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Dono da OceanAir diz que empresa pode equilibrar "duopólio" nos próximos anos
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
O Ministério da Defesa avalia
que a OceanAir poderá crescer
nos próximos anos e se tornar
um fator de equilíbrio no setor
aéreo, hoje concentrado no
"duopólio" TAM-Gol. Já o mercado de aviação não acredita
que a empresa tenha fôlego.
O empresário German Efromovich, da OceanAir, disse que
a empresa está se equipando
para ir dos atuais 2,6% do mercado doméstico (dados da Defesa em setembro) a 15% nos
próximos três anos, avançando
no mercado externo. Hoje, voa
para o México e aguarda autorização para voar para Buenos
Aires e Luanda, em Angola.
Segundo Efromovich, a empresa vai anunciar nos próximos dias a compra de 30 novos
aviões, com entrega prevista
entre 2008 e 2012, além de cinco outros que chegam até janeiro: três Fokker e dois Boeing.
"Nossa ambição é palpável",
disse ele ontem, irritado com a
descrença de parte do mercado
sobre a capacidade de crescimento da OceanAir. O empresário atribuiu a descrença ao
"duopólio" e rejeitou as medidas em discussão para o setor,
como aumento do capital estrangeiro e fiscalização financeira por parte da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Segundo ele, boa parte da
responsabilidade pelo caos aéreo prolongado no país se deve
a uma falta de marco regulatório claro e transparente. "Falta
gestão, disciplina, comando."
Para o empresário, o limite
legal de 20% para o capital estrangeiro nas companhias aéreas é uma ficção: "Quem acreditou que a Varig estava recuperada, e ainda por cima com
capital nacional, quer que 200
milhões de brasileiros usem
narizinho de palhaço", disse
ele, que nasceu na Bolívia há 57
anos, mora no Brasil desde
1964 e naturalizou-se brasileiro quatro anos depois.
A BRA, que parou de voar
nesta semana, demitindo 1.100
funcionários e lesando cerca de
70 mil passageiros, é, segundo
ele, uma empresa com capital
majoritariamente externo, de
bancos de investimentos.
Quanto à idéia de cassar a
concessão de empresas com
patrimônio líquido negativo,
discutida informalmente na
Anac, Efromovich considerou
"utopia": "Os balanços às vezes
são maravilhosos. A própria
BRA teve injeção de mais de
US$ 100 milhões. E daí? Um
dia, um sócio briga, o outro cansa e pronto. Acaba", disse.
Outra proposta contra o
"duopólio" seria a abertura
parcial do mercado doméstico
a empresas estrangeiras. "Vamos entregar nosso estratégico
para eles? Só se entregarem o
deles para nós. Eles criam aqui,
eu crio em Washington. Aí pode. Se não, não pode", ironizou.
Com 1.400 funcionários, a
OceanAir integra o grupo
Synergy, com faturamento de
US$ 3,7 bilhões ao ano e tem,
entre outros, os estaleiros
Mauá e Eisa no Brasil e a Avianca, empresa aérea da Colômbia.
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