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Justiça recebe pedido de despejo
da sede da empresa em São Paulo
SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL
A crise da Parmalat chegou a
um estágio terminal: foi pedido
ontem, na Justiça, o despejo da sede da empresa, por falta de pagamento de aluguel desde dezembro. A Maxcorp Assessoria e Participações entrou com ação de
despejo na 29ª Vara Cível, para retomar o prédio nº 1.629, da rua
Gomes de Carvalho, na Vila
Olimpia, onde funciona a sede do
grupo em São Paulo.
Nas fábricas, o índice de paralisação da produção subiu para
60%, em média, segundo a assessoria da empresa. Três das oito
unidades - duas em Jundiaí (SP)
e uma em Santa Helena (GO) permanecem paradas.
Se não entrar dinheiro novo, a
sobrevida da empresa é questão
de dias, segundo a Folha apurou.
Consultores que acompanham o
caso dizem que a situação se agrava dia após dia. Segundo esses
analistas, sem novos recursos, a
empresa pode fechar as portas.
"Da Itália não virá dinheiro, o
[Enrico] Bondi nos disse que sua
função é salvar a matriz italiana",
diz Siderlei Oliveira, presidente da
Contac (Confederação Nacional
dos Trabalhadores na Indústria
da Alimentação e Assalariados).
Ele esteve neste mês com uma delegação de sindicalistas na Itália,
onde se reuniu com Bondi durante mais de três horas.
Na sua opinião, "logo a empresa
vai parar de pagar os salários dos
trabalhadores", pois não está conseguindo gerar recursos internamente. De fora do país, não virá
ajuda. Oliveira defende a criação
de um fundo local para manter as
fábricas operando. "Precisamos
salvar os 6.000 empregos, não o
grupo Parmalat", diz ele.
Consultores ouvidos pela Folha
dizem ser improvável qualquer
socorro ou intervenção federal.
Haveria, então, na opinião desses
analistas, duas alternativas: um
pedido de autofalência ou a decretação da falência pela Justiça.
Como a empresa não paga os
fornecedores de leite, polpa de
frutas e tomates, sua linha de produção não é abastecida. O fornecimento de leite caiu 50% em relação ao período anterior à crise.
O problema, segundo analistas,
é que, mesmo que ocorra aporte
de novos recursos, a Parmalat terá
dificuldade em recobrar a credibilidade com os fornecedores. Ela
teria que garantir os pagamentos
futuros, para convencer os fornecedores que migraram para outras empresas a voltar.
A própria Parmalat admite que
"as possibilidades [de recuperação] estão se fechando", segundo
Afonso Champi, assessor da empresa. Ele diz que a companhia vai
tentar sobreviver e que a venda de
ativos do grupo é uma das possibilidades.
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