|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LUÍS NASSIF
O caso Telesp
A novela em torno da unificação das ações da Telesp pode ser
entendida a partir do seguinte roteiro.
* A Telesp Participações S/A é
uma empresa de capital aberto,
com ações negociadas na Bolsa de
Nova York. Seu único ativo são
ações da Telesp S/A (Telecomunicações de São Paulo S/A.
* Já a Telesp S/A é a operadora
dos serviços de telefonia de São
Paulo e controladora da CTBC
(Companhia Telefônica da Borda
do Campo), que opera na região
do ABC. A Telesp tem parte de
suas ações de propriedade da Telesp Participações (justamente o
bloco de controle) e outra parte
negociada nas Bolsas brasileiras,
assim como a CTBC.
* A SPT Participações S/A é
uma holding que foi montada pela Telefónica de España para participar da privatização das telecomunicações. A SPT adquiriu o
controle da Telesp Participações
e, por tabela, o da Telesp propriamente dita.
Após a mudança da política
cambial, as ações da Telesp Participações -negociadas em Nova
York- passaram a ter maior
procura por parte dos investidores estrangeiros do que as ações
de sua controlada, a Telesp. Isso
gerou um ágio da Participações
em relação à empresa operacional.
No caso das ações ordinárias
(com direito a voto) o ágio não foi
tão alto, porque a Telefónica
aproveitou a oportunidade para
comprar mais ações e aumentar
sua participação no controle da
companhia. O ágio foi elevado
-chegou a 40%- no caso das
ações preferenciais (sem direito a
voto).
Com a volta da confiança e do
dinheiro externo, a diferença de
cotações começou a diminuir.
Nesse momento, os controladores
da Telesp Participações propuseram uma reorganização societária pela qual a Telesp incorpora a
CTBC e é posteriormente incorporada pela Telesp Participações. A
reorganização já era esperada. O
que surpreendeu foram os critérios de avaliação das empresas
envolvidas no negócio. Em vez de
avaliar todas as companhias por
um mesmo critério, os controladores estão propondo dois passos:
1) na incorporação da CTBC pela Telesp, ambas serão avaliadas
por seu valor patrimonial;
2) na incorporação da Telesp
pela Telesp Participações, ambas
serão avaliadas de acordo com
suas cotações em Bolsa pela média dos últimos 60 dias -período
em que houve uma trajetória de
alta, devido ao próprio anúncio
da reestruturação. Com isso, os
controladores se valeriam da diferença momentânea na cotação
das ações para valorizar sua participação na holding, em relação
aos acionistas minoritários e, especialmente, aos acionistas preferenciais.
Caso a reestruturação seja
aprovada, a participação dos
controladores no capital total da
Telesp aumentará de 12,94% para 14,24%, sem precisar desembolsar um tostão. A diluição da
participação dos minoritários será de aproximadamente R$ 800
milhões.
Além disso, os controladores esperam transferir para a Telesp o
crédito tributário que detém devido ao ágio pago no leilão de privatização. O ganho será tão
maior quanto maior for o lucro
da companhia. Só que -reclamam os minoritários- nos últimos tempos os lucros da Telesp
reduziram-se abaixo das expectativas do mercado, em virtude da
terceirização de serviços para empresas de propriedade dos próprios acionistas controladores.
Caso os acionistas controladores
tragam o crédito tributário para
a empresa, aumentarão sua participação para 20,6%, novamente
em detrimento da participação
dos minoritários.
Concordata Brasil
1) Nesta semana o Banco Central inicia reuniões com a Febraban (Federação Brasileira das
Associações de Bancos) para discutir especificamente a questão
da renegociação dos passivos de
clientes e redução dos "spreads"
bancários.
2) O governo reeditou a medida
provisória do Refis (Programa de
Refinanciamento dos Passivos
Fiscais). Se não houver mudança
na questão do lucro presumido e
nas garantias, o programa vai
pegar não mais que meia dúzia
de empresas.
E-mail: lnassif@uol.com.br
Texto Anterior: Combustível: Rio planeja o primeiro pólo gás-químico Próximo Texto: Combustível: Governo pode leiloar álcool para o preço cair Índice
|