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PRIVATIZAÇÃO
Se leilão sair, será a primeira desestatização do governo Lula
Bradesco e Itaú disputam BEM hoje
SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA
Federalizado em julho de 2000,
o BEM (Banco do Estado do Maranhão) deve se tornar hoje a primeira privatização de um órgão
federal no governo do presidente
Luiz Inácio Lula da Silva. A instituição será leiloada pelo preço mínimo de R$ 77,17 milhões, na sede
da Bovespa (Bolsa de Valores de
São Paulo).
Apenas o Bradesco e o Itaú disputam o controle do banco. As
duas instituições depositaram na
última quarta-feira o valor exigido como garantia (equivalente ao
preço mínimo) e apresentaram a
documentação necessária para
participar do leilão.
A União também irá colocar à
disposição dos funcionários 10%
das ações do banco, conforme determina a legislação.
O BEM foi federalizado em julho de 2000, dias depois de uma
malsucedida tentativa de privatização da instituição, em um leilão
na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Nenhum interessado apareceu para arrematar o banco.
Um acordo de junho de 1998, no
governo de Roseana Sarney
(PFL), previa que o Estado passaria o controle do BEM à União se
não fosse vendido no leilão.
Segundo o presidente do BEM,
Reginaldo Brandt Silva, que está
no cargo desde a sua federalização, a instituição está "perfeitamente saneada".
"Já passamos por exames por
parte do Banco Central e acreditamos que o banco está atualmente
saneado. Uma coisinha aqui ou ali
pode não estar perfeitamente
identificada, mas está em processo de solução", disse Silva.
Para o presidente do banco, o
BEM é a primeira instituição financeira a ser privatizada pelo
atual governo pelo "avançado
processo de saneamento" no qual
se encontra.
"Trouxemos a instituição para
uma realidade que interessa mais
ao mercado", disse Brandt. Segundo o presidente, sua gestão
aprofundou o estudo econômico-financeiro de diversas ações do
banco e promoveu um grande
programa de recuperação de créditos inadimplentes.
Em protesto contra a privatização, os funcionários do banco farão uma paralisação hoje. Ontem,
o Sindicato dos Bancários do Maranhão organizou um ato público
na frente da sede do BEM, em São
Luís, contra a venda do banco.
Com a privatização, os funcionários temem que ocorram demissões e fechamento de agências.
Na semana passada, a Justiça
Federal negou uma liminar apresentada pelo sindicato com o pedido de suspensão da venda. Os
trabalhadores apresentaram um
pedido de reconsideração solicitando que fosse retirado do edital
de venda o item que prevê a manutenção dos depósitos do governo no BEM até 2010. A matéria
ainda não foi apreciada.
Atualmente, o banco tem 76
agências e 20 postos de atendimento, todos no Maranhão. Em
28 municípios, a agência do BEM
é a única instituição bancária.
Segundo o presidente do banco,
menos de dez agências são deficitárias. Mas, para ele, a ativação de
carteiras comerciais, industrial e
habitacional, suspensas durante o
processo de privatização, pode virar o resultado para positivo.
Para o presidente do Sindicato
dos Bancários do Maranhão, Raimundo Costa, o banco público
desempenha importante função
social no Estado e a sua privatização "é um passo para trás no desenvolvimento do Maranhão".
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