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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br
Juro pode cair até um ponto, diz Werlang
A partir dos últimos dados da
indústria e da inflação, o economista Sérgio Werlang, vice-
-presidente de controle de riscos e de finanças do Itaú/Unibanco, afirma que não seria impensável um corte de um ponto
percentual na Selic (taxa básica
de juros) na próxima reunião
do Copom, nos dias 20 e 21. A
taxa cairia dos atuais 13,75%
para 12,75%.
O economista diz, no entanto, que o seu cenário mais provável ainda é de uma redução
de meio ponto, mas ele concorda que há espaço, hoje, para
cortar mais. A sua previsão é
que, até o final do ano, a taxa
caia para 11%, um patamar mais
baixo do que os 11,25% atingidos recentemente.
"O Banco Central tem espaço
para acelerar a redução dos juros", diz.
Para Werlang, a principal razão que justificaria esse corte
mais forte dos juros é o fato de a
desaceleração da economia estar ocorrendo em um ritmo
mais veloz do que se imaginava.
A projeção do departamento de
Economia do Itaú/Unibanco é
que o PIB do país cresça neste
ano por volta de 2% ou até um
pouco menos.
O crescimento neste ano pode não ser muito positivo, mas,
se comparado com outros países, o desempenho do Brasil
não é tão desanimador assim. A
projeção de Werlang é que o
PIB dos Estados Unidos e de
países europeus caiam em torno de 2%. O Brasil, assim, estará crescendo 4% acima do resto
do mundo.
De acordo com os cenários de
Werlang, o fundo do poço da
crise será atingido no quarto
trimestre deste ano, quando o
pacote do novo presidente dos
Estados Unidos, Barack Obama, vai começar a fazer efeito.
Há, a seu ver, muitas incertezas ainda sobre quando exatamente será aprovado o pacote
Obama. Ele acha que, a partir
do primeiro trimestre de 2010,
o mundo vai voltar a crescer.
De qualquer forma, na sua
avaliação, o Brasil vai estar em
uma situação bastante confortável. O país irá conseguir atravessar toda a crise recessiva
deste ano com a economia crescendo, ainda que em um ritmo
mais lento. Depois, a partir de
2010, quando o mundo se recuperar, o país pode seguir no seu
ritmo normal de expansão.
Sobre as ações do governo
para minimizar os efeitos da
crise, Werlang diz que há espaço para o Brasil gastar uma parte do superávit primário, mas
não muito. "O ano de 2009 vai
ser difícil para todo mundo."
Conselhão fará seminário sobre desenvolvimento
A crise financeira levou o
CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o Conselhão, a organizar a segunda fase do Seminário Internacional sobre
Desenvolvimento para discutir os desafios para o crescimento do Brasil neste novo
cenário econômico. O evento, que será realizado de 4 a 6
de março, em Brasília, começou em 2006 e terá continuidade neste ano.
Um dos convidados a participar do evento é o megainvestidor George Soros. Para
aceitar o convite, ele pediu
uma audiência reservada
com o presidente Lula. Até o
momento, o encontro não foi
agendado.
O seminário terá duas
questões centrais para discussão: estratégias para o desenvolvimento brasileiro
nesta conjuntura de crise e o
papel dos emergentes em
uma fase de transição da economia global para a de um
mundo multipolar.
Durante os três dias do
evento, também serão realizados debates sobre temas
como a nova política agrícola
do país, infraestrutura e desenvolvimento produtivo,
integração regional e política
externa, papel do Estado no
combate ao subdesenvolvimento e perspectivas para o
novo sistema de regulação
das finanças internacionais.
Ao final do seminário, o resultado dos debates será
apresentado a Lula.
Já estão confirmadas as
presenças de Otaviano Canuto (BID), Paulo Nogueira
Batista Jr. (FMI), Rogério
Studart (Banco Mundial) e
James Galbraith (Economistas para a Paz).
Também participarão do
seminário os economistas
Armínio Fraga, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann, Maria da Conceição
Tavares, entre outros.
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) já
confirmaram a participação.
Guido Mantega (Fazenda) e
Henrique Meirelles (Banco
Central) ainda não.
LIMPEZA
A crise vai afetar os serviços de limpeza urbana, segundo Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selurb (sindicato de empresas de limpeza urbana). As reduções
de receitas e dificuldades no cumprimento do orçamento de 2009, que afetarão os municípios, clientes
dos serviços, podem gerar inadimplência. Os cronogramas de investimentos previstos em serviços já contratados podem ser afetados, especialmente em obras
de alto custo, como aterros sanitários, que exigem altos investimentos públicos, privados ou de parcerias.
ENXUTA
A Usiminas quer reduzir
em R$ 220 milhões os custos
na área industrial neste ano.
O valor é o potencial de economia do programa Produtividade e Ação, que visa o
corte de custos variáveis e a
minimização de gargalos de
produção. Segundo a empresa, a redução não inclui demissões, mas a revisão de
processos produtivos.
DESFILE
A Hering lança na quinta,
no Fashion Rio, coleção exclusiva para a venda em lojas
multimarcas. O objetivo é
fortalecer o canal de vendas.
COMBUSTÍVEL
A Shell Brasil fechou 2008
batendo o seu recorde de
venda de combustíveis. A
empresa vendeu 700 milhões de litros de combustível no mês de dezembro.
Consolidados os 12 meses do
ano, foram cerca de 8 bilhões de litros. Esse volume
supera os números de 1998,
quando a empresa operava
cerca de 4.000 postos no
país. Em 2008, a Shell registrou um crescimento de 18%
no volume comercializado,
um dos maiores valores registrados entre as grandes
distribuidoras, superior ao
número obtido pela BR Distribuidora.
com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI
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