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INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA
Com o fim do acordo emergencial, diminui 17,3% a entrega de veículos das montadoras
Sem apoio, venda de carro despenca
FÁBIA PRATES
em São Paulo
No primeiro mês sem o acordo
emergencial do setor automotivo,
as vendas de veículos no atacado
caíram 17,3%. Em outubro, as
montadoras venderam para as
concessionárias 92.500 unidades,
um dos piores resultados do ano.
A forte retração do mercado deveu-se ao fim dos incentivos para
o setor, com o consequente aumento de preços dos veículos.
As informações foram antecipadas ontem pelo vice-presidente de
Vendas e Marketing da Volkswagen, Miguel Barone.
Os números oficiais serão divulgados hoje pela Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de
Veículos Automotores).
O resultado do mês passado só
não é pior que os de janeiro (74,8
mil unidades), fevereiro (36,3 mil)
e junho (92,3 mil).
O que foi o acordo
De março a setembro deste ano,
a indústria automotiva contou
com incentivos governamentais
para evitar queda drástica no
mercado.
As montadoras pagavam IPI reduzido sobre os populares (de
10% caiu para 8% e depois, 7%) e
sobre os médios (de 25% a 30%
para 18% e 20%).
Em contrapartida aos incentivos, as montadoras se comprometeram a manter os empregos
até 30 de novembro.
A garantia de manutenção dos
empregos foi uma das cláusulas
que, segundo o governo, motivaram a renovação do acordo até o
final de setembro e a não continuidade dele a partir de então.
No início de outubro, as montadoras anunciaram reajustes superiores a 10%, o que deixou o preço
dos chamados carros populares
(os mais vendidos) na casa dos R$
15.000.
No final de setembro, antes de o
reajuste entrar em vigor e quando
os incentivos sobre o IPI ainda valiam, as concessionárias registraram aumento de vendas. Naquele
mês, as vendas haviam crescido
2,14% sobre agosto.
Hoje, o presidente da Anfavea,
José Carlos Pinheiro Neto, detalhará o desempenho do setor no
mês passado.
Até setembro, o acumulado de
vendas do setor era de 843.503
unidades, resultado que já era
12,99% ao do mesmo período do
ano passado.
Ganho no ano
Apesar de ser um dos piores do
ano, o resultado do mês passado
supera outubro de 98, quando foram vendidas 79.100 unidades.
Com o resultado do mês passado,
as vendas no acumulado do ano
ainda ficam inferiores às do mesmo período do ano passado. Nos
dez primeiros meses de 98 foram
vendidas 1.045 unidades.
A Anfavea trabalha com previsão de fechar o ano com vendas
de 1,250 milhão de unidades e
produção de 1,4 milhão.
Volks tem queda menor
Segundo Miguel Barone, a queda da Volkswagen teria ficado em
torno de 15%, menor do que a
média geral.
A empresa vendeu 24.000 unidades, o que representa participação de 32% no resultado geral. No
acumulado do ano, a participação
da empresa no mercado automotivo está em 31,2%.
O vice-presidente da montadora acredita que em novembro e
dezembro, as vendas tenham ligeira recuperação, entre 5% e 6%.
O que estimulará o incremento,
de acordo com ele, será a queda
nos juros e a injeção de dinheiro
no mercado, com o pagamento
do 13º salário.
Apesar de só anunciar os números oficialmente hoje, o presidente da Anfavea, informou ontem
que as vendas tiveram um desempenho normal até o dia 20 de outubro, que seria consequência dos
estoques com preços antigos disponíveis nas concessionárias.
A partir daí, com os preços reajustados, as vendas teriam caído,
mas ele não informou quanto.
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