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Clientes de baixa renda já são maioria nas compras on-line
Pesquisa revela que varejo virtual tem um público potencial de 3,2 milhões nas classes C, D e E, contra 1,9 milhão nas mais altas
Adesão ao comércio eletrônico deriva da confiança e do tempo de navegação do internauta, segundo o Data Popular
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
O comércio eletrônico já tem
mais consumidores nas classes
C, D e E do que nas classes A e B
em São Paulo. Pesquisa do Data
Popular/McCann Erickson
mostra que a expansão do crédito -particularmente do cartão de crédito- e a popularização do computador transformaram a internet em um varejo
virtual com público potencial
de 3,185 milhões de consumidores com renda familiar mensal de menos de R$ 2.836 em
São Paulo. As classes A e B têm
1,885 milhão de pessoas aptas
para comprar pela internet.
Na pesquisa, o Data Popular
identificou 1,096 milhão de
consumidores das classes C, D
e E que já fizeram algum tipo de
compra pela internet. Nas classes A e B, os que já compraram
pela web somam hoje 1,066 milhão de pessoas. A pesquisa ouviu 900 pessoas em São Paulo.
Segundo Renato Meirelles,
diretor do Data Popular, o tíquete de compras da baixa renda ainda é pequeno em relação
ao das classes A e B. "As classes
A e B têm limite alto no cartão.
Se compra um laptop, já leva o
tíquete médio para cima. O limite no cartão é menor na baixa renda. Vender para a baixa
renda significa ganhar em volume. A partir do momento em
que o varejo aceitar os cartões
"private labor" [cartão de loja],
que têm limite maior, o tíquete
médio vai subir", disse.
Com 788.652 consumidores,
a classe C já desponta como o
maior público do comércio eletrônico em São Paulo. Os itens
mais comprados são equipamentos de informática, eletrônicos, livros, CDs e DVDs.
Papel catalisador
A maioria da classe C (29,5%)
é de "heavy users", com tempo
de navegação superior a dez horas por semana. Muitos acessam a internet do trabalho e de
lan houses, febre em bairros
populares da cidade -só na favela de Heliópolis (zona sul de
SP) há 32 lan houses, segundo a
associação de moradores. Segundo a pesquisa, grande parte
dos internautas de baixa renda
aprendeu a usar o computador
antes mesmo de ter um.
Para o Data Popular, o tempo
de familiaridade com a internet
determina a utilização da web
para as compras. A pesquisa
mostrou que quem tem internet em casa se sente mais confortável para comprar. No levantamento, 41% dos que acessam a internet de casa fizeram
compras on-line, enquanto
apenas 18,1% dos que freqüentam lan houses afirmam ter
comprado pela web. "O acesso
de lugares públicos é uma barreira para o comércio eletrônico. A experiência de comprar
vem com o tempo de utilização
da internet. Quanto mais usa,
mais sente confiança na rede."
Para Ricardo Sodré, responsável pelo desenvolvimento de
negócios da McCann Erickson,
os chamados "filhos da classe
C" seguem um padrão de consumo semelhante ao das classes A e B, desempenhando um
papel de catalisador das compras on-line entre os parentes.
Sodré afirma que o comércio
eletrônico deverá ganhar mais
2 milhões de consumidores de
baixa renda em até dois anos,
mesmo que o número de cartões de crédito e de computadores permaneça o mesmo, o
que é improvável. "Crescerá só
com o ganho de afinidade e de
confiança da baixa renda com a
internet. É um movimento que
vai explodir daqui a pouco. O
jovem da classe C tem um papel
fundamental na inclusão digital. É um catalisador, que faz
compras para toda a família. A
família compra o computador e
a banda larga para que o filho
seja alguém na vida", disse.
A pesquisa mostrou ainda
que 40% dos internautas que
compram na rede visitam lojas
físicas antes de decidirem pela
compra na internet, e 30% dos
jovens pesquisam na web antes
de comprar o produto na loja.
A sensação de insegurança é
o maior obstáculo para o crescimento. Nas classes C, D e E,
mais de 50% dos consumidores
dizem que comprar pela internet nunca é seguro, contra
35,9% da A e 40,3% da B.
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