São Paulo, terça-feira, 09 de outubro de 2007

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Rodovias que vão a leilão receberam só R$ 10 mil

Valor refere-se aos gastos do governo em 2007 para a manutenção de 2.600 km

Assessoria do Dnit diz que dinheiro gasto até agosto é proporcional aos serviços feitos nos sete trechos das rodovias que serão leiloados

JOÃO CARLOS MAGALHÃES
DA AGÊNCIA FOLHA

Dados do Dnit (Departamento Nacional de Infra-Estrutura de Transportes) mostram que, até agosto deste ano, o governo gastou apenas R$ 10.284 na manutenção dos sete trechos de rodovias federais que devem ser leiloados hoje.
No ano passado inteiro, por exemplo, foram gastos R$ 62,18 milhões nos trechos -que somam 2.600 km. Em 2005, o montante executado foi de R$ 67,45 milhões.
Segundo a assessoria do órgão, o dinheiro gasto até agosto é proporcional aos serviços que essas rodovias receberam, pois os pagamentos só são feitos depois de o governo averiguar o que foi feito pelas empresas.
A má conservação das rodovias tende a elevar as propostas de tarifas apresentadas no leilão, pois implicam maiores gastos iniciais por parte das concessionárias, segundo disse à Folha Carlos Serman, superintendente de Exploração da Infra-Estrutura da Agência Nacional de Transportes Terrestres, responsável pelo pregão.
Três dos sete trechos não receberam nenhum investimento até agosto: o que vai da divisa do Rio de Janeiro com Minas Gerais até a Dutra (BR-393); o que fica entre a divisa do Rio com o Espírito Santo e a Ponte Rio-Niterói (BR-101); e a via que liga Curitiba (PR) e Florianópolis (SC), do qual fazem parte as BRs 116, 376 e 101.
Com a Fernão Dias (BR-381, que vai de São Paulo a Belo Horizonte), foram gastos apenas R$ 87,11. No final de setembro, a Folha percorreu todo o trajeto e registrou mostras de descaso, como sinalização destruída e buracos na pista.
Verba um pouco maior teve a Régis Bittencourt (a BR-116, que vai de São Paulo a Curitiba). Ela já recebeu neste ano ao menos R$ 1.204,50 para sua manutenção. De todos os trechos, o que mais recebeu pagamentos foi o da BR-153, que cruza São Paulo até a divisa do Estado com Minas: R$ 8.445.
A reportagem perguntou ontem ao Dnit a que obras específicas se referiam esses pagamentos. Não teve resposta até a conclusão desta edição. A assessoria, procurada às 15h, argumentou que não havia tempo hábil para tanto.
Apesar do pouco investimento nas rodovias até agora, há R$ 43,8 milhões empenhados para serem gastos nos trechos. O Dnit diz que deve gastar esse valor até o final do ano. Todos os contratos serão extintos quando começar a valer a concessão.
O órgão é uma autarquia federal subordinada ao Ministério dos Transportes. Ele é responsável pela execução, manutenção e operação da infra-estrutura rodoviária, ferroviária e aquaviária do país.

Envelopes
O leilão dos trechos federais, que serão os primeiros a serem concedidos durante o governo Lula, deve ocorrer hoje, a partir das 14h, na Bovespa. Segundo previsões da ANTT, as rodovias receberão R$ 20 bilhões de investimentos nos próximos 25 anos (duração da concessão).
Serão abertos os envelopes das propostas e vencerá a que oferecer a menor tarifa de pedágio. Se houver empate, o vencedor sairá por meio de sorteio.
Ao menos duas empresas confirmaram participação em todos os lotes: a Ecorodovias (que administra o sistema Anchieta-Imigrantes) e o consórcio Cibe, formado pelo frigorífico Bertin e pelo grupo Equipav, que atua em trechos na região de Sorocaba e Rio Claro.
A estatal paranaense do ramo de energia elétrica, a Copel, entregou os documentos para disputar um lote: entre Curitiba e Florianópolis.


Colaborou a Sucursal de Brasília


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