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Parecer vai pedir a venda de fábricas
ISABEL VERSIANI
da Sucursal de Brasília
A Seae (Secretaria de Acompanhamento Econômico) divulgará
na quinta-feira o seu parecer sobre o processo de fusão da Brahma com a Antarctica, que resultou na criação da empresa AmBev.
A Folha apurou que a secretaria
deverá opinar pela aprovação do
ato, mas com a imposição de condições, como a venda de fábricas.
O objetivo seria anular eventuais
prejuízos que a concentração pudesse provocar à concorrência no
mercado de bebidas.
O processo AmBev ainda terá
de passar pela análise da SDE (Secretaria de Direito Econômico) e
do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica), responsável pelo julgamento final do
caso.
A expectativa da AmBev é que o
caso seja julgado ainda este ano. O
governo, entretanto, não confirma essa possibilidade.
Pela legislação, a SDE tem 30
dias úteis para divulgar o seu parecer. Depois desse prazo, o Cade
tem outros 60 dias para julgar o
processo. Esses prazos são suspensos sempre que um dos órgãos pede informações às empresas.
Maior caso
Considerando que o processo
da AmBev é um dos maiores casos que já passaram pelos órgãos
de defesa da concorrência, é provável que os dois órgãos queiram
solicitar mais dados para as empresas e esgotar os prazos limites
a que têm direito.
Juntas, Brahma e Antarctica detêm mais de 70% do mercado de
cervejas no país.
A AmBev está dependendo da
aprovação da fusão para levar
adiante sua parceria com a PepsiCo para a venda do Guaraná Antarctica no exterior. As duas empresas já anunciaram que querem
começar a distribuir o refrigerante em maio, antes do início do verão no hemisfério norte.
A AmBev também está impedida de concluir a reestruturação
que iniciou depois do anúncio da
fusão.
É que, em julho, o Cade aprovou uma medida cautelar proibindo as empresas de tomarem
qualquer medida conjunta que
fosse considerada economicamente irreversível até o julgamento do processo.
Na prática, Brahma e Antarctica
ficaram temporariamente proibidas de desativar fábricas, demitir
pessoal como estratégia da integração ou unificar suas estruturas
administrativas ou de distribuição até o julgamento do processo.
Kaiser
A Kaiser, principal concorrente
da AmBev, tem, por outro lado,
interesse no atraso do julgamento
da fusão. A empresa teme ser prejudicada pelos efeitos que a fusão
terá sobre o mercado.
No final do mês passado, representantes da Kaiser reivindicaram
ao presidente Fernando Henrique
Cardoso um adiamento do anúncio do parecer da Seae. A empresa
argumentou que queria encaminhar à secretaria o resultado de
uma pesquisa de opinião sobre a
fusão.
O pedido da Kaiser não foi atendido, mas a SDE anunciou que
poderá incorporar os resultados
da pesquisa em suas análises.
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