UOL


São Paulo, quinta-feira, 09 de outubro de 2003

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

MERCADO FINANCEIRO

Elevação da nota da Rússia aumenta o apetite por papéis emergentes; risco Brasil é o menor desde 98

Títulos brasileiros e Bolsa batem recorde

DA REDAÇÃO

O mercado financeiro brasileiro viveu ontem um dia de quebra de recordes. O principal título da dívida externa do país (o C-Bond) atingiu a sua maior valorização histórica. Já o risco Brasil fechou no nível mais baixo desde 1998, enquanto a Bolsa de Valores de São Paulo registrou o melhor fechamento em pontos desde janeiro de 2001.
A busca por ativos brasileiros foi impulsionada, principalmente, por fatores externos. A agência de risco Moody's elevou a nota da Rússia, um dos principais mercados emergentes do planeta, a "grau de investimento". Essa classificação indica que determinado país oferece baixo risco e, portanto, é recomendado a investidores.
Foi a primeira agência a classificar os papéis russos nesse nível desde que o país decretou a moratória de sua dívida externa, em 1998. A elevação, que veio antes do esperado pelo mercado financeiro, provocou euforia ontem.
Na visão de analistas, deve acontecer um fenômeno de migração de dinheiro. Parte dos recursos que estavam alocados na Rússia poderá migrar para outros emergentes, que ainda não atingiram o mesmo nível de "grau de investimento" e, portanto, continuarão oferecendo altos retornos pelo seu risco. Esse é o caso do Brasil.
Essa busca por papéis de emergentes favoreceu o país ontem. O C-Bond teve alta de 0,67%, atingindo 93,5% de seu valor de face. Esse deságio é o menor já verificado para o papel. Quanto mais se acredita no pagamento do seu valor de face, menor é o deságio.
A valorização levou a uma forte queda do risco-país brasileiro -que mede a diferença entre a taxa de juros paga pelos títulos da dívida externa brasileira e papéis equivalentes nos Estados Unidos. O indicador terminou o dia a 616 pontos (queda de 3,14% sobre anteontem), menor patamar em mais de cinco anos.
A Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa) teve alta de 1,92% -a sexta consecutiva- e fechou a 17.804 pontos, com volume de R$ 1,598 bilhão.
Com a entrada de investidores estrangeiros no país, o dólar comercial recuou (0,45%) e fechou a R$ 2,847.
A euforia, porém, não significa que o Brasil irá trilhar caminho semelhante ao da Rússia e que, ao contrário do esperado pelo mercado, sequer receberá uma melhor classificação agora.
As três principais agências de classificação de risco dos EUA descartaram ontem aumentar, no curto e médio prazos, as notas relativas à economia brasileira.
Diretores das agências Moody's, Fitch e Standard & Poor's disseram que o alto endividamento do setor público brasileiro ainda é um obstáculo para a recomendação maior de papéis brasileiros.


Texto Anterior: Painel S.A.
Próximo Texto: Agências descartam elevar Brasil
Índice


UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.