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MERCADO FINANCEIRO
Elevação da nota da Rússia aumenta o apetite por papéis emergentes; risco Brasil é o menor desde 98
Títulos brasileiros e Bolsa batem recorde
DA REDAÇÃO
O mercado financeiro brasileiro
viveu ontem um dia de quebra de
recordes. O principal título da dívida externa do país (o C-Bond)
atingiu a sua maior valorização
histórica. Já o risco Brasil fechou
no nível mais baixo desde 1998,
enquanto a Bolsa de Valores de
São Paulo registrou o melhor fechamento em pontos desde janeiro de 2001.
A busca por ativos brasileiros
foi impulsionada, principalmente, por fatores externos. A agência
de risco Moody's elevou a nota da
Rússia, um dos principais mercados emergentes do planeta, a
"grau de investimento". Essa classificação indica que determinado
país oferece baixo risco e, portanto, é recomendado a investidores.
Foi a primeira agência a classificar os papéis russos nesse nível
desde que o país decretou a moratória de sua dívida externa, em
1998. A elevação, que veio antes
do esperado pelo mercado financeiro, provocou euforia ontem.
Na visão de analistas, deve
acontecer um fenômeno de migração de dinheiro. Parte dos recursos que estavam alocados na
Rússia poderá migrar para outros
emergentes, que ainda não atingiram o mesmo nível de "grau de
investimento" e, portanto, continuarão oferecendo altos retornos
pelo seu risco. Esse é o caso do
Brasil.
Essa busca por papéis de emergentes favoreceu o país ontem. O
C-Bond teve alta de 0,67%, atingindo 93,5% de seu valor de face.
Esse deságio é o menor já verificado para o papel. Quanto mais se
acredita no pagamento do seu valor de face, menor é o deságio.
A valorização levou a uma forte
queda do risco-país brasileiro
-que mede a diferença entre a
taxa de juros paga pelos títulos da
dívida externa brasileira e papéis
equivalentes nos Estados Unidos.
O indicador terminou o dia a 616
pontos (queda de 3,14% sobre anteontem), menor patamar em
mais de cinco anos.
A Bolsa de Valores de São Paulo
(Bovespa) teve alta de 1,92% -a
sexta consecutiva- e fechou a
17.804 pontos, com volume de R$
1,598 bilhão.
Com a entrada de investidores
estrangeiros no país, o dólar comercial recuou (0,45%) e fechou a
R$ 2,847.
A euforia, porém, não significa
que o Brasil irá trilhar caminho
semelhante ao da Rússia e que, ao
contrário do esperado pelo mercado, sequer receberá uma melhor classificação agora.
As três principais agências de
classificação de risco dos EUA
descartaram ontem aumentar, no
curto e médio prazos, as notas relativas à economia brasileira.
Diretores das agências Moody's,
Fitch e Standard & Poor's disseram que o alto endividamento do
setor público brasileiro ainda é
um obstáculo para a recomendação maior de papéis brasileiros.
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