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MERCADO TENSO
Economista diz que o Japão deverá ser a maior ameaça à economia mundial
Dornbusch prevê desaquecimento em 99
CHICO SANTOS
da Sucursal do Rio
O economista alemão, naturalizado norte-americano, Rudiger
Dornbusch, do MIT (Massachusetts Institute of Technology), afirmou, em ensaio a ser publicado na
edição de janeiro da revista "Conjuntura Econômica", que a perspectiva para 99 é de "desaquecimento em todo o mundo".
De acordo com ele, a maior
ameaça à economia mundial vem
do Japão, que deve permanecer em
recessão, com perspectivas "mínimas" de uma ação decisiva para
sair dessa situação. "Com isso,
continua ameaçada a economia
mundial."
Dornbusch cita uma pesquisa da
revista "The Economist" (inglesa),
segundo a qual o crescimento econômico dos países industrializados cai de 2,2% em 98 para 1,5%
em 99. Nos EUA, a queda seria de
3,6% para 2%; no Japão, a recessão
passaria de -2,8% para -0,9%; e na
Europa, o crescimento cairia de
2,8% para 2,2%.
A "Conjuntura Econômica" é
uma publicação da FGV (Fundação Getúlio Vargas).
No artigo, Dornbusch diz que
"os problemas dos mercados
emergentes continuam a preocupar os mercados de capital". Ele
afirma também que a América Latina segue preocupando tanto os
EUA como a Europa e o Japão.
Um dos maiores críticos da atual
política econômica brasileira, especialmente da política cambial,
Dornbusch não faz nenhuma referência direta ao país no ensaio feito
para a FGV. Ele concentra sua análise nas situações dos EUA, Japão e
Europa.
Da mesma forma que vem há
muito defendendo uma desvalorização do real, o economista defende que o Japão faça uma forte desvalorização da sua moeda, o iene,
como um primeiro passo "para
evitar a crescente espiral deflacionária (queda sistemática dos preços), que já está fugindo ao controle das autoridades".
Em relação aos EUA, Dornbusch
ressalta como problema mais
preocupante "o crescente déficit
em conta corrente" (entradas menos saídas de dólares). Ressalva
que "não há risco imediato de crise, desde que a inflação permaneça
moderada e as finanças públicas
continuem fortes".
Ainda sobre o déficit norte-americano, gerado pela falta de poupança interna, o economista afirma que ele "constitui, na verdade,
um extraordinário problema futuro para o resto do mundo".
E pergunta: "Quando os EUA começarem a poupar, como é que o
mundo vai gerar demanda para
preencher a lacuna deixada?"
Já em relação à Europa, que ele
chama de eurolândia (comunidades dos países que adotaram no último dia 2 o euro como moeda), ele
afirma que o maior problema continuará sendo o desemprego.
"Seria preciso uma taxa de crescimento em torno de 2,7% (este
ano) para que o desemprego permanecesse no nível que está, o que
não deve acontecer", afirma.
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