São Paulo, segunda-feira, 09 de dezembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Para advogados, na prática, a nova entidade existiria como uma ONG

DA REPORTAGEM LOCAL

Uma central sindical formada por patrões e empregados poderia existir, na avaliação de advogados consultados pela Folha, como associação civil, mas não teria o reconhecimento da OIT (Organização Internacional do Trabalho).
As seis centrais que já existem no país também não são reconhecidas legalmente e vivem impasse jurídico, mas elas têm representação política e participação em fóruns e conselhos formados por representantes dos trabalhadores, dos empregadores e do governo.
Parte dessas entidades tem representação, por exemplo, no Conselho Curador do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço), no Codefat (Conselho Deliberativo do Fundo de Amparo ao Trabalhador) e no Conselho da Previdência Social.
"Como uma central que representa os interesses do empregado e do patrão pode participar de um conselho desses? O interesse de quem ela vai defender?", pergunta Ronaldo Machado Pereira, advogado trabalhista.
Para ele, uma central que representa trabalhadores e patrões poderia funcionar como uma associação civil, sem fins lucrativos, regida pelo Código Civil. "Esse tipo de central funcionaria, na prática, como uma ONG, sujeita às mesmas regras de uma associação de bairro ou a de uma associação de usuários de ônibus", diz.
Mas essa central não poderia funcionar como um sindicato, afirma. "Um sindicato pode, como prevê o artigo 8º da Constituição, representar os trabalhadores em uma negociação coletiva ou em um processo trabalhista", diz.
Para o advogado trabalhista Luis Carlos Moro, uma central que representa patrões e empregados já nasce na contradição. "É como se, na Segunda Guerra Mundial, um mesmo lado tentasse representar a Alemanha e os Estados Unidos", afirma.
Na avaliação dos dois especialistas, tal central contraria os princípios da OIT. "O pressuposto é de que as entidades representem os trabalhadores ou os empregadores. No mundo do trabalho, os interesses do capital e do trabalho são divergentes, opostos e conflitantes", diz Moro. (CR e FF)

Texto Anterior: Patrões e empregados criam central única
Próximo Texto: Frase
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.