São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2004

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VIZINHO EM CRISE

Apesar de pressões de autoridades dos EUA, operação foi finalizada e deverá ser aprovada neste mês

FMI conclui 1ª revisão de acordo argentino

FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON

O FMI (Fundo Monetário Internacional) concluiu ontem a primeira revisão do acordo de US$ 12,5 bilhões com o governo da Argentina. Em comunicado oficial, o diretor-gerente do FMI, Horst Köhler, afirmou que irá recomendar a aprovação da revisão ao comitê-executivo do Fundo até o final de janeiro. "A recuperação econômica (argentina) em 2003 excedeu nossas expectativas", ressaltou Köhler.
A revisão foi concluída apesar das pressões de autoridades norte-americanas para que a Argentina tome "decisões difíceis" em relação à reestruturação de sua dívida externa, de US$ 99,4 bilhões, que deixou de ser paga em dezembro de 2001.
Apesar também de cobranças no sentido de um aperto maior, o Fundo manteve em 3% do PIB a meta de superávit primário (economia para pagar juros) para a Argentina em 2004. Para o Brasil, essa meta é hoje de 4,25%.
Ontem, enquanto o FMI finalizava os termos da revisão, a assessora de Segurança Nacional dos EUA, Condoleezza Rice, afirmava que a Argentina precisava "ter cuidado" para cumprir metas acertadas com o FMI e que o país deveria "tomar decisões difíceis" em relação à dívida.
Rice chegou a dizer que o presidente norte-americano, George W. Bush, cobraria o que chamou de "passos duros" do presidente argentino, Néstor Kirchner, durante encontro entre os dois líderes nos próximos dias, no México.
Analistas acreditavam que a primeira revisão do acordo, que permitirá um desembolso inicial de US$ 330 milhões, não ocorreria sem que a Argentina recuasse em sua proposta de reestruturação da dívida, considerada "muito ruim" pelos credores.
O FMI anunciou o atual acordo com a Argentina em setembro, durante reunião geral do Fundo em Dubai, nos Emirados Árabes.
No dia seguinte ao anúncio, os argentinos comunicaram aos credores a disposição de pagar apenas 25% do que devem, causando fortes reações e dificultando a formação de um comitê de bancos que renegocie a dívida.
O Fundo também vem demonstrando preocupação com o ritmo das reformas no setor bancário argentino e com as negociações sobre tarifas entre governo e empresas de serviços públicos.
Segundo a Folha apurou, o FMI considera fundamental ajudar a Argentina no momento em que várias economias latino-americanas, especialmente a brasileira, se recuperaram de crises recentes.


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