São Paulo, Terça-feira, 09 de Novembro de 1999
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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Com o fim do acordo emergencial, diminui 17,3% a entrega de veículos das montadoras
Sem apoio, venda de carro despenca

FÁBIA PRATES
em São Paulo

No primeiro mês sem o acordo emergencial do setor automotivo, as vendas de veículos no atacado caíram 17,3%. Em outubro, as montadoras venderam para as concessionárias 92.500 unidades, um dos piores resultados do ano.
A forte retração do mercado deveu-se ao fim dos incentivos para o setor, com o consequente aumento de preços dos veículos.
As informações foram antecipadas ontem pelo vice-presidente de Vendas e Marketing da Volkswagen, Miguel Barone.
Os números oficiais serão divulgados hoje pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores).
O resultado do mês passado só não é pior que os de janeiro (74,8 mil unidades), fevereiro (36,3 mil) e junho (92,3 mil).

O que foi o acordo
De março a setembro deste ano, a indústria automotiva contou com incentivos governamentais para evitar queda drástica no mercado.
As montadoras pagavam IPI reduzido sobre os populares (de 10% caiu para 8% e depois, 7%) e sobre os médios (de 25% a 30% para 18% e 20%).
Em contrapartida aos incentivos, as montadoras se comprometeram a manter os empregos até 30 de novembro.
A garantia de manutenção dos empregos foi uma das cláusulas que, segundo o governo, motivaram a renovação do acordo até o final de setembro e a não continuidade dele a partir de então.
No início de outubro, as montadoras anunciaram reajustes superiores a 10%, o que deixou o preço dos chamados carros populares (os mais vendidos) na casa dos R$ 15.000.
No final de setembro, antes de o reajuste entrar em vigor e quando os incentivos sobre o IPI ainda valiam, as concessionárias registraram aumento de vendas. Naquele mês, as vendas haviam crescido 2,14% sobre agosto.
Hoje, o presidente da Anfavea, José Carlos Pinheiro Neto, detalhará o desempenho do setor no mês passado.
Até setembro, o acumulado de vendas do setor era de 843.503 unidades, resultado que já era 12,99% ao do mesmo período do ano passado.

Ganho no ano
Apesar de ser um dos piores do ano, o resultado do mês passado supera outubro de 98, quando foram vendidas 79.100 unidades. Com o resultado do mês passado, as vendas no acumulado do ano ainda ficam inferiores às do mesmo período do ano passado. Nos dez primeiros meses de 98 foram vendidas 1.045 unidades.
A Anfavea trabalha com previsão de fechar o ano com vendas de 1,250 milhão de unidades e produção de 1,4 milhão.

Volks tem queda menor
Segundo Miguel Barone, a queda da Volkswagen teria ficado em torno de 15%, menor do que a média geral.
A empresa vendeu 24.000 unidades, o que representa participação de 32% no resultado geral. No acumulado do ano, a participação da empresa no mercado automotivo está em 31,2%.
O vice-presidente da montadora acredita que em novembro e dezembro, as vendas tenham ligeira recuperação, entre 5% e 6%.
O que estimulará o incremento, de acordo com ele, será a queda nos juros e a injeção de dinheiro no mercado, com o pagamento do 13º salário.
Apesar de só anunciar os números oficialmente hoje, o presidente da Anfavea, informou ontem que as vendas tiveram um desempenho normal até o dia 20 de outubro, que seria consequência dos estoques com preços antigos disponíveis nas concessionárias.
A partir daí, com os preços reajustados, as vendas teriam caído, mas ele não informou quanto.



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