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VINICIUS TORRES FREIRE
As privatizações de Serra
Governo não pensa em vender a Sabesp e, por ora, nem a Nossa Caixa; quer manter força na Cesp. Venderia o quê?
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O GOVERNO paulista não quer
ficar sem o poder de interferir nos rumos da Cesp, segunda maior geradora de energia
elétrica do país. Isso quer dizer que
não vai vender ações? Não foi batido
o martelo. Mas o governo paulista
quer manter por meio da empresa
sua cunha no negócio da energia, o
que inclui possíveis desdobramentos no mundo do álcool. A venda de
parte da Nossa Caixa é (muita) dúvida. A Sabesp ficaria onde está.
Claro, governos "mudam de
idéia". Mas a idéia de "pacote de privatizações" não faz muito sentido,
com exceção dos planos (Cesp) e rumores antigos (Nossa Caixa) .
A fim de vender as empresas, é
preciso incluí-las no programa de
privatização (PED), por meio de lei.
Só a Cesp está no PED. Consideradas as demais empresas que entraram no pacote de avaliação lançado
pelo governo paulista, não sobra
muito para vender. Metrô e CPTM
(trens metropolitanos) seriam política e socialmente invendáveis. Em
termos comerciais, teriam sentido
se suas tarifas subissem a um preço
muito alto em termos eleitorais.
Se o governo vender mais ações da
Sabesp, perde o controle da empresa. Os planos, por ora, são de terceirizar serviços, como tratamento de
água, por meio de parcerias público-privadas, que são privatizações em
pequena escala. A empresa, aliás,
pretende ganhar mais liberdade para investir em negócios ambientais
(como limpeza), projeto embutido
no projeto de lei da Agência Reguladora de Saneamento e Energia.
Enfim, considera-se que a Sabesp
tem serviços a prestar ainda como
estatal, projetos talvez dificultados
em caso de administração puramente privada, como levar água e
esgoto para as periferias metropolitanas de São Paulo e Baixada.
Das 18 empresas a serem examinadas, a maioria dá prejuízo ou não
tem mercado ou sua venda é legalmente difícil. A avaliação deve terminar em seis meses, em ano eleitoral, ruim para anunciar privatização.
Há um caso interessante, o da Empresa Metropolitana de Águas e
Energia. A Emae tem quatro usinas
elétricas, entre elas a Henry Borden
(Cubatão). Pode ser incorporada à
Sabesp. Tem cara de ativo vendável,
embora suas tarefas não se restrinjam a produzir energia, o que é um
problema -a Emae administra parte do sistema de oferta de água e de
controle de represas, rios e enchentes na cidade de São Paulo.
Vender a Dersa? Suas estradas serão concedidas à iniciativa privada
(Ayrton Senna, Carvalho Pinto e
Dom Pedro). A empresa já dá muito
prejuízo. Sobraria o quê?
O Instituto de Pesquisas Tecnológicas dá prejuízo -talvez nem deva
dar lucro. O governo coloca cerca de
R$ 47 milhões por ano no IPT, 40%
da receita. Na CDHU, a maior parte
do dinheiro vem do ICMS. Vende
casas para gente pobre, com juros
subsidiados (até 5,5% ao ano).
Emplasa (planejamento urbano),
Prodesp (informatização) e CPOS
(faz obras como prisões e escolas e
não precisa passar por licitação)
renderiam pouco, se privatizáveis, o
que é incerto. A Cosesp, seguradora,
vai ser extinta. Oficialmente, o governo diz que pretende apenas avaliar o patrimônio, registrado com
valores ínfimos, defasados, no balanço paulista e mostrar contas em
ordem para tomar financiamentos.
vinit@uol.com.br
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