São Paulo, domingo, 10 de fevereiro de 2002

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Crise mundial emperra exportação

DA REPORTAGEM LOCAL

Um conjunto de razões fez com que o capital estrangeiro não conseguisse estimular as exportações brasileiras. O que se previa era que a abertura da economia, além de modernizar as empresas, traria ganhos para o país no exterior.
Além da dupla câmbio sobrevalorizado e juros altos, a desaceleração da economia mundial é culpada pelo fato de o Brasil ainda não ter se tornado um grande exportador, segundo economistas ouvidos pela Folha.
"Não adianta a empresa querer exportar se ela não tem para quem vender", afirma Fernando Sarti, pesquisador do Núcleo de Economia da Indústria e da Tecnologia da Unicamp.
Com a desvalorização do real, em 99, diz ele, o que se esperava era que o Brasil ia dar um salto nas exportações. Não foi o que aconteceu. Em 99 e em 2000, o país teve déficit de US$ 1,2 bilhão e de US$ 730 milhões, respectivamente. No ano passado o saldo foi positivo (US$ 2 bilhões).
A competição mundial não está fácil, diz ele. "Coreanos, argentinos, chineses e japoneses também querem ampliar participação no comercial internacional."
Além de a economia mundial estar arrefecida, o Brasil tem de enfrentar as barreiras comerciais impostas pelos países desenvolvidos. Os EUA, por exemplo, devem definir no mês que vem cotas e tarifas para o aço no mundo. A agroindústria brasileira também tem dificuldade para entrar na Europa por causa dos subsídios. "Em resumo: o mercado internacional está menor, mais competitivo e protecionista."
As empresas estrangeiras instaladas aqui não exportam mais, na análise de Sarti, porque também disputam mercado com as suas filiais espalhadas pelo mundo. "Elas geralmente vêm para disputar principalmente o mercado interno e uma região próxima."
Quando há uma crise no mercado interno, diz, elas acabam destinando mais dos seus produtos para o mercado externo como válvula de escape. (FF)


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