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Acer volta a fabricar notebooks no Brasil
Gigante taiwanesa retoma produção no país depois de 15 anos; meta é expandir sua participação em vendas no varejo
Executivo dos EUA comandará operação da empresa no Brasil, enquanto Ingram fará distribuição dos produtos
JULIO WIZIACK
DA REPORTAGEM LOCAL
Quinze anos após sua saída
do Brasil, a taiwanesa Acer volta a se instalar no país. Conhecida por seus notebooks e netbooks, a fabricante já está produzindo seus equipamentos no
país e fechou um acordo de distribuição com a americana Ingram Micro, líder nesse tipo de
negócio no mercado brasileiro.
Agora, seus produtos poderão desfrutar dos benefícios fiscais concedidos aos demais
concorrentes no Brasil e estarão presentes nos principais
varejistas. Ao todo são 10 mil
revendas associadas à Ingram
Micro. Os pedidos já podem ser
feitos e os produtos são os mesmos disponíveis no exterior.
O responsável pela empresa
no país é o gerente-geral da
Acer nos EUA, Mark Hill. Por
enquanto, ele deve acumular
funções até que a operação esteja devidamente consolidada.
O executivo Drew Goldman
também está à frente da operação brasileira. A Folha tentou
entrevistá-los, mas eles não
responderam até o fechamento
desta edição.
Fundada em 1976, a Acer se
consolidou no mercado mundial ao adquirir a concorrente
americana Gateway por US$
710 milhões, em 2007. O negócio foi uma jogada estratégica
porque a Gateway tinha preferência de compra na companhia americana Packard Bell,
caso ela estivesse à venda. Naquele mesmo ano, a chinesa
Lenovo fez uma proposta.
Resultado: por ter comprado
a Gateway, a Acer acabou adquirindo 75% da Packard Bell e
ultrapassou a Lenovo na venda
de PCs e notebooks, em 2008.
Hoje ela é a terceira maior do
ramo, perdendo para HP e Dell.
No Brasil, a história da Acer é
cercada de lendas e curiosidades. Uma delas é a de que a
companhia teria deixado o Brasil, em meados da década de
1990, porque não conseguiu
vender PCs em quantidade suficiente para receber incentivos fiscais do governo. Obrigada a pagar a diferença, ela teria
decidido deixar o país. A Acer
desmente essa versão e afirma
que saiu do Brasil por motivos
operacionais.
Desde sua saída, ela passou a
atuar no país por meio de distribuidores regionais, que passaram a vender notebooks e
netbooks importados. Em pouco tempo, a Acer despontou entre os líderes desse ramo.
No segundo trimestre de
2009, sua participação chegou
a 8,3%, aproximando-se da HP,
que possui fábrica e uma estrutura comercial de grande porte.
Hoje a Acer possui apenas cinco distribuidores.
A Folha apurou que a entrada ilegal dos equipamentos da
Acer no Brasil é o que explica
esse resultado. Nos últimos
anos, a Acer ganhou mercado
porque revendedores no Paraguai importavam seus notebooks, que, depois, eram trazidos ao Brasil sem pagar os devidos impostos. Essa prática resultou em preços até 35% menores que os mais baixos do
mercado. Com a política do governo Lula de redução de impostos sobre produtos de informática e a crescente oferta de
crédito no país pelo varejo e
por distribuidores, os computadores trazidos do Paraguai
perderam competitividade.
"Mesmo em endereços conhecidos pela venda de artigos
de origem duvidosa, já não se
encontram produtos mais baratos que os das redes varejistas," diz José Martim Juacida,
analista do IDC (International
Data Corporation). "Produzir
aqui ficou mais interessante."
Em parte, é isso o que explica
a chegada da Acer ao Brasil.
"Posso garantir que eles têm
um plano sério, e não entraríamos nesse negócio se fosse diferente", diz Marcelo Medeiros, presidente da Ingram Micro no Brasil. Segundo Medeiros, o objetivo da Acer é conseguir ampliar seu volume de
vendas, atingindo as principais
redes varejistas do país.
Outro motivo é o próprio
crescimento da economia brasileira e as perspectivas de venda de notebooks e netbooks.
"Todos estudam vir para o Brasil", diz Ivair Rodrigues, da IT
Data. Estima-se que em cinco
anos, no máximo, eles ultrapassarão os PCs. Sinal desse vigor, a chinesa Lenovo tentou
adquirir a líder nacional Positivo no final do ano passado.
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