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VIZINHO EM CRISE
Apesar de pressões de autoridades dos EUA, operação foi finalizada e deverá ser aprovada neste mês
FMI conclui 1ª revisão de acordo argentino
FERNANDO CANZIAN
DE WASHINGTON
O FMI (Fundo Monetário Internacional) concluiu ontem a primeira revisão do acordo de US$
12,5 bilhões com o governo da Argentina. Em comunicado oficial,
o diretor-gerente do FMI, Horst
Köhler, afirmou que irá recomendar a aprovação da revisão ao comitê-executivo do Fundo até o final de janeiro. "A recuperação
econômica (argentina) em 2003
excedeu nossas expectativas",
ressaltou Köhler.
A revisão foi concluída apesar
das pressões de autoridades norte-americanas para que a Argentina tome "decisões difíceis" em relação à reestruturação de sua dívida externa, de US$ 99,4 bilhões,
que deixou de ser paga em dezembro de 2001.
Apesar também de cobranças
no sentido de um aperto maior, o
Fundo manteve em 3% do PIB a
meta de superávit primário (economia para pagar juros) para a
Argentina em 2004. Para o Brasil,
essa meta é hoje de 4,25%.
Ontem, enquanto o FMI finalizava os termos da revisão, a assessora de Segurança Nacional dos
EUA, Condoleezza Rice, afirmava
que a Argentina precisava "ter
cuidado" para cumprir metas
acertadas com o FMI e que o país
deveria "tomar decisões difíceis"
em relação à dívida.
Rice chegou a dizer que o presidente norte-americano, George
W. Bush, cobraria o que chamou
de "passos duros" do presidente
argentino, Néstor Kirchner, durante encontro entre os dois líderes nos próximos dias, no México.
Analistas acreditavam que a primeira revisão do acordo, que permitirá um desembolso inicial de
US$ 330 milhões, não ocorreria
sem que a Argentina recuasse em
sua proposta de reestruturação da
dívida, considerada "muito ruim"
pelos credores.
O FMI anunciou o atual acordo
com a Argentina em setembro,
durante reunião geral do Fundo
em Dubai, nos Emirados Árabes.
No dia seguinte ao anúncio, os
argentinos comunicaram aos credores a disposição de pagar apenas 25% do que devem, causando
fortes reações e dificultando a formação de um comitê de bancos
que renegocie a dívida.
O Fundo também vem demonstrando preocupação com o ritmo
das reformas no setor bancário
argentino e com as negociações
sobre tarifas entre governo e empresas de serviços públicos.
Segundo a Folha apurou, o FMI
considera fundamental ajudar a
Argentina no momento em que
várias economias latino-americanas, especialmente a brasileira, se
recuperaram de crises recentes.
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