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Oi acerta preço de compra da Brasil Telecom
Ainda é preciso mudar legislação do setor para permitir que negócio seja fechado; valor da compra seria de R$ 4,8 bilhões
Governo já anunciou que apóia o negócio; Oi diz apenas que tem interesse em comprar empresas, e CVM pede explicações
GUILHERME BARROS
COLUNISTA DA FOLHA
ELVIRA LOBATO
DA SUCURSAL DO RIO
Os controladores da Oi (ex-Telemar) acertaram o preço de
compra da Brasil Telecom
(BrT) por R$ 4,8 bilhões, segundo a Folha apurou junto a
um dos envolvidos nas negociações. Para a concretização
da compra ou fusão entre duas
das maiores empresas de telefonia do país, ainda é preciso
mudar a legislação do setor. O
governo apóia o negócio.
As negociações finais entre a
Oi e a BrT já se arrastam por
cerca de dois meses. Os grandes mentores do projeto e principais negociadores foram os
empresários Sérgio Andrade,
da Andrade Gutierrez, e Carlos
Jereissati, do grupo La Fonte.
No início, havia resistências
por parte de Sérgio Rosa, presidente da Previ (fundo de pensão do Banco do Brasil), que
tem uma importante participação tanto na Oi quanto na BrT.
Rosa defendia uma venda pulverizada das ações da BrT. Andrade acabou convencendo a
Previ do negócio. O Citigroup,
que também tem uma participação importante na BrT, não
impôs resistências. Afogado
em problemas com a crise financeira nos EUA, o Citi quer
vender sua parte na BrT.
Andrade teve como avalistas
da operação o presidente Luiz
Inácio Lula da Silva e a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma
Rousseff. Andrade é um dos
empresários mais próximos de
Lula. Os dois se conhecem desde a época em que Lula perdeu
a eleição para Fernando Collor
de Mello (1989), quando Andrade lhe deu apoio.
A compra da BrT pela Oi ou a
fusão entre elas depende de decreto do presidente Luiz Inácio
Lula da Silva, alterando o decreto 2.534/98, que aprovou o
Plano Geral de Outorgas. Ele
determina que, se uma concessionária adquirir outra, terá
que abrir mão de sua concessão
original no prazo de seis meses.
O acerto final sobre o preço,
que foi verbal, sem assinatura
de acordo, ocorreu ontem em
reunião do Conselho de Administração da Oi em Botafogo,
Rio de Janeiro, com a presença
dos acionistas controladores.
Em meio à boataria sobre o
negócio, a Oi divulgou fato relevante confirmando a intenção de comprar empresas de
telefonia fixa, celular, de internet e de televisão por assinatura, sem citar a BrT.
Ontem, por volta das 20h, a
CVM (Comissão de Valores
Imobiliários) pediu esclarecimentos às empresas sobre a
movimentação dos acionistas,
que provocou valorização das
ações das empresas.
No fato relevante, a Oi diz
que contratou consultoria externa para examinar oportunidades de compra de empresas,
dentro do ""marco regulatório
em vigor". A legislação atual
impede a compra de uma concessionária de telefonia fixa
por outra ou a fusão entre elas.
O fato relevante da Oi informa ainda que os acionistas da
Telemar Participações (holding que controla o grupo) estão desenvolvendo estudos para uma nova proposta de restruturação da base acionária da
companhia. Seria a terceira
tentativa nesse sentido. Eles já
apresentaram ofertas com esse
objetivo em 2006 e em 2007,
que foram rejeitadas pelos investidores estrangeiros, detentores de ações preferenciais.
Desde 2006, os grupos Oi e
BrT admitem interesse na fusão ou na compra da BrT pela
Oi. Nota na revista "IstoÉ" desta semana disse que a Oi teria
proposto comprar 35% das
ações da BrT pelo dobro do valor de face dos papéis.
A BrT é controlada pelos
fundos de pensão e pelo Citibank. A Telemar é controlada
pelos grupos La Fonte (grupo
Jereissati), Andrade Gutierrez,
GP Investimentos, fundos de
pensão e pelo BNDES, que tem
25% das ações da Telemar Participações. Pelo acordo, GP, Citi e Previ sairiam da empresa
resultante, que ficaria com La
Fonte, Andrade Gutierrez e os
outros sócios.
O governo federal já deu seguidos sinais de que apóia o
negócio. O ministro Hélio
Costa, das Comunicações,
chegou a anunciar, no ano
passado, a criação de um grupo interministerial para estudar a fusão, mas a iniciativa
não foi adiante. De férias em
Miami, Costa disse à Folha
que desconhecia o acerto de
acionistas.
A Telefônica já disse que, se a
lei mudar, também terá interesse na compra da BrT.
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