São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Por R$ 5,3 bi, Oi conclui a compra da Brasil Telecom

Empresa diz que quer expandir atuação ao exterior

SAMANTHA LIMA
DA SUCURSAL DO RIO

Depois de quase um ano e meio de negociações, a Oi assumiu ontem as operações da Brasil Telecom. A compra do controle da empresa foi concluída na noite de quinta-feira, por R$ 5,3 bilhões. A Oi passa a ter 53 milhões de clientes, receita de R$ 40 bilhões, 54% do mercado de telefonia fixa e 19% da telefonia móvel.
O presidente da Oi, Luiz Eduardo Falco, calcula que o processo de integração das empresas deverá levar 18 meses e resultará em redução de custos da ordem de R$ 1 bilhão. "Esse ganho será repassado ao consumidor nos reajuste tarifários a partir deste ano", afirma.
"A redução de custos chegará a 4% em 2012", calcula a analista de telecomunicações Beatriz Batelli, da Brascan Corretora. A Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações) determinou que a empresa não faça demissões até abril de 2010. A Oi passa a ter 66 mil funcionários.
Nos próximos 30 dias, a empresa apresentará à CVM (Comissão de Valores Mobiliários) a proposta para a compra das ações da Brasil Telecom nas mãos dos minoritários. O preço mínimo será de 80% do valor pago aos antigos controladores (R$ 77,04).
Em seguida, a Oi reorganizará sua estrutura de ações. Hoje são negociadas seis ações diferentes da operadora e de sua controladora, a Oi Participações. O objetivo é reduzir a dois tipos. Ao fim do processo, o valor total da operação chegará a R$ 12 bilhões.
A Oi pretende disputar mercados no exterior. "Começaremos a expansão pelos vizinhos e nos países africanos que falam a língua portuguesa", diz Falco. "Mas, neste momento, teremos que nos concentrar no pagamento deste negócio".
A nova empresa planeja chegar a 110 milhões de clientes, dos quais 30 milhões no exterior, até 2014. São previstos investimentos de R$ 30 bilhões no período.
A compra da Brasil Telecom pela Oi teve, desde o início, o apoio do governo, que defendia a criação de um grupo nacional forte no setor. Mas a negociação inicial entre os sócios das empresas levou mais de seis meses até a conclusão, em abril. A empresa tinha uma intrincada estrutura societária, criada após a aquisição da Tele Centro Oeste no leilão de privatização das telecomunicações, em 98.
A estrutura, criada pelo acionista da Brasil Telecom Daniel Dantas, lhe assegurava o controle da companhia mesmo tendo menos ações do que Citigroup e fundos de pensão liderados pela Previ. Os acionistas iniciaram, então, a maior disputa societária do país. Em 2005, Dantas foi removido do controle da BrT. Em abril, para permitir o avanço da venda, os sócios suspenderam as ações judiciais que impetraram entre si. Na época, a Oi também sofreu reestruturação para saída da GP Investimentos, dos fundos de pensão e, novamente, de Dantas. A operação custou cerca de R$ 2,5 bilhões, com recursos do BNDES. A aquisição da Brasil Telecom pela Oi foi, então, anunciada.
Foi necessário, porém, esperar a mudança na legislação para concluir o negócio. Em novembro, o governo alterou o Plano Geral de Outorgas, criado em 1988, para permitir que um mesmo grupo pudesse operar em duas áreas distintas. Em dezembro, a Anatel autorizou o negócio, mas impôs à Oi 26 obrigações em expansão de serviços e investimentos.
O negócio ainda será avaliado no Cade (Conselho Administrativo de Defesa da Concorrência). "Não deverá haver restrição porque as empresas praticamente não concorriam", afirma Batelli.
Os recursos da aquisição concluída anteontem saíram do caixa da empresa, segundo Falco. Permanecem como sócios os grupos Andrade Gutierrez e La Fonte, além do BNDES e do fundo de pensão dos trabalhadores da Oi.


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