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País entra na elite do petróleo, diz governo
Segundo Dilma, descoberta pode levar Brasil a se tornar exportador e integrar o grupo dos dez maiores produtores
Extração comercial pode ocorrer em sete anos; governo retira de licitação 41 blocos de exploração perto da área descoberta
JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO
A confirmação de uma descoberta de grande reserva de petróleo e gás na bacia de Santos
eleva o Brasil para a elite mundial dos produtores, na avaliação do governo federal.
A ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, afirmou
que os testes já realizados indicam que o país poderá se tornar
exportador de petróleo e dispor
de volume de óleo similar ao
dos dez maiores produtores
mundiais. Hoje, o país é o 24º
produtor de petróleo e gás.
Segundo a Petrobras, o campo de Tupi, na bacia de Santos,
tem um volume estimado de 5
bilhões a 8 bilhões de barris de
petróleo e gás natural. O volume pode representar até 60%
das reservas atuais, de 14,4 bilhões de barris de óleo equivalente (petróleo e gás).
O anúncio fez com que as
ações da Petrobras subissem
14% ontem, elevando seu valor
de mercado em US$ 28 bilhões
num único dia, chegando a um
valor total de US$ 221,9 bilhões, passando gigantes americanas como o Google e o Bank
of America, um dos maiores
bancos do planeta.
A exploração experimental
do campo pode ocorrer a partir
de 2010 ou 2011 com 100 mil
barris por dia, e a comercial,
talvez, em 2014.
O anúncio ocorre após a crise
no abastecimento de gás ter
elevado temores de um apagão
energético no país e num momento de forte aumento da demanda global por energia, que
levou o barril de petróleo a
atingir quase US$ 100.
Em razão da descoberta, o
governo anunciou a exclusão
da 9ª Rodada de Licitações de
41 blocos de exploração vizinhos ao local da grande reserva
no leilão do final do mês.
A exclusão foi anunciada ontem, após reunião do CNPE
(Conselho Nacional de Política
Energética), na sede da Petrobras, no Rio, que contou com a
participação do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva e sete
ministros de Estado.
Lula não participou do anúncio público da confirmação da
descoberta. Coube à ministra
Dilma Rousseff -apontada como possível candidata do PT à
Presidência em 2010- capitalizar a boa notícia e dar o tom nacionalista da cerimônia, ofuscando o ministro interino Nelson Hubner (Minas e Energia).
Rousseff afirmou que a decisão do governo de excluir áreas
próximas da reserva tinha como foco a preservação do interesse nacional e negou que a
atitude tenha um viés estatizante. Segundo ela, não há motivo para comparar a decisão do
governo com as ações de nacionalização de reservas de países
vizinhos, como a Bolívia.
Com base na descoberta
anunciada ontem e outros testes, existem indicações de que
há muito mais petróleo e gás do
que se estima atualmente.
"Esse campo é uma das indicações mais fortes de que, além
dele, existem vários outros
campos numa área de 800 quilômetros com 200 quilômetros
de largura", afirmou Rousseff.
A área vai do litoral do Estado
do Espírito Santo até Santa Catarina.
Ganho tecnológico
A descoberta pode trazer
também ganho tecnológico
porque se encontra na chamada camada pré-sal, em profundidades maiores que as vigentes. Para explorá-la, serão necessários mais investimentos e
tecnologia. Segundo a Petrobras, o petróleo abaixo da camada de sal é de boa qualidade,
óleo leve de maior valor comercial. "O que nós descobrimos é
que abaixo da camada de sal havia um volume significativo de
petróleo aprisionado", afirmou
o presidente da Petrobras, José
Sergio Gabrielli.
A Petrobras, isolada ou em
parcerias, perfurou 15 poços e
testou oito deles na área pré-sal, entre 5.000 e 7.000 metros
de profundidade.
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