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NORDESTE
Vale do São Francisco teve 100% da área atingida
Chuvas devem causar prejuízos de US$ 50 milhões à fruticultura
RÔMULO NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL
As chuvas que atingiram a região do Vale do São Francisco afetaram 100% dos 103 mil hectares
utilizados pela fruticultura nos
Estados da Bahia e de Pernambuco e causarão um prejuízo estimado em US$ 50 milhões, segundo a
Companhia de Desenvolvimento
dos Vales do São Francisco e do
Parnaíba (Codevasf), do Ministério da Integração Nacional.
O órgão montou equipes de
emergência para atender os produtores que tiveram as plantações
destruídas, e ainda não conseguiu
contabilizar todos os prejuízos.
"Toda a plantação foi atingida,
mas o principal problema não é a
colheita atual, que não chega a
15% da produção anual, mas a
realização dos procedimentos
que garantem a produtividade
durante o ano", diz Ubirajara Gomes, coordenador de Apoio à
Produção da Codevasf.
A região é responsável por quase 100% da produção de uva e
manga que é exportada pelo país,
mas também produz maracujá,
mamão, coco, banana e goiaba,
além de tomate e cebola.
Apenas as exportações de manga e uva, incluindo a fruta sem semente, mais valorizada no mercado, totalizaram cerca de US$ 130
milhões em 2003, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
A associação de produtores e
exportadores da região, a Valeexport, calcula prejuízo maior:
"Apenas nós produtores teremos
prejuízo de US$ 80 milhões, sem
contar a infra-estrutura pública
que foi afetada, como fios de alta
tensão e estradas", diz José Gualberto de Almeida, presidente da
entidade.
A região de Petrolina e Juazeiro,
na divisa de Pernambuco e Bahia,
responde por 65% da produção
do Vale do São Francisco e foi a
mais atingida pelas chuvas.
Os produtores realizam procedimentos como a indução floral
nas culturas de uva e manga para
distribuir melhor a produção do
ano e não haver um excesso de
oferta num período e falta no outro. Isso evita a oscilação muito
grande nos preços e garante colheitas durante o ano todo.
Com as chuvas, além da morte
de culturas anuais, tomate, por
exemplo, a adubação das plantações perenes, como manga e uva,
ficam danificadas, atingindo a colheita seguinte. Além disso, os
produtores não conseguem realizar a indução floral e distribuir a
colheita. "Sem produto o preço
vai subir agora, mas com o excesso de oferta do final do ano, nos
meses de outubro e novembro, o
preço das frutas vai cair demais e
nos prejudicar, trazendo mais
prejuízos", diz Almeida.
Outro ponto que trará prejuízos
aos cerca de 5.000 produtores da
região são os fungos que costumam aparecer na plantação depois das chuvas.
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