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Brasil está entre países mais estáveis em finanças
Mas avaliação segue ruim nos quesitos impostos e custos
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
Um estudo do Fórum Econômico Mundial que capta os
efeitos da crise coloca o Brasil
entre os 15 países mais financeiramente estáveis e como o
primeiro no que diz respeito à
supervisão do sistema por uma
autoridade central. O país vai
bem ainda em vulnerabilidade
externa e exposição ao dólar.
Mas no ranking geral do Relatório de Desenvolvimento Financeiro, divulgado ontem em
Genebra e Nova York, o Brasil é
apenas o 34º dos 55 analisados,
embora tenha avançado seis
postos. Com nota baixa em estabilidade do sistema, os Estados Unidos perderam a liderança para o Reino Unido e ficaram ainda atrás da Austrália.
O documento -coproduzido
pelo economista Nouriel Roubini, um dos que previram a crise- mostra que a vantagem dos
países desenvolvidos no setor
aos poucos recua, especialmente afetada pela crise.
"Os países em desenvolvimento deram uma demonstração relativamente forte de estabilidade financeira", diz em comunicado Roubini, professor
da Universidade de Nova York.
"Para alguns, é o resultado de
ter aprendido com erros cometidos em crises passadas. Para
outros pode refletir a relativa
falta de complexidade e de integração de seus sistemas."
Além do Brasil, entre os países em desenvolvimento, o Chile (4º) e o México (14º) aparecem bem em termos de estabilidade financeira. Os primeiros
lugares ficam com a Noruega, a
Suíça e Hong Kong.
Fatores negativos
Mas o relatório afirma que,
apesar de a estabilidade do sistema bancário e a estabilidade
cambial terem feito o país galgar posições, a colocação do
Brasil foi afetada negativamente por fatores como um ambiente institucional frágil e
marcos reguladores débeis (o
país ficou em 49º lugar aí).
Um ambiente de negócios
marcado por uma sistema de
coleta de impostos que é o pior
entre os países avaliados, além
de um alto custo para fazer negócios e um capital humano
menos desenvolvido do que a
média, também pesam contra.
O cenário se repete em outros países em desenvolvimento. "Uma explicação possível é
que as grandes corporações em
países desenvolvidos podem
acessar os mercados globais,
mas o mesmo não é válido para
os pequenos negócios", escreve
James Bilodeau, coautor do estudo e chefe para Mercados
Emergentes do Fórum Econômico Mundial.
O relatório, o segundo da série, foi feito com base em 120
variáveis que vão do ambiente
para negócios à profundidade
do mercado, passando pela percepção de corrupção e a infraestrutura. Os dados foram
obtidos de pesquisas feitas pelo
Fórum e do Banco Mundial.
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