São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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GUILHERME BARROS - guilherme.barros@uol.com.br

Juro pode cair até um ponto, diz Werlang

A partir dos últimos dados da indústria e da inflação, o economista Sérgio Werlang, vice- -presidente de controle de riscos e de finanças do Itaú/Unibanco, afirma que não seria impensável um corte de um ponto percentual na Selic (taxa básica de juros) na próxima reunião do Copom, nos dias 20 e 21. A taxa cairia dos atuais 13,75% para 12,75%.
O economista diz, no entanto, que o seu cenário mais provável ainda é de uma redução de meio ponto, mas ele concorda que há espaço, hoje, para cortar mais. A sua previsão é que, até o final do ano, a taxa caia para 11%, um patamar mais baixo do que os 11,25% atingidos recentemente.
"O Banco Central tem espaço para acelerar a redução dos juros", diz.
Para Werlang, a principal razão que justificaria esse corte mais forte dos juros é o fato de a desaceleração da economia estar ocorrendo em um ritmo mais veloz do que se imaginava. A projeção do departamento de Economia do Itaú/Unibanco é que o PIB do país cresça neste ano por volta de 2% ou até um pouco menos.
O crescimento neste ano pode não ser muito positivo, mas, se comparado com outros países, o desempenho do Brasil não é tão desanimador assim. A projeção de Werlang é que o PIB dos Estados Unidos e de países europeus caiam em torno de 2%. O Brasil, assim, estará crescendo 4% acima do resto do mundo.
De acordo com os cenários de Werlang, o fundo do poço da crise será atingido no quarto trimestre deste ano, quando o pacote do novo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vai começar a fazer efeito.
Há, a seu ver, muitas incertezas ainda sobre quando exatamente será aprovado o pacote Obama. Ele acha que, a partir do primeiro trimestre de 2010, o mundo vai voltar a crescer.
De qualquer forma, na sua avaliação, o Brasil vai estar em uma situação bastante confortável. O país irá conseguir atravessar toda a crise recessiva deste ano com a economia crescendo, ainda que em um ritmo mais lento. Depois, a partir de 2010, quando o mundo se recuperar, o país pode seguir no seu ritmo normal de expansão.
Sobre as ações do governo para minimizar os efeitos da crise, Werlang diz que há espaço para o Brasil gastar uma parte do superávit primário, mas não muito. "O ano de 2009 vai ser difícil para todo mundo."




Conselhão fará seminário sobre desenvolvimento

A crise financeira levou o CDES (Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social), o Conselhão, a organizar a segunda fase do Seminário Internacional sobre Desenvolvimento para discutir os desafios para o crescimento do Brasil neste novo cenário econômico. O evento, que será realizado de 4 a 6 de março, em Brasília, começou em 2006 e terá continuidade neste ano.
Um dos convidados a participar do evento é o megainvestidor George Soros. Para aceitar o convite, ele pediu uma audiência reservada com o presidente Lula. Até o momento, o encontro não foi agendado.
O seminário terá duas questões centrais para discussão: estratégias para o desenvolvimento brasileiro nesta conjuntura de crise e o papel dos emergentes em uma fase de transição da economia global para a de um mundo multipolar.
Durante os três dias do evento, também serão realizados debates sobre temas como a nova política agrícola do país, infraestrutura e desenvolvimento produtivo, integração regional e política externa, papel do Estado no combate ao subdesenvolvimento e perspectivas para o novo sistema de regulação das finanças internacionais.
Ao final do seminário, o resultado dos debates será apresentado a Lula.
Já estão confirmadas as presenças de Otaviano Canuto (BID), Paulo Nogueira Batista Jr. (FMI), Rogério Studart (Banco Mundial) e James Galbraith (Economistas para a Paz).
Também participarão do seminário os economistas Armínio Fraga, Luiz Gonzaga Belluzzo, Marcio Pochmann, Maria da Conceição Tavares, entre outros.
Os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Paulo Bernardo (Planejamento) já confirmaram a participação. Guido Mantega (Fazenda) e Henrique Meirelles (Banco Central) ainda não.

LIMPEZA

A crise vai afetar os serviços de limpeza urbana, segundo Ariovaldo Caodaglio, presidente do Selurb (sindicato de empresas de limpeza urbana). As reduções de receitas e dificuldades no cumprimento do orçamento de 2009, que afetarão os municípios, clientes dos serviços, podem gerar inadimplência. Os cronogramas de investimentos previstos em serviços já contratados podem ser afetados, especialmente em obras de alto custo, como aterros sanitários, que exigem altos investimentos públicos, privados ou de parcerias.

ENXUTA
A Usiminas quer reduzir em R$ 220 milhões os custos na área industrial neste ano. O valor é o potencial de economia do programa Produtividade e Ação, que visa o corte de custos variáveis e a minimização de gargalos de produção. Segundo a empresa, a redução não inclui demissões, mas a revisão de processos produtivos.

DESFILE
A Hering lança na quinta, no Fashion Rio, coleção exclusiva para a venda em lojas multimarcas. O objetivo é fortalecer o canal de vendas.

COMBUSTÍVEL
A Shell Brasil fechou 2008 batendo o seu recorde de venda de combustíveis. A empresa vendeu 700 milhões de litros de combustível no mês de dezembro. Consolidados os 12 meses do ano, foram cerca de 8 bilhões de litros. Esse volume supera os números de 1998, quando a empresa operava cerca de 4.000 postos no país. Em 2008, a Shell registrou um crescimento de 18% no volume comercializado, um dos maiores valores registrados entre as grandes distribuidoras, superior ao número obtido pela BR Distribuidora.

com JOANA CUNHA e MARINA GAZZONI


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