucesso. Parece-me o mesmo êxito do médico que leva uma paciente de regime a anorexia."
O impacto negativo do real valorizado, segundo ele, pode ser medido observando os setores em que a importação cresceu com força. No setor artigos de couro e calçados, por exemplo, em que as importações cresceram 23,1% de janeiro a junho deste ano ante mesmo período de 2005, a produção industrial teve queda de 3,9% na mesma comparação.
"Tirando álcool e açúcar, a indústria de transformação não gerou emprego", diz Francini. "É preocupante, mesmo porque são empregos que podem ser perdidos em novembro, quando termina a safra."
Os segmentos de açúcar e álcool estão em forte expansão e há aproximadamente 90 projetos para construção ou ampliação de usinas no centro-sul no país, sendo que muitos deles já estão em implementação.
O mau momento para a indústria de transformação reflete-se nos dados de geração de vagas em julho. O nível de emprego no mês passado subiu 0,03%, ou seja, entre contratações e demissões foram gerados mil postos de trabalho.
"É praticamente estabilidade", afirmou o economista. De acordo com ele, se fosse possível dessazonalizar os dados de julho, a variação observada no mês passado provavelmente seria negativa. Os dados não podem ser dessazonalizados porque a metodologia usada pela Fiesp para medir o nível de emprego mudou neste ano.
Nos últimos 12 meses, o nível de emprego cresceu 1,77%, e a projeção da entidade é de uma alta de 2% neste ano. O setor com maior queda no nível de emprego em julho foi o das indústrias de preparação de couros e fabricação de artefatos de couro, artigos de viagem e calçados (-1,05%). O setor que mais gerou empregos foi o de fabricação de minerais não-metálicos, com alta de 1,46%.


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