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Para mercado, taxas vão a 18,5%
MARCELO DIEGO
da Reportagem Local
Analistas do mercado financeiro acreditam que o governo irá reduzir os juros básicos em até 0,5
ponto percentual amanhã. Atualmente os juros diários projetam
19% ao ano.
A Selic (média das operações de
um dia vinculadas a títulos públicos federais) é conhecida como
taxa básica porque tem forte influência sobre os juros de toda a
economia.
A projeção mais forte é que ela
caia para 18,5% amanhã e feche o
ano em 18%.
Analistas, porém, não descartam que o governo opte por reduzir em apenas 0,25 ponto percentual.
A manutenção da taxa ou uma
subida dos juros é considerada
improvável. Nas operações interbancárias (entre bancos), o juro
negociado já está na casa de 18,7%
ao ano.
A decisão sobre o futuro da taxa
de juros acontecerá amanhã, em
Brasília, na reunião mensal do
Copom (Comitê de Política Monetária), formado por diretores
do Banco Central.
Desde 22 de setembro, os juros
não são alterados. Na última reunião, em 6 de outubro, o Copom
decidiu não mexer na taxa, mas
mudar a tendência dos juros, passando-a de neutra para a de baixa.
O BC poderia reduzir os juros
em qualquer momento do mês.
Como o mercado financeiro sofreu grande turbulência em outubro, a taxa não foi mexida.
Para o economista-chefe do
Banco Santos, Rogério Mori, a situação é diferente agora. A recente flexibilização da meta do FMI
(Fundo Monetário Internacional)
para as reservas líquidas internacionais ampliou o poder de intervenção do BC no mercado. A medida conteve a cotação do dólar,
que recuou do valor de R$ 2,00
para R$ 1,92 em média.
O dólar alto tende a provocar
pressão inflacionária. O BC já sinalizou que usa a taxa de juros como mecanismo de controle para
cumprir a meta inflacionária
-que prevê taxa de 6% a 10%
acumulada neste ano.
Segundo Mori, a previsão é que
a inflação seja menor em novembro, o que permite uma redução
dos juros. A queda seria "conservadora", entre 0,25 e 0,50 ponto
percentual.
"No mercado, a Selic já está em
18,75%. Por isso, o corte deve ser
um pouco mais", disse Joaquim
Paulo Kokudai, diretor de renda
fixa do Lloyds Bank.
Para ele, uma conjunção de fatores explicaria a possibilidade do
corte. "Baseado no recuo da cotação do dólar, nos indicativos de
que a inflação vai ficar contida, na
tranquilidade do cenário externo
e na melhora de cotação dos títulos do Brasil no exterior, não dá
para acreditar que não haverá
uma redução", afirmou.
Dívida pública
Para José Cândido de Melo, gerente de câmbio e renda fixa do
Banco Tendência, uma queda nos
juros seria favorável ao governo,
por diminuir a remuneração paga
nos títulos da dívida pública.
A maior parte da dívida do governo é pós-fixada. Queda nos juros significa menos dinheiro pago
aos portadores dos papéis.
"A verdade é que a taxa de juros
continua alta no país, havendo espaço para queda", afirmou Melo.
Ele, entretanto, não acredita em
reduções impactantes até o fim do
ano. "O máximo que vão conseguir é a de 18%. A situação não está tão confortável para pensar em
queda maior", disse.
Desde março, já houve 11 quedas nos juros, que chegaram a alcançar 45% ao ano.
"A medida correta seria uma taxa mais discreta agora, mantendo
o "viés de baixa". As autoridades
iriam sinalizar, tecnicamente, que
estão atentas com um repasse de
preços por causa do repique inflacionário", disse Carlos Aírton
Biasetto, diretor administrativo
do Hexabanco.
"Se o dólar se acomodar, se as
pressões refluírem, o governo estaria apto a fazer uma redução
mais significativa em dezembro,
entrando no ano 2000 com sua
nova política de administração e
podendo negociar a mudança da
dívida pública", afirmou Biasetto.
Para ele, a queda para 18,5% já
poderia ser qualificada de "discreta".
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