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Bird quer gasto público contra crise
Proposta do presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, acirra debate em reunião do G20 em SP
No Brasil, presidente do Banco Mundial aponta que debate sobre aumento nos gastos opõe o Ministério da Fazenda e o Banco Central
SHEILA D'AMORIM
EM SÃO PAULO
Em vez de preocupação com
pressões na inflação, o mundo
- especialmente as economias
emergentes- deve focar em
políticas de aumento de gastos
públicos, como forma de promover mais crescimento nos
próximos anos, minimizando o
impacto recessivo da crise.
A proposta, lançada na reunião dos ministros de Fazenda
e presidentes de bancos centrais do G20, grupo que reúne
as maiores economias do mundo, não foi consenso entre os
presentes e acentuou divergências internas das próprias delegações, como a brasileira.
Segundo o presidente do
Banco Mundial, Robert Zoellick, o uso de uma política fiscal expansionista como instrumento de combate aos efeitos
da crise dependerá de cada economia, já que nem todas têm
espaço nas suas contas para
elevar os gastos.
Questionado especificamente sobre a situação do Brasil,
que no passado sofreu com problemas de inflação que foram
controlados com adoção de um
forte ajuste fiscal, ele insinuou
que isso ainda não é consenso
entre o Ministério da Fazenda
e o BC. "Eu sei que isso parece
ser ainda uma discussão entre
os participantes brasileiros.
Então eu não vou entrar nisso."
Segundo Zoellick, os países
desenvolvidos, entre eles o Japão, já estão implementando
essa política expansionista e essa linha deverá ser seguida pelo
presidente eleito dos EUA, Barack Obama. "Não vejo como
Obama possa mudar isso."
O discurso do ministro Guido Mantega (Fazenda) na reunião de ontem também endossou essa tese. O ministro defendeu a redução de impostos para
assegurar a manutenção do ritmo de investimentos nas economias emergentes. "Precisamos reduzir impostos porque
cabe ao Estado fazer os investimentos necessários". Ele destacou ainda que mudou a "filosofia" no mundo. "Antes, o FMI
dizia que deveríamos gastar
menos e, com Dominique
Strauss-Kahn [diretor-gerente
do FMI], se fala em gastar
mais", disse.
Segundo Mantega, "não é
mais pecado fazer política fiscal
expansionista". A China também manifestou opinião semelhante à do Brasil, afirmando
que tem espaço para mais gastos.
O representante da África do
Sul reclamou que a injeção de
recursos necessária para salvar
bancos e empresas reduziu o
volume de recursos que seria
destinado a investimentos nas
economias emergentes.
Mas, na avaliação de Zoellick,
nem todos poderão partir para
essa política de mais gastos públicos. Ele defendeu que esses
gastos sejam orientados para
área social e de infra-estrutura.
"O país que decidir ir por esse
caminho deve ser disciplinado
porque uma das conquistas das
últimas décadas foi a estabilidade fiscal", disse.
A ministra francesa da Economia, Christine Lagarde, afirmou que o primeiro dia de discussões foi marcado pela busca
de um consenso. "Temos de ir
fundo na análise e decidir como
trabalhar coletivamente."
"O G20 é o organismo certo
para lidar com esses problemas. Todos os países importantes estão representados", disse
Dominique Strauss-Kahn, diretor-gerente do FMI.
Para a a ministra das Finanças da Indonésia, Sri Mulyani
Indrawaty, os países emergentes têm um papel importante
na discussão sobre inflação.
"Espero que todos entendam
que temos de trabalhar juntos
para solução da crise."
Colaborou MAURICIO MORAES
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