São Paulo, sexta-feira, 09 de novembro de 2007

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Dono da OceanAir diz que empresa pode equilibrar "duopólio" nos próximos anos

ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA

O Ministério da Defesa avalia que a OceanAir poderá crescer nos próximos anos e se tornar um fator de equilíbrio no setor aéreo, hoje concentrado no "duopólio" TAM-Gol. Já o mercado de aviação não acredita que a empresa tenha fôlego.
O empresário German Efromovich, da OceanAir, disse que a empresa está se equipando para ir dos atuais 2,6% do mercado doméstico (dados da Defesa em setembro) a 15% nos próximos três anos, avançando no mercado externo. Hoje, voa para o México e aguarda autorização para voar para Buenos Aires e Luanda, em Angola.
Segundo Efromovich, a empresa vai anunciar nos próximos dias a compra de 30 novos aviões, com entrega prevista entre 2008 e 2012, além de cinco outros que chegam até janeiro: três Fokker e dois Boeing.
"Nossa ambição é palpável", disse ele ontem, irritado com a descrença de parte do mercado sobre a capacidade de crescimento da OceanAir. O empresário atribuiu a descrença ao "duopólio" e rejeitou as medidas em discussão para o setor, como aumento do capital estrangeiro e fiscalização financeira por parte da Anac (Agência Nacional de Aviação Civil).
Segundo ele, boa parte da responsabilidade pelo caos aéreo prolongado no país se deve a uma falta de marco regulatório claro e transparente. "Falta gestão, disciplina, comando."
Para o empresário, o limite legal de 20% para o capital estrangeiro nas companhias aéreas é uma ficção: "Quem acreditou que a Varig estava recuperada, e ainda por cima com capital nacional, quer que 200 milhões de brasileiros usem narizinho de palhaço", disse ele, que nasceu na Bolívia há 57 anos, mora no Brasil desde 1964 e naturalizou-se brasileiro quatro anos depois.
A BRA, que parou de voar nesta semana, demitindo 1.100 funcionários e lesando cerca de 70 mil passageiros, é, segundo ele, uma empresa com capital majoritariamente externo, de bancos de investimentos.
Quanto à idéia de cassar a concessão de empresas com patrimônio líquido negativo, discutida informalmente na Anac, Efromovich considerou "utopia": "Os balanços às vezes são maravilhosos. A própria BRA teve injeção de mais de US$ 100 milhões. E daí? Um dia, um sócio briga, o outro cansa e pronto. Acaba", disse.
Outra proposta contra o "duopólio" seria a abertura parcial do mercado doméstico a empresas estrangeiras. "Vamos entregar nosso estratégico para eles? Só se entregarem o deles para nós. Eles criam aqui, eu crio em Washington. Aí pode. Se não, não pode", ironizou.
Com 1.400 funcionários, a OceanAir integra o grupo Synergy, com faturamento de US$ 3,7 bilhões ao ano e tem, entre outros, os estaleiros Mauá e Eisa no Brasil e a Avianca, empresa aérea da Colômbia.


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