São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PRIVATIZAÇÃO

Se leilão sair, será a primeira desestatização do governo Lula

Bradesco e Itaú disputam BEM hoje

SÍLVIA FREIRE
DA AGÊNCIA FOLHA

Federalizado em julho de 2000, o BEM (Banco do Estado do Maranhão) deve se tornar hoje a primeira privatização de um órgão federal no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A instituição será leiloada pelo preço mínimo de R$ 77,17 milhões, na sede da Bovespa (Bolsa de Valores de São Paulo).
Apenas o Bradesco e o Itaú disputam o controle do banco. As duas instituições depositaram na última quarta-feira o valor exigido como garantia (equivalente ao preço mínimo) e apresentaram a documentação necessária para participar do leilão.
A União também irá colocar à disposição dos funcionários 10% das ações do banco, conforme determina a legislação.
O BEM foi federalizado em julho de 2000, dias depois de uma malsucedida tentativa de privatização da instituição, em um leilão na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro. Nenhum interessado apareceu para arrematar o banco.
Um acordo de junho de 1998, no governo de Roseana Sarney (PFL), previa que o Estado passaria o controle do BEM à União se não fosse vendido no leilão.
Segundo o presidente do BEM, Reginaldo Brandt Silva, que está no cargo desde a sua federalização, a instituição está "perfeitamente saneada".
"Já passamos por exames por parte do Banco Central e acreditamos que o banco está atualmente saneado. Uma coisinha aqui ou ali pode não estar perfeitamente identificada, mas está em processo de solução", disse Silva.
Para o presidente do banco, o BEM é a primeira instituição financeira a ser privatizada pelo atual governo pelo "avançado processo de saneamento" no qual se encontra.
"Trouxemos a instituição para uma realidade que interessa mais ao mercado", disse Brandt. Segundo o presidente, sua gestão aprofundou o estudo econômico-financeiro de diversas ações do banco e promoveu um grande programa de recuperação de créditos inadimplentes.
Em protesto contra a privatização, os funcionários do banco farão uma paralisação hoje. Ontem, o Sindicato dos Bancários do Maranhão organizou um ato público na frente da sede do BEM, em São Luís, contra a venda do banco. Com a privatização, os funcionários temem que ocorram demissões e fechamento de agências.
Na semana passada, a Justiça Federal negou uma liminar apresentada pelo sindicato com o pedido de suspensão da venda. Os trabalhadores apresentaram um pedido de reconsideração solicitando que fosse retirado do edital de venda o item que prevê a manutenção dos depósitos do governo no BEM até 2010. A matéria ainda não foi apreciada.
Atualmente, o banco tem 76 agências e 20 postos de atendimento, todos no Maranhão. Em 28 municípios, a agência do BEM é a única instituição bancária.
Segundo o presidente do banco, menos de dez agências são deficitárias. Mas, para ele, a ativação de carteiras comerciais, industrial e habitacional, suspensas durante o processo de privatização, pode virar o resultado para positivo.
Para o presidente do Sindicato dos Bancários do Maranhão, Raimundo Costa, o banco público desempenha importante função social no Estado e a sua privatização "é um passo para trás no desenvolvimento do Maranhão".


Texto Anterior: Frases
Próximo Texto: Trabalho: BNDES deve priorizar setor que crie vagas
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.