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INFRA-ESTRUTURA
Projetos serão aceitos se forem de algum setor considerado prioritário para o desenvolvimento do país
Novo BNDES vai correr mais riscos em empréstimos
PEDRO SOARES
ANTÔNIO GOIS
DA SUCURSAL DO RIO
O BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e
Social) aceitará, em sua nova administração, assumir mais riscos
na concessão de empréstimos,
desde que o projeto analisado seja
de setor considerado prioritário
para o desenvolvimento do país.
"Para alcançar os grandes objetivos nacionais, é razoável que [o
banco" aceite se expor mais ao risco [de crédito"", afirmou o futuro
diretor do banco Roberto Timótheo da Costa.
Ele ressaltou, porém, que o
BNDES, como toda instituição financeira, terá a preocupação de
emprestar dinheiro com o menor
risco possível. "Pode-se conjugar
as duas coisas: analisar risco e
avaliar os grandes objetivos nacionais", afirmou.
Cauteloso e dizendo que suas
opiniões não representam, necessariamente, o novo modelo gerencial do banco, Timótheo da
Costa rejeitou a hipótese de que o
BNDES possa virar um "hospital
de empresas", como foi apelidado
no passado, por socorrer companhias em dificuldade financeira.
"O BNDES não vai ser uma
agência de doação de recursos.
Nunca foi", disse.
Timótheo da Costa foi superintendente de administração do
BNDES no anos 80. Ele diz contar
com a simpatia dos funcionários
da instituição. É membro eleito
por eles para o conselho do fundo
de pensão do BNDES. É um dos
seis nomes já escolhidos pelo futuro presidente do banco, o economista Carlos Lessa, para integrar a diretoria da instituição no
governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Mudanças estruturais
Timótheo da Costa declarou
que existem estudos da nova diretoria sobre o organograma do
banco, mas não quis dizer se haverá mudanças na estrutura administrativa.
"Fica difícil fazer uma avaliação
prévia [antes de assumir". Agora,
uma coisa que se constata é que o
BNDES tem um número grande
de executivos. Se isso é bom ou
ruim, eu ainda não sei dizer. É
uma impressão. Quando se fala
que tem muitos, estou comparando com o padrão antigo [da década de 80"", afirmou.
Segundo a Folha apurou, há o
receio, principalmente entre técnicos mais ligados às últimas gestões, que a nova diretoria assuma
já com um novo plano estratégico
"pronto" para o BNDES. Esse plano reduziria de 23 para sete o número de superintendências, concentrando mais as decisões.
Segundo um ex-presidente do
BNDES, que não participou das
duas últimas administrações e pediu para não ser identificado, o
plano atual foi resultado de um
ano e dois meses de trabalho de
400 pessoas, que participaram do
projeto respondendo a questionários e em seminários internos.
Procurados pela Folha, os
membros da nova diretoria e o futuro presidente, Carlos Lessa, não
quiseram dar declarações sobre o
plano estratégico antes da posse,
marcada para terça-feira da próxima semana.
Iniciadas na gestão do ex-presidente Francisco Gros, as modificações visam tornar o BNDES
mais ágil na concessão de crédito
e reduzir o risco de perdas do
banco. Também previam fomentar o mercado de capitais.
O objetivo era que cada vez mais
investidores privados aplicassem
recursos nas empresas, reduzindo
a contrapartida do banco estatal
nos projetos do setor privado.
Na gestão de Gros e do atual
presidente, Eleazar de Carvalho
Filho, o BNDES assumiu, segundo a análise do próprio Lessa, um
caráter mais corporativo -com
uma cara mais de instituição financeira e menos de banco de desenvolvimento.
"Com essas reformas [iniciadas
em 2001", o banco perdeu a periferia, perdeu a cultura de um banco de desenvolvimento", disse
Lessa em 3 de janeiro, na cerimônia de posse do ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, antes de ser oficializado na presidência da instituição, na segunda.
Gros criou no BNDES uma gestão em que cada projeto da iniciativa privada era analisado separadamente, tendo em conta os riscos e a importância estratégica de
cada pedido de financiamento.
"Foi uma inovação na cultura
do banco", disse Timótheo da
Costa, afirmando não querer fazer nenhum julgamento de valor.
O futuro diretor afirmou que
não haverá rejeição de seu nome
nem da nova diretoria pela equipe de técnicos do banco.
"Tenho grandes amigos no
banco. Desfruto da confiança dos
meus colegas. Sou respeitado e os
respeito profundamente", disse.
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