|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
LEITE DERRAMADO
Sócias na empresa paranaense, cooperativas alegam que crise da multinacional afastou fornecedores e bancos
Juíza tira Parmalat do controle da Batávia
DIMITRI DO VALLE
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CURITIBA
A juíza Denise Damo Comel, da
Vara Cível de Carambeí (130 km
de Curitiba), destituiu a Parmalat
do controle da empresa Batávia,
localizada naquele município, na
região central do Paraná.
Comel concedeu liminar a duas
cooperativas -Laticínios do Paraná, de Carambeí, e Agromilk, de
Concórdia (SC). Os cooperados
pediram que a Parmalat saísse da
sociedade por causa da crise financeira e das fraudes contábeis
enfrentadas pela multinacional.
Segundo eles, a situação estaria
prejudicando os negócios, com o
afastamento de fornecedores e
bancos da Batávia.
Os minoritários assumiram o
controle da empresa e convocaram assembléia para recompor o
Conselho de Administração da
Batávia: os cinco representantes
da Parmalat, dos nove conselheiros, serão substituídos nesta semana. A Parmalat disse que não
iria se pronunciar porque não tinha sido informada oficialmente
sobre a liminar.
A Parmalat possui 51% das
ações da Batávia. Laticínios do Paraná e Agromilk detêm 46% e 3%
das ações, respectivamente. A Batávia era a única empresa no país
em que a Parmalat dividia a sociedade com terceiros.
Em 1998, as duas cooperativas
formaram uma joint venture com
a multinacional. Ela pagou R$ 140
milhões (valores da época) para
comandar a produção de leite, iogurte, manteiga e creme de leite.
Os sócios das cooperativas disseram que querem comprar a
participação da multinacional na
Batávia. Pediram à Justiça a nomeação de um perito para atualizar o valor das ações.
A crise financeira surgida na
matriz da Parmalat, na Itália, precipitou a iniciativa dos produtores na Justiça. "Instituições financeiras e fornecedores reduziram
linhas de créditos à Batávia por
não saber quais as garantias que
teriam da principal controladora
da empresa, que atravessa uma
crise de credibilidade", disse o advogado da cooperativa Laticínios
do Paraná, Marcelo Bertoldi.
"Antes, os minoritários estavam
impedidos de colocar capital na
empresa, o que irá mudar a partir
de agora. A liminar foi uma ação
preventiva para manter a empresa funcionando a todo o vapor."
Apesar do recuo de bancos e
prestadores de serviço, Bertoldi
afirmou que as contas da Batávia
estão em ordem e não haverá mudanças nas linhas de produção,
que geram 1.700 empregos diretos
e outros 1.200 indiretos, com faturamento aproximado de R$ 500
milhões por ano.
Texto Anterior: Imposto de Renda: Receita Federal cancela mais 7,84 mi de CPFs Próximo Texto: Justiça recebe pedido de despejo da sede da empresa em São Paulo Índice
|