São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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Justiça recebe pedido de despejo da sede da empresa em São Paulo

SANDRA BALBI
DA REPORTAGEM LOCAL

A crise da Parmalat chegou a um estágio terminal: foi pedido ontem, na Justiça, o despejo da sede da empresa, por falta de pagamento de aluguel desde dezembro. A Maxcorp Assessoria e Participações entrou com ação de despejo na 29ª Vara Cível, para retomar o prédio nº 1.629, da rua Gomes de Carvalho, na Vila Olimpia, onde funciona a sede do grupo em São Paulo.
Nas fábricas, o índice de paralisação da produção subiu para 60%, em média, segundo a assessoria da empresa. Três das oito unidades - duas em Jundiaí (SP) e uma em Santa Helena (GO) permanecem paradas.
Se não entrar dinheiro novo, a sobrevida da empresa é questão de dias, segundo a Folha apurou. Consultores que acompanham o caso dizem que a situação se agrava dia após dia. Segundo esses analistas, sem novos recursos, a empresa pode fechar as portas.
"Da Itália não virá dinheiro, o [Enrico] Bondi nos disse que sua função é salvar a matriz italiana", diz Siderlei Oliveira, presidente da Contac (Confederação Nacional dos Trabalhadores na Indústria da Alimentação e Assalariados). Ele esteve neste mês com uma delegação de sindicalistas na Itália, onde se reuniu com Bondi durante mais de três horas.
Na sua opinião, "logo a empresa vai parar de pagar os salários dos trabalhadores", pois não está conseguindo gerar recursos internamente. De fora do país, não virá ajuda. Oliveira defende a criação de um fundo local para manter as fábricas operando. "Precisamos salvar os 6.000 empregos, não o grupo Parmalat", diz ele.
Consultores ouvidos pela Folha dizem ser improvável qualquer socorro ou intervenção federal. Haveria, então, na opinião desses analistas, duas alternativas: um pedido de autofalência ou a decretação da falência pela Justiça.
Como a empresa não paga os fornecedores de leite, polpa de frutas e tomates, sua linha de produção não é abastecida. O fornecimento de leite caiu 50% em relação ao período anterior à crise.
O problema, segundo analistas, é que, mesmo que ocorra aporte de novos recursos, a Parmalat terá dificuldade em recobrar a credibilidade com os fornecedores. Ela teria que garantir os pagamentos futuros, para convencer os fornecedores que migraram para outras empresas a voltar.
A própria Parmalat admite que "as possibilidades [de recuperação] estão se fechando", segundo Afonso Champi, assessor da empresa. Ele diz que a companhia vai tentar sobreviver e que a venda de ativos do grupo é uma das possibilidades.


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