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São Paulo, segunda-feira, 10 de fevereiro de 2003

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FOLHA INVEST

MERCADO FINANCEIRO

Analistas mantêm o perfil conservador, mas já se preparam para os desdobramentos do conflito

Iminência de guerra move investidores

MARIA CRISTINA FRIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

Eventos relacionados à possível guerra ao Iraque dominam a agenda da semana. Gestores de fundos avaliam alternativas a carteiras menos defensivas para quando a incerteza externa diminuir.
O destaque da agenda é a reunião do Conselho de Segurança da ONU, na sexta-feira, quando o chefe dos inspetores apresentará suas conclusões. A passagem do Hajj, peregrinação islâmica a Meca que acaba na quarta-feira, reforça a expectativa de início da operação militar.
"A iminência de guerra é que guia o mercado", diz Fábio Zagatti, analista de investimentos da corretora do HSBC.
Analistas mantêm o perfil conservador de suas carteiras, mas alguns deles afirmam já se preparar para quando os desdobramentos do conflito no Oriente Médio se tornarem mais claros.
"Está chegando o momento de ficar menos defensivo, de trocar papéis de exportadoras por empresas domésticas como de telecomunicações e bancos", diz o estrategista para ações brasileiras do grupo BBVA, Jeffrey Noble.
Papéis de exportadoras são considerados defensivos em momentos de incertezas porque, por terem receitas em dólar, se beneficiam da desvalorização do real.
"Por enquanto, ainda é cedo para buscar ações mais agressivas. Não sabemos quando será a hora certa, talvez no final de fevereiro", completa o analista canadense.
Segundo ele, investidores do mercado externo já analisam com mais atenção os mercados emergentes, considerados mais arriscados, entre eles o do Brasil.
"Estamos mais otimistas de que a situação no Brasil vai melhorar com relação à aversão ao risco. O risco Brasil vai cair. Está em níveis exagerados", diz Jeffrey.
"Com a expectativa de dólar médio para o ano de R$ 3,50 e maior estabilidade do dólar para o ano, empresas endividadas não geram despesa pela variação cambial e, com vendas constantes, tornam-se mais interessantes", diz Thiago Arnhold, da corretora Geração Futuro.
Como tem acontecido há semanas, investidores temeram passar o fim de semana posicionados, uma vez que Estados Unidos e ONU podem definir posições relativas a um possível ataque ao Iraque nos próximos dias.
Na sexta-feira passada, a Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo) caiu 1,75%, acompanhando as Bolsas americanas. Dow Jones recuou 0,82% e a Nasdaq, das ações de alta tecnologia, 1,48% e o dólar caiu 0,19%, para R$ 3,585. O Banco Central rolou 54,2% de dívida cambial de US$ 2,5 bilhões que vence no próximo dia 13.
Esta semana, a disputa entre investidores para o vencimento de opções no dia 17 deve causar movimentação adicional na Bolsa.

inflação
A pouco mais de uma semana da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), analistas concentram a atenção nos índices de preços.
A expectativa é de desaceleração da alta da inflação em fevereiro em relação a janeiro. A pressão de produtos agrícolas no primeiro mês do ano seria transitória.
Hoje sai a primeira prévia do IGP-M (Índice Geral de Preços do Mercado). Amanhã, será a vez do IGP-DI (Índice Geral de Preços -Disponibilidade Interna). Na quarta-feira será divulgado o IPC-Fipe (Índice de Preços ao Consumidor) para o mesmo período e na quinta-feira, sai o IPCA (amplo) de janeiro.
Apesar da redução da alta da inflação, os índices não têm caído na velocidade esperada, o que alimenta temores em relação a nova elevação dos juros pelo BC, na reunião marcada para o dia 19.



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