São Paulo, quarta-feira, 09 de dezembro de 2009

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Trem-bala terá tarifa máxima de R$ 250

Valor, referente à passagem na classe econômica, foi definido ontem pelo governo

Para competir com o avião, cujo preço pesquisado na internet é de R$ 150, com taxa de embarque, trem precisará de 40% de deságio


HUMBERTO MEDINA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O governo definiu ontem o valor teto da tarifa do trem de alta velocidade, o trem-bala, em R$ 0,60 por quilômetro.
Nesse preço, o trecho entre o centro do Rio de Janeiro (estação Barão de Mauá) e o Campo de Marte, em São Paulo (412,3 km), ficaria por R$ 247,38.
Isso significa que, para ser competitivo com o avião, o trem-bala precisa ter um deságio de no mínimo 40% na tarifa.
Em pesquisa feita nos endereços eletrônicos das companhias aéreas, o menor valor de bilhete encontrado para uma viagem entre o Rio de Janeiro (Santos Dumont) e São Paulo (Congonhas), hipoteticamente marcada para terça-feira que vem, era de R$ 135. Com a taxa de embarque, passou para R$ 150,5. De ônibus (convencional), a viagem sai por R$ 68.
De acordo com Hélio Mauro, superintendente-executivo da ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres), o preço teto foi definido em um valor que evite a possibilidade de o trem-bala inviabilizar outras formas de transporte.
"No trecho entre Paris e Bruxelas, por exemplo, desapareceu o transporte aéreo", afirmou Mauro.
O valor teto de R$ 0,60 por quilômetro se refere à passagem na classe econômica do trem de alta velocidade.
Na classe executiva, o preço poderá ser até 75% maior -R$ 1,05 por quilômetro, o que resulta em uma passagem de R$ 432,91 entre as duas cidades.
O trem de alta velocidade deverá levar uma hora e 33 minutos entre as duas cidades, enquanto a viagem pela ponte aérea dura cerca de 40 minutos.
Por outro lado, o avião exige que o passageiro esteja no aeroporto cerca de uma hora antes para o check-in.
Nos estudos que o próprio governo tornou disponíveis sobre o trem-bala (www.tavbrasil.gov.br), a tarifa prevista era um pouco mais baixa -entre R$ 150 e R$ 200.

Critérios
Pelos critérios definidos e publicados ontem no "Diário Oficial da União", vencerá o leilão a empresa ou o consórcio que pedir menos financiamento público (o teto é de R$ 20,868 bilhões) e oferecer a menor tarifa, respeitado o teto.
O menor pedido de financiamento tem mais importância para definir o vencedor, com peso de 70%. O prazo do financiamento público é de 35 anos, remunerado com TJLP (Taxa de Juros de Longo Prazo) mais juros de 1%.
O leilão será feito na Bovespa, provavelmente em maio (cronograma do governo), por meio da entrega de envelopes fechados com as propostas.
A obra toda está orçada em R$ 34 bilhões, aproximadamente. A estimativa é esteja concluída até 2015, a tempo dos Jogos Olímpicos de 2016.

Estatal
O governo criará uma estatal que irá fazer parte, junto com os grupos privados vencedores do leilão, da empresa que irá explorar o serviço.
De acordo com a modelagem aprovada, essa empresa poderá colocar até R$ 3,4 bilhões no negócio, entre recursos do Tesouro e ativos decorrentes do processo de desapropriação.
A estatal terá uma "golden share", ação especial que dará direito ao governo de vetar qualquer mudança na empresa que envolva alteração da denominação social.
O governo também poderá vetar mudança da sede social, mudança no objeto do negócio, liquidação, dissolução, transformação, cisão, fusão ou sua incorporação por outra sociedade, bem como pedido de autofalência e início de recuperação judicial ou extrajudicial.


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