|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Usinas de álcool criam 95% das vagas na indústria de SP
Sem contar esse segmento, alta do emprego no Estado seria de apenas 0,184% em 2006
Para a Fiesp, números mostram o efeito do câmbio desfavorável às vendas externas; em julho, o nível de emprego cresceu 0,03%
MAELI PRADO
DA REPORTAGEM LOCAL
Sem as vagas geradas pelos
segmentos de açúcar e álcool, o
crescimento do nível de emprego na indústria de transformação paulista de janeiro a julho
deste ano reduz-se a 0,184%.
Isso porque esses segmentos
representaram sozinhos 95%
dos 76 mil postos de trabalho
gerados do início de 2006 até
agora (um aumento de 3,68%).
O número foi divulgado ontem pela Fiesp (Federação das
Indústrias do Estado de São
Paulo), que alertou para o efeito do câmbio desfavorável à exportação no comportamento
do emprego na indústria de SP.
Paulo Francini, diretor do
Departamento de Economia da
entidade, apontou ainda para
os elevados níveis da taxa de juros básica da economia, a despeito da queda dos últimos meses. "O nível de inflação está
abaixo da meta, e isso está sendo saudado como um grande
sucesso. Parece-me o mesmo
êxito do médico que leva uma
paciente de regime a anorexia."
O impacto negativo do real
valorizado, segundo ele, pode
ser medido observando os setores em que a importação cresceu com força. No setor artigos
de couro e calçados, por exemplo, em que as importações
cresceram 23,1% de janeiro a
junho deste ano ante mesmo
período de 2005, a produção
industrial teve queda de 3,9%
na mesma comparação.
"Tirando álcool e açúcar, a
indústria de transformação não
gerou emprego", diz Francini.
"É preocupante, mesmo porque são empregos que podem
ser perdidos em novembro,
quando termina a safra."
Os segmentos de açúcar e álcool estão em forte expansão e
há aproximadamente 90 projetos para construção ou ampliação de usinas no centro-sul no
país, sendo que muitos deles já
estão em implementação.
O mau momento para a indústria de transformação reflete-se nos dados de geração de
vagas em julho. O nível de emprego no mês passado subiu
0,03%, ou seja, entre contratações e demissões foram gerados mil postos de trabalho.
"É praticamente estabilidade", afirmou o economista. De
acordo com ele, se fosse possível dessazonalizar os dados de
julho, a variação observada no
mês passado provavelmente
seria negativa. Os dados não
podem ser dessazonalizados
porque a metodologia usada
pela Fiesp para medir o nível de
emprego mudou neste ano.
Nos últimos 12 meses, o nível
de emprego cresceu 1,77%, e a
projeção da entidade é de uma
alta de 2% neste ano. O setor
com maior queda no nível de
emprego em julho foi o das indústrias de preparação de couros e fabricação de artefatos de
couro, artigos de viagem e calçados (-1,05%). O setor que
mais gerou empregos foi o de
fabricação de minerais não-metálicos, com alta de 1,46%.
Texto Anterior: Balanço: Lucro do grupo Pão de Açúcar cai 36% no segundo trimestre Próximo Texto: Frase Índice
|