UOL


São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

VIZINHO EM CRISE

Argentina condiciona quitação de US$ 2,9 bi que vencem hoje a indício de que Fundo aprovará novo pacote

Kirchner quer sinal de acordo para pagar FMI

ELAINE COTTA
DE BUENOS AIRES

O governo argentino decide hoje se paga ou não uma dívida de US$ 2,9 bilhões com o FMI (Fundo Monetário Internacional). O pagamento, segundo membros do governo, será feito se a instituição sinalizar que pretende aprovar o rascunho de uma carta de intenções já negociada com o país e que prevê um pacote com duração de três anos. O último acordo venceu no dia 31 de agosto.
Caso opte por não pagar a dívida, que vence hoje, a Argentina terá um prazo de até 30 dias para regularizar a situação antes de ser considerada inadimplente e sofrer as sanções previstas para os países que entram em moratória com o FMI. Nesses casos, segundo o regulamento do Fundo, o país é notificado do atraso e cobrado pelo pagamento.
O chefe-de-gabinete, Alberto Fernandéz, disse que a intenção do governo "é preservar as reservas" -ou seja, não sacar o dinheiro dos US$ 13,6 bilhões disponíveis nos cofres do BC. O governo poderá também pedir mais prazo ao FMI para pagar.

Gargalos
A Argentina e os técnicos do Fundo discutem há mais de um mês o texto da nova carta de intenções. Os gargalos das negociações são a meta de superávit primário, a compensação aos bancos e o reajuste das tarifas públicas, congeladas desde janeiro de 2002. O reajuste das tarifas é considerado o tema mais polêmico do acordo. O presidente Néstor Kirchner diz que o problema tem de ser resolvido entre o governo e as empresas e que o FMI não deveria fazer "lobby" para o setor privado.
A justificativa dada pelo FMI é que, sem reajuste, as empresas não investem. E, sem investimento, a Argentina não cresce.

Superávit
O governo também se nega a fechar uma meta de superávit primário (economia para o pagamento de juros) maior que 3% do Produto Interno Bruto. O Fundo cobra algo entre 3,5% e 4%. A saída, segundo membros do governo, seria fechar uma meta de 3% para 2004, com possibilidade de revisão. Essa seria uma alternativa que não prejudicaria politicamente o governo, que até o final do ano tenta se fortalecer com as eleições no Congresso e em algumas Províncias.
Já a compensação aos bancos depende mais do Congresso do que do governo. Na semana passada, a Câmara dos Deputados aprovou a medida. O tema, agora, está nas mãos do Senado.


Texto Anterior: O vaivém das commodities
Próximo Texto:
Agrofolha
Beleza brasileira: Temporada de flores traz emprego e renda

Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.