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Aracruz vende ativos para grupo chileno
Valor da transação chega a US$ 1,43 bi; operação faz parte de plano mais longo para reequilibrar finanças
AGNALDO BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
A Aracruz Celulose, uma das
companhias brasileiras mais
prejudicadas com operações
malsucedidas em derivativos
cambiais, oficializou ontem a
venda dos projetos de expansão
e da unidade de produção de
papel e celulose de Guaíba (RS)
para o grupo chileno CMPC.
O valor da transação alcançou US$ 1,43 bilhão, que será
pago em duas vezes: a primeira,
de US$ 1 bilhão, até 15 de dezembro, e a segunda, 45 dias
depois.
Além da fábrica de Guaíba,
com capacidade para produção
anual de 450 mil toneladas de
celulose e 60 mil toneladas de
papel, a Aracruz vendeu também uma área de 212 mil hectares (incluídos 32 mil hectares
arrendados para plantio de floresta), além das licenças e autorizações já recebidas para a expansão da fábrica de celulose
em mais 1,3 milhão de toneladas. Depois da crise enfrentada
pela companhia, a Aracruz suspendeu todos os projetos de
Guaíba.
A Aracruz, comprada pela
VCP (Votorantim Celulose e
Papel) e pelo BNDES (Banco
Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social) -e que
agora integra a Fibria-, enfrentou uma crise sem precedentes no ano passado. Inundada com os chamados derivativos cambiais (operações financeiras que apostavam na
valorização do real), a empresa
quase quebrou quando houve a
desvalorização do real, o que
obrigou a empresa a converter
os contratos das operações de
derivativos cambiais em dívidas que foram assumidas no
balanço.
Segundo Marcos Grodetzky,
diretor de relações com investidores da Fibria, a venda da unidade e dos projetos de Guaíba é
parte da operação mais ampla
de reequilíbrio das finanças da
companhia. Até o fim deste
mês, a Fibria anunciará a renegociação de uma dívida no valor
total de US$ 1,75 bilhão, parte
dela relacionada à troca dos
contratos de derivativos cambiais por dívida.
Não deixa de ser uma operação contraditória se considerado o apoio dado pelo BNDES
para a formação da Fibria, uma
megaprodutora mundial de celulose. O banco tem 34,9% da
companhia. A justificativa é o
saneamento do balanço da empresa, para futura expansão,
cuja meta é atingir 9 milhões de
toneladas de celulose até 2020,
o que inclui a expansão da Veracel, algo que ainda precisa ser
discutido com a sócia Stora Enso. Há também planos para
mais duas fábricas de celulose,
que, somadas, produziriam 3
milhões de toneladas por ano.
O anuncio da venda, segundo
Grodetzky, é parte de uma operação mais ampla, que inclui
alongar o prazo de pagamento
das dívidas, distribuindo-as em
horizontes de cinco, sete e até
dez anos. Além disso, a companhia pretende obter posição
mais confortável em relação à
geração de caixa, necessária ao
pagamento das dívidas. "Com
essas medidas, nós conseguiremos adequar a estrutura de capital e o perfil da dívida. E isso
cria as condições para retomar
os projetos de expansão e distribuição de dividendos", disse
Grodetzky.
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