São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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DÍVIDA

Empresa lança US$ 500 mi em títulos que vencem em 2034; prazo é o maior já obtido por uma companhia brasileira

Vale fecha captação com prazo de 30 anos

PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO

Num momento de grande disponibilidade de recursos para países emergentes, a Vale do Rio Doce concluiu ontem a captação mais longa já feita por uma empresa brasileira. Lançou US$ 500 milhões em títulos com vencimento em 30 anos (2034).
Trata-se da emissão de maior prazo já realizada pela Vale desde 1977, quando foram emitidos papéis de 18 anos. A Petrobras quase chegou perto: lançou títulos de 15 anos, em dezembro de 2003.
Os papéis da Vale vão pagar aos investidores juros de 8,25% ao ano -3,36% a mais do que os títulos do Tesouro dos EUA com vencimento no mesmo período e 0,71% a menos do que os bônus do governo brasileiro com resgate em 2030. A demanda pelo lançamento foi de US$ 1,6 bilhão, mas a Vale decidiu limitar a emissão.
Ao comentar o sucesso da captação, o diretor-financeiro da Vale, Fábio Barbosa, disse que a empresa aproveitou "não uma janela, mas uma avenida que se abriu", em referência à alta liquidez do mercado internacional.
Depois da emissão da Vale, Barbosa prevê que mais empresas irão buscar recursos no exterior com prazos maiores. Na visão dele, 2004 será "um ótimo ano", com crescimento da economia global e do Brasil, o que elevará o volume de recursos captados no exterior por empresas brasileiras.
Ele acredita que a liquidez permanecerá alta, uma vez que os EUA não subirão os juros por causa do ainda alto nível de desemprego. Quando os juros nos EUA sobem, mais investidores aplicam em títulos do governo dos americano, e sobram menos recursos para papéis emergentes.
Barbosa disse que os títulos não embutem nenhum mecanismo contra risco de não-pagamento, como garantia de exportações futuras, instrumento já utilizado pela Petrobras. "O risco é 100% Vale do Rio Doce", disse. Os papéis emitidos em 1997 eram securitizados. Segundo Barbosa, a captação permitirá à Vale alongar o prazo médio de sua dívida (no valor de US$ 4,3 bilhões) de quatro para seis anos. Também ajudará a companhia a atingir o "investiment grade", nota dada pelas agências de classificação de risco a países e empresas com baixo risco. Faltam apenas dois níveis para a empresa chegar a tal objetivo.
Ele disse ainda que os investidores que adquiriram os papéis da Vale são globais (aplicam em grandes empresas de classe mundial) e não especializados em companhias de países emergentes.


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