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AGROFOLHA
VIDAS SECAS
Se a estiagem durar mais 15 dias, produtores estimam que mais de 30% da safra de cereais poderá quebrar
Com seca, SC perde 17% da safra de milho
THIAGO REIS
DA AGÊNCIA FOLHA
A falta de água na região meio-oeste de Santa Catarina pode causar a quebra de mais de 30% na
safra de cereais, em especial do
milho, em 2006. A constatação é
do vice-presidente da Federação
da Agricultura e Pecuária, Enori
Barbieri.
Segundo ele, isso acontecerá se a
estiagem perdurar por mais 15
dias. Ontem, o governo estadual
divulgou um balanço das perdas
em razão da estiagem: 17% da
produção de milho já foi perdida.
Além disso, houve impacto nas
outras culturas: déficit de 12% na
de soja, 12% na de feijão e 13% na
de leite.
O prejuízo já ultrapassa os R$
241 milhões, e a expectativa é que
seja ainda maior. Não há previsão
de chuva para os próximos dias.
De acordo com o secretário de
Agricultura e Desenvolvimento
Rural, Moacir Sopelsa, a faixa
atingida pela estiagem é menor do
que a do ano passado, mas, em
compensação, os estragos serão
iguais ou até maiores nos locais.
Em 2005, houve perdas na safra
de R$ 734 milhões.
Os municípios de Concórdia e
Campos Novos estão entre os
mais afetados. As cidades tiveram
perdas de 48% e 44% na safra de
milho, mais de 260 mil toneladas.
Em Xanxerê, há propriedades
com quase 80% da safra perdida
-só de soja, foram 63 mil toneladas, mais da metade das perdas
totais do Estado. Já no extremo
oeste, onde está Chapecó, as chuvas têm ajudado os pequenos
produtores.
Ainda assim, afirma Barbieri,
eles não terão como pagar a conta
do ano passado. "O preço da saca
caiu muito. Os produtores estão
se apavorando e vão acabar tendo
mais uma frustração. Estou certo
de que haverá um êxodo rural
muito grande."
O problema do abastecimento,
afirma o secretário, está sendo
contornado com cisternas, poços,
açudes e caminhões-pipa. A outra
preocupação do Estado é com o
rebanho de suínos e aves.
A região é a que mais concentra
a produção desses animais, e Santa Catarina é um dos maiores produtores de aves e o maior exportador de suínos do Brasil.
Em algumas cidades, o impacto
já é sentido e o governo estuda
adotar a irrigação das lavouras
para garantir a subsistência dos
animais.
Já são 30 cidades em situação de
emergência no Estado -neste
mesmo período do ano passado,
só três estavam sob o decreto. A
Defesa Civil acredita, no entanto,
que a estiagem será mais branda
neste verão.
Segundo o órgão, os municípios
estão se antecipando com receio
de sofrerem o mesmo impacto do
início de 2005. Para Barbieri, eles
estão fazendo o que a burocracia
manda, pois só com o decreto os
produtores têm acesso a créditos
do Pronaf (Programa Nacional de
Fortalecimento da Agricultura
Familiar).
Rio Grande do Sul
No Rio Grande do Sul, só quatro
municípios seguem em situação
de emergência. Na avaliação do
governo do Estado, a seca não fará
estragos tão grandes como os
provocados em 2005. No ano passado, a estiagem afetou mais de
400 cidades.
Houve impacto nas safras de
feijão, milho e soja, além de queda
na produção de leite, nas regiões
norte e noroeste do Rio Grande
do Sul. Em 2006, a atenção se volta
ao sul e ao oeste.
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