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ECONOMIA
Americano e inglês desenvolveram estudos que permitem previsões sobre séries temporais, como evolução do PIB
Modelos estatísticos rendem Prêmio Nobel
CLÁUDIA TREVISAN
DA REPORTAGEM LOCAL
O Prêmio Nobel de Economia
foi concedido ontem a dois professores que desenvolveram modelos estatísticos que permitiram
a melhor compreensão e análise
de séries econômicas temporais,
como evolução do PIB, preço de
ações e taxa de juros. A premiação
de US$ 1,3 milhão será dividida
entre o norte-americano Robert
Engle e o britânico radicado nos
Estados Unidos Clive Granger.
Ambos trabalharam juntos na
Universidade da Califórnia em
San Diego, nos anos 70 e 80, e contribuíram para construir a reputação da instituição como uma referência mundial na econometria
-aplicação de modelos matemáticos e estatísticos ao estudo das
relações econômicas.
A escolha de Engle, 60, e Granger, 69, neste ano foi considerada
uma surpresa porque o Nobel de
Economia havia sido concedido
para estudos econométricos em
2000. Normalmente, a premiação
dessa área da economia se repete
em intervalos mais longos.
"Eu tinha certeza de que eles receberiam o Nobel, mas acreditava
que isso ocorreria só daqui a alguns anos", disse à Folha João
Victor Issler, 44, professor da
FGV-RJ (Fundação Getúlio Vargas) que conviveu com os premiados de 88 a 93, quando fez doutorado em San Diego. Engle foi seu
orientador, e Granger participou
da banca que analisou sua tese.
Os estudos que levaram à premiação foram feitos nos anos 80.
A Real Academia Sueca de Ciências atribuiu a escolha de Engle ao
desenvolvimento de métodos de
análise de séries econômicas temporais que apresentam volatilidade, como preços de ações.
Granger foi escolhido por criar
modelos de análise de séries que
revelam tendências comuns. Seu
método é aplicado ao estudo e
previsão do comportamento de
indicadores que podem variar indefinidamente, entre os quais
PIB, taxa de investimento e poupança. Também permite estabelecer relações entre cada um desses
índices e estimar tendências.
Os dois estudos possibilitaram a
realização de previsões que antes
eram impossíveis, pois não havia
modelos de análise dessas variáveis no tempo. O método de Engle
é usado hoje por instituições financeiras para estimar o comportamento de ativos de risco. "Ele
criou um método que permite
prever a incerteza, elemento essencial para avaliar o preço dos
ativos", diz Issler. Segundo ele,
bancos de investimento de todo o
mundo utilizam o modelo de Engle, conhecido como ARCH (sigla
em inglês para Heterocedasticidade Condicional Autoregressiva),
que dá a medida da volatilidade
de um ativo.
Desde 2000, Engle é professor
da Stern School of Business da
Universidade de Nova York.
Granger se aposentou em junho,
quando deixou a Universidade da
Califórnia em San Diego.
Engle soube da premiação na cidade de Annecy, na França, onde
tem uma casa. Para ele, a principal
contribuição de sua teoria é dar
instrumentos para medir e prever
o risco de portfólios.
Engle esteve no Brasil pela segunda vez no ano passado, quando participou do evento "Common Features in Rio", promovido
pela FGV. "Saímos para jantar e
tomamos bons vinhos. O professor Engle aprecia vinhos e gosta
de viajar e comer bem", diz Issler.
Segundo ele, o ganhador do Prêmio Nobel havia estado no Brasil
anteriormente em 1994.
Granger visitou o Brasil nos
anos 80 para participar de um
congresso de econometria. Além
de ter sido orientando de Engle,
Issler publicou dois trabalhos
com ele, em 1993 e 1995.
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