Confirmação de descoberta de reserva de petróleo eleva valor de mercado da estatal para US$ 221,9 bi, à frente do Google e do BofA

Comentários de Bernanke sobre economia dos EUA afetam mercados; com valorização da Petrobras, Bovespa avança 0,1%

DA REPORTAGEM LOCAL

As ações da Petrobras evitaram que a Bolsa de Valores de São Paulo encerrasse o pregão de ontem no vermelho. Embaladas pela confirmação de uma descoberta de grande reserva de petróleo e gás na bacia de Santos, as ações da petrolífera dispararam -14,45% as ordinárias e 14,16% as preferenciais- e lideraram as altas do índice Ibovespa.
A alta de ontem elevou o valor de mercado da Petrobras em US$ 28,3 bilhões, segundo a Economática. Isso coloca a empresa como a quinta maior das Américas em valor de mercado, com US$ 221,9 bilhões, à frente de gigantes como Google e BofA (Bank of America).
Assim, a Bovespa conseguiu se isolar do mau desempenho do mercado internacional e subiu 0,1%. Comentários de Ben Bernanke, presidente do Fed (o BC dos EUA), pioraram o humor dos mercados (leia abaixo), em um dia em que perspectivas corporativas ruins já prejudicavam as Bolsas.
"As ações da Petrobras seguraram a Bolsa", diz Álvaro Bandeira, diretor da corretora Ágora. "O anúncio feito foi importante para a reavaliação, para maior, do valor de mercado da companhia", afirma.
Quase 40% das operações realizadas na Bolsa de Valores de São Paulo ontem ficaram com as ações da Petrobras. Foram negociados ontem na Bolsa mais de R$ 10 bilhões. Em outubro, mês mais movimentado da Bovespa na história, a média diária ficou em R$ 6,7 bilhões. Ontem, a Bolsa bateu seu recorde de negócios feitos em um pregão regular, com 309,9 mil operações.
O dólar teve elevação de 0,17%, a R$ 1,743.

Nos EUA
Em Nova York, o dia foi de queda de 0,25% no índice Dow Jones. A Bolsa eletrônica Nasdaq teve um dia bem pior, com queda de 1,92%. As perdas registradas pelas ações da Cisco Systems, de 9,5%, pesaram no dia. A empresa informou que houve queda em seus pedidos de compra. Na esteira da Cisco, ações de outras empresas tecnológicas tiveram perdas pesadas ontem: IBM recuou 4,5%, Intel se depreciou em 3,5%, e Yahoo teve baixa de 3,4%.
Bernanke elevou a preocupação do mercado em relação ao temor de que a crise originada no setor de crédito imobiliário americano ainda produzirá impactos negativos na economia. O presidente do BC americano se mostrou preocupado tanto com os índices de inflação quanto com o desempenho da maior economia do mundo.
O mercado acionário asiático também teve um dia negativo, com quedas de 2,02% em Tóquio e de 3,19% em Hong Kong.
O cenário desfavorável para o mercado levou as projeções dos contratos de juros a subirem na BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), principalmente nos vencimentos mais longos.
A taxa no contrato DI (Depósito Interfinanceiro) com vencimento no fim de 2008, um dos mais negociados, subiu de 11,51% para 11,59%.
Essas elevações nas taxas futuras -na terça, esse contrato tinha taxa de 11,40%- apontam que os investidores estão cada vez mais pessimistas em relação à possibilidade de a taxa básica de juros voltar a ser cortada pelo Copom.
Em sua última reunião, realizada em outubro, o Copom decidiu manter a taxa básica da economia brasileira em 11,25%.
(FABRICIO VIEIRA)


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