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COMÉRCIO
Nova legislação na cidade prevê funcionamento apenas com prévia autorização e acordo fechado com sindicato
Lei impede loja de abrir aos domingos em SP
DENISE CARVALHO
DA REPORTAGEM LOCAL
Uma lei aprovada na Câmara
Municipal de São Paulo em 26 de
dezembro de 2002 passou a impedir o funcionamento das lojas do
comércio varejista aos domingos
na capital paulistana, considerado
o terceiro melhor dia da semana
para as vendas.
A lei 13.473, de autoria do vereador Toninho Campanha (PSB) e
publicada em 7 de janeiro no
"Diário Oficial do Município", começa a valer neste fim de semana
e abrange as 30 mil lojas do comércio de rua e dos shoppings.
Para abrir aos domingos, o lojista, de acordo com a lei, precisa
apresentar requerimento à prefeitura acompanhado de acordo
com o sindicato dos empregados.
O descumprimento da determinação acarretará o pagamento de
uma multa, que varia de R$ 2.737
a R$ 4.025 por dia de abertura.
A lei não determina quem fará a
fiscalização, que provavelmente
ficará a cargo da prefeitura. O comerciante que repetir a infração
poderá ter o registro do alvará de
funcionamento cancelado.
Mais empregos
Defendida pelo Sindicato dos
Empregados no Comércio de São
Paulo, a medida vai obrigar os lojistas a negociarem com a entidade para discutir a ampliação de
dias de folgas -o que, na visão da
entidade, implicará novas contratações no setor.
Segundo o Sindicato dos Lojistas de São Paulo e a Associação
Brasileira dos Lojistas de Shopping, os comerciantes não terão
orientação para fechar as portas.
Mas, segundo o vice-presidente
do Sindicato dos Empregados do
Comércio de São Paulo, Ricardo
Patah, os funcionários serão convocados para faltar ao trabalho,
sem pena de demissão.
A partir da negociação com os
lojistas, o sindicato espera que o
comércio crie pelo menos 80 mil
postos de trabalho. Hoje, o comércio varejista da capital paulista tem cerca de 420 mil empregados. "A realidade hoje é de escravidão. As lojas não cumprem a
determinação da lei federal, que
prevê um domingo de folga por
mês, no mínimo, para os trabalhadores", afirma Patah.
Existe uma lei federal que autoriza o funcionamento do comércio aos domingos, mas que remete às prefeituras o dever do seu
cumprimento. Ela foi promulgada em 2000.
Menos empregos
Os empregadores argumentam
que, dependendo das exigências
do sindicato, o comércio vai demitir funcionários. As lojas de rua
e de shopping não terão nenhuma
orientação de seus sindicatos para
fecharem as portas.
Segundo Ruy Nazarian, presidente do Sindicato dos Lojistas de
São Paulo, os comerciantes vão
ouvir primeiro as reivindicações
do sindicato dos comerciários para, então, tomar suas decisões.
Nabil Sahyoun, presidente da
Alshop (Associação Brasileira de
Lojistas de Shopping), diz que as
10,3 mil lojas da cidade não fecharão as portas. Mas que correm risco os 17,5 mil empregos criados a
partir da promulgação da lei federal. As lojas dos shoppings de São
Paulo empregam cerca de 125 mil
funcionários diretos, metade do
efetivo empregado nos shoppings
de todo o Estado.
Segundo Toninho Campanha,
os trabalhadores reclamam que as
folgas concedidas pelas empresas
nunca são nos finais de semana,
impedindo que eles descansem
com suas famílias. "Isso é um absurdo e é por isso que essa exigência está na lei."
O projeto de lei já havia sido
aprovado uma vez, em duas votações na Câmara, no início de 2001.
Mas foi vetado pelo vice-prefeito
da capital, Hélio Bicudo, que assumiu interinamente o cargo durante viagem de Marta Suplicy.
O projeto voltou novamente para a Câmara no ano passado, onde, então, foi votado e promulgado, dia 30 de dezembro. Quando
um projeto com veto retorna ao
plenário não há necessidade de
nova sanção pelo Executivo.
Colaboraram José Sergio Osse e Marcelo Sakate, da Reportagem Local
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