|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
DÍVIDA
Empresa lança US$ 500 mi em títulos que vencem em 2034; prazo é o maior já obtido por uma companhia brasileira
Vale fecha captação com prazo de 30 anos
PEDRO SOARES
DA SUCURSAL DO RIO
Num momento de grande disponibilidade de recursos para
países emergentes, a Vale do Rio
Doce concluiu ontem a captação
mais longa já feita por uma empresa brasileira. Lançou US$ 500
milhões em títulos com vencimento em 30 anos (2034).
Trata-se da emissão de maior
prazo já realizada pela Vale desde
1977, quando foram emitidos papéis de 18 anos. A Petrobras quase
chegou perto: lançou títulos de 15
anos, em dezembro de 2003.
Os papéis da Vale vão pagar aos
investidores juros de 8,25% ao
ano -3,36% a mais do que os títulos do Tesouro dos EUA com
vencimento no mesmo período e
0,71% a menos do que os bônus
do governo brasileiro com resgate
em 2030. A demanda pelo lançamento foi de US$ 1,6 bilhão, mas a
Vale decidiu limitar a emissão.
Ao comentar o sucesso da captação, o diretor-financeiro da Vale, Fábio Barbosa, disse que a empresa aproveitou "não uma janela, mas uma avenida que se
abriu", em referência à alta liquidez do mercado internacional.
Depois da emissão da Vale, Barbosa prevê que mais empresas
irão buscar recursos no exterior
com prazos maiores. Na visão dele, 2004 será "um ótimo ano",
com crescimento da economia
global e do Brasil, o que elevará o
volume de recursos captados no
exterior por empresas brasileiras.
Ele acredita que a liquidez permanecerá alta, uma vez que os
EUA não subirão os juros por
causa do ainda alto nível de desemprego. Quando os juros nos
EUA sobem, mais investidores
aplicam em títulos do governo
dos americano, e sobram menos
recursos para papéis emergentes.
Barbosa disse que os títulos não
embutem nenhum mecanismo
contra risco de não-pagamento,
como garantia de exportações futuras, instrumento já utilizado pela Petrobras. "O risco é 100% Vale
do Rio Doce", disse. Os papéis
emitidos em 1997 eram securitizados. Segundo Barbosa, a captação
permitirá à Vale alongar o prazo
médio de sua dívida (no valor de
US$ 4,3 bilhões) de quatro para
seis anos. Também ajudará a
companhia a atingir o "investiment grade", nota dada pelas
agências de classificação de risco a
países e empresas com baixo risco. Faltam apenas dois níveis para
a empresa chegar a tal objetivo.
Ele disse ainda que os investidores que adquiriram os papéis da
Vale são globais (aplicam em
grandes empresas de classe mundial) e não especializados em
companhias de países emergentes.
Texto Anterior: O vaivém das commodities Próximo Texto: Mercado: Ação de um investidor inchou fundo cambial Índice
|