São Paulo, terça-feira, 09 de setembro de 2008

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Mantega exalta cumprimento de meta de inflação

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Na semana em que o Ministério da Fazenda organizou um seminário para exaltar o desenvolvimento econômico e comemorar os seus 200 anos, o centro das atenções e das críticas foi a política monetária do Banco Central. Ex-ministros convidados para contar sua história à frente da pasta, Delfim Netto e Luiz Carlos Bresser-Pereira, aproveitaram para condenar o aumento dos juros, na semana em que o Copom se reúne para decidir a intensidade da quarta elevação da Selic no ano.
Sem citar os últimos aumentos dos juros, o ministro Guido Mantega (Fazenda) destacou o crescimento econômico de até 5% (o resultado do PIB do segundo trimestre será divulgado amanhã) e afirmou que o Brasil será o único país a cumprir a meta de inflação do ano, mantendo a variação de preços dentro do intervalo de tolerância, de dois pontos percentuais para mais, ou seja, até 6,5%.
"Estamos comemorando o melhor desempenho inflacionário entre os Brics [Brasil, Índia, China e Rússia] e entre a maioria dos emergentes. Podemos almejar com realismo a eliminação do déficit nominal", disse Mantega. "Podemos nos vangloriar que vamos ser o único país entre os que adotaram o regime de metas de inflação que vai terminar o ano com inflação dentro das bandas de variação [até 6,5%]."
Pela manhã, em cerimônia no Ministério da Fazenda, para descerramento de placa comemorativa dos 200 anos do Ministério da Fazenda, Mantega foi mais enfático na crítica ao aumento de juros, embora não tenha citado diretamente o BC. Ele afirmou que o Brasil está crescendo a 5% ao ano de forma sustentável, sem gerar pressão inflacionária. O argumento do BC ao elevar os juros é exatamente o descompasso entre a oferta e a demanda.
"Não estou totalmente convencido com o seu otimismo", disse Bresser a Mantega. Para o ex-ministro, a sustentabilidade do crescimento brasileiro está ameaçada pela ortodoxia do BC, que ele considerou fracassada em todo o mundo.
Um dos principais conselheiros econômicos do presidente Lula, o ex-ministro da Fazenda Delfim Netto também criticou o BC. Ele disse que o produto potencial, ou seja, o limite de crescimento de um país, não existe. Por isso, não adianta o BC calcular o limite de crescimento da oferta para calibrar o aumento dos juros. "É claro que existe um limite, mas ninguém sabe calcular. [O PIB potencial] é uma invenção e está muitos distante da realidade."
O presidente do BC, Henrique Meirelles, estava na mesa de abertura do seminário enquanto Mantega discursava como anfitrião. E a palestra de Meirelles, que estava marcada para hoje, foi cancelada.


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