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Após perdas, Votorantim reforça caixa
DA REPORTAGEM LOCAL
Em menos de um mês, a
Votorantim passou de protagonista de um dos maiores
negócios do ano à situação de
empresa em busca de recomposição de caixa. Foi no dia
15 de setembro, a segunda-feira na qual foi anunciada a
quebra do banco Lehman
Brothers, que o grupo Votorantim comunicou a união
entre VCP (Votorantim Celulose e Papel) e Aracruz.
O negócio envolvia a compra da Arapar, dona de 28%
da Aracruz, por R$ 2,7 bilhões. VCP e Arainvest (controlada pelo grupo financeiro Safra) promoveriam a
criação da gigante da celulose, com faturamento líquido
anual de R$ 6,3 bilhões.
"Em seis meses teremos
um termômetro para saber
se essa crise é passageira ou
se é de médio ou longo prazo", disse José Roberto Ermírio de Moraes, presidente
do Conselho de Administração da VCP, em entrevista
coletiva sobre a aquisição,
em 17 de setembro.
Ermírio de Moraes não
precisou esperar tanto. Duas
semanas depois, em 3 de outubro, a Aracruz veio a mercado comunicar perdas de
R$ 1,95 bilhão com operações financeiras cambiais, os
chamados derivativos, causadas pela alta do dólar. No
mesmo dia, em fato relevante, o negócio foi suspenso.
Uma semana depois, foi a
vez de a próprio Votorantim
reconhecer perdas de R$ 2,2
bilhões com derivativos.
Com caixa único para todas as empresas, o grupo teve
de começar a reforçá-lo, segundo fontes próximas à empresa. Comunicado enviado
à diretoria informava que o
programa de investimentos
até 2012 estava mantido,
mas que haveria "ajustes seletivos de cronogramas em
2009 e possivelmente em
2010". O grupo passou ainda
a focar apenas nos negócios
principais, dizem essas fontes. Foi posta à venda a participação da Votorantim na
CPFL Energia por R$ 2 bilhões, segundo pessoas próximas ao grupo. O Votorantim não comenta a venda da
CPFL Energia.
De acordo com José Ermírio de Moraes Neto, presidente do Conselho do Votorantim, o dinheiro do BB não
será usado em socorro à área
industrial. A agência Standard&Poor's, no entanto,
afirmou em relatório que a
venda geraria liquidez à Votorantim Participações, que
abriga todo o grupo.
Além das perdas com derivativos, a Votorantim estaria
sujeita a uma multa de R$ 1
bilhão, caso desistisse da
compra da Arapar. A VCP informou, nesta semana, que a
continua negociando.
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