São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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LEITE DERRAMADO

Sócias na empresa paranaense, cooperativas alegam que crise da multinacional afastou fornecedores e bancos

Juíza tira Parmalat do controle da Batávia

DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA

A juíza Denise Damo Comel, da Vara Cível de Carambeí (130 km de Curitiba), destituiu a Parmalat do controle da empresa Batávia, localizada naquele município, na região central do Paraná.
Comel concedeu liminar a duas cooperativas -Laticínios do Paraná, de Carambeí, e Agromilk, de Concórdia (SC). Os cooperados pediram que a Parmalat saísse da sociedade por causa da crise financeira e das fraudes contábeis enfrentadas pela multinacional.
Segundo eles, a situação estaria prejudicando os negócios, com o afastamento de fornecedores e bancos da Batávia.
Os minoritários assumiram o controle da empresa e convocaram assembléia para recompor o Conselho de Administração da Batávia: os cinco representantes da Parmalat, dos nove conselheiros, serão substituídos nesta semana. A Parmalat disse que não iria se pronunciar porque não tinha sido informada oficialmente sobre a liminar.
A Parmalat possui 51% das ações da Batávia. Laticínios do Paraná e Agromilk detêm 46% e 3% das ações, respectivamente. A Batávia era a única empresa no país em que a Parmalat dividia a sociedade com terceiros.
Em 1998, as duas cooperativas formaram uma joint venture com a multinacional. Ela pagou R$ 140 milhões (valores da época) para comandar a produção de leite, iogurte, manteiga e creme de leite.
Os sócios das cooperativas disseram que querem comprar a participação da multinacional na Batávia. Pediram à Justiça a nomeação de um perito para atualizar o valor das ações.
A crise financeira surgida na matriz da Parmalat, na Itália, precipitou a iniciativa dos produtores na Justiça. "Instituições financeiras e fornecedores reduziram linhas de créditos à Batávia por não saber quais as garantias que teriam da principal controladora da empresa, que atravessa uma crise de credibilidade", disse o advogado da cooperativa Laticínios do Paraná, Marcelo Bertoldi.
"Antes, os minoritários estavam impedidos de colocar capital na empresa, o que irá mudar a partir de agora. A liminar foi uma ação preventiva para manter a empresa funcionando a todo o vapor."
Apesar do recuo de bancos e prestadores de serviço, Bertoldi afirmou que as contas da Batávia estão em ordem e não haverá mudanças nas linhas de produção, que geram 1.700 empregos diretos e outros 1.200 indiretos, com faturamento aproximado de R$ 500 milhões por ano.


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