|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Bradesco deve reagir com expansão orgânica agressiva
Sem opções de aquisição, banco usará marketing e preços para ganhar mercado
Apesar de pequenos no país, estrangeiros como Citibank e HSBC consideram o Brasil um país estratégico e relutam em vender operação
TONI SCIARRETTA
DA REPORTAGEM LOCAL
Com oportunidades restritas
de aquisições, só sobrou ao Bradesco a opção de focar sua expansão a partir do crescimento
orgânico e de políticas agressivas de marketing e de preços,
segundo analistas. O Bradesco
perdeu no ano passado a liderança em tamanho entre os
bancos privados e conserva
agora a terceira posição em ativos, atrás de Itaú/Unibanco e
Banco Brasil e pouco à frente
de Santander/Real.
Diante dos últimos negócios
envolvendo bancos, o Bradesco
teria sondado a possibilidade
de comprar as operações no
país do Citibank e do HSBC -e
até metade do Banco Votorantim. Os bancos não comentam.
Para João Augusto Salles,
analista da consultoria Lopes
Filho, não há mais possibilidades efetivas de compra para o
Bradesco porque os bancos estrangeiros não querem deixar o
país. "O Bradesco perdeu o primeiro lugar no ranking, mas
continua remando a braçadas.
Não vai comprar ninguém, até
porque não tem ninguém à
venda. O Citibank é uma caixa
de surpresas, tudo emana da
matriz, mas acho difícil porque
a operação no Brasil é altamente rentável. Se vender, daqui
dez anos vai ter de voltar."
Para Domingos Pandeló,
professor do Ibmec-SP, os bancos correm o risco de "quebrar
a cara" se entrarem em corrida
por aquisições sem sentido.
"Essa associação do Itaú com
Unibanco mexeu com o tabuleiro do setor, em termos reais
e principalmente psicológico.
Não sobraram outros grandes
bancos para ser adquiridos. Os
bancos têm uma preocupação
muito grande de serem o primeiro, mas não vejo relevância
nisso. Uma política de aquisição maluca pode, ao invés de
agregar, destruir valor."
Para Luis Miguel Santacreu,
analista da Austin Ratings, o
momento seria ideal para o
Bradesco deslanchar uma política agressiva de preços com os
principais concorrentes digerindo fusões e aquisições.
"Foi um choque o momento
em que o Bradesco sentiu que
perdeu a liderança, mas tem
muito pouca opção [de aquisição]. Comprar para ficar no primeiro lugar não agrega. Crescer
organicamente é a jogada do
Bradesco. Ele está enxuto, capitalizado, não tem de se preocupar em digerir bancos adquiridos e pode ganhar participação
de mercado. Itaú, Unibanco e
Santander vão gastar uns anos
em reestruturação", disse.
Entre as iniciativas para ganhar mercado, comenta-se que
o Bradesco deverá se tornar o
principal patrocinador do Corinthians, que tem 25 milhões
de torcedores. A cota de patrocínio, que era da Medial Saúde,
deverá custar até R$ 20 milhões. O Bradesco e o Corinthians negam o acordo.
O presidente do Bradesco,
Marcio Cypriano, tem aposentadoria prevista para acontecer
em março deste ano, de acordo
com o estatuto do banco, que
determina o afastamento de diretores a partir de 65 anos. Mas
diante das mudanças no mercado bancário, a expectativa é
que o estatuto seja revisto e que
Cypriano continue no comando por mais algum tempo.
Texto Anterior: César Benjamin: Depois do massacre Próximo Texto: Trabalho: Para sindicatos, compra não deve causar demissões Índice
|