São Paulo, sábado, 10 de janeiro de 2009

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Após perdas, Votorantim reforça caixa

DA REPORTAGEM LOCAL

Em menos de um mês, a Votorantim passou de protagonista de um dos maiores negócios do ano à situação de empresa em busca de recomposição de caixa. Foi no dia 15 de setembro, a segunda-feira na qual foi anunciada a quebra do banco Lehman Brothers, que o grupo Votorantim comunicou a união entre VCP (Votorantim Celulose e Papel) e Aracruz.
O negócio envolvia a compra da Arapar, dona de 28% da Aracruz, por R$ 2,7 bilhões. VCP e Arainvest (controlada pelo grupo financeiro Safra) promoveriam a criação da gigante da celulose, com faturamento líquido anual de R$ 6,3 bilhões.
"Em seis meses teremos um termômetro para saber se essa crise é passageira ou se é de médio ou longo prazo", disse José Roberto Ermírio de Moraes, presidente do Conselho de Administração da VCP, em entrevista coletiva sobre a aquisição, em 17 de setembro.
Ermírio de Moraes não precisou esperar tanto. Duas semanas depois, em 3 de outubro, a Aracruz veio a mercado comunicar perdas de R$ 1,95 bilhão com operações financeiras cambiais, os chamados derivativos, causadas pela alta do dólar. No mesmo dia, em fato relevante, o negócio foi suspenso.
Uma semana depois, foi a vez de a próprio Votorantim reconhecer perdas de R$ 2,2 bilhões com derivativos.
Com caixa único para todas as empresas, o grupo teve de começar a reforçá-lo, segundo fontes próximas à empresa. Comunicado enviado à diretoria informava que o programa de investimentos até 2012 estava mantido, mas que haveria "ajustes seletivos de cronogramas em 2009 e possivelmente em 2010". O grupo passou ainda a focar apenas nos negócios principais, dizem essas fontes. Foi posta à venda a participação da Votorantim na CPFL Energia por R$ 2 bilhões, segundo pessoas próximas ao grupo. O Votorantim não comenta a venda da CPFL Energia.
De acordo com José Ermírio de Moraes Neto, presidente do Conselho do Votorantim, o dinheiro do BB não será usado em socorro à área industrial. A agência Standard&Poor's, no entanto, afirmou em relatório que a venda geraria liquidez à Votorantim Participações, que abriga todo o grupo.
Além das perdas com derivativos, a Votorantim estaria sujeita a uma multa de R$ 1 bilhão, caso desistisse da compra da Arapar. A VCP informou, nesta semana, que a continua negociando.


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