São Paulo, terça-feira, 10 de fevereiro de 2004

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NORDESTE

Vale do São Francisco teve 100% da área atingida

Chuvas devem causar prejuízos de US$ 50 milhões à fruticultura

RÔMULO NEVES
DA REPORTAGEM LOCAL

As chuvas que atingiram a região do Vale do São Francisco afetaram 100% dos 103 mil hectares utilizados pela fruticultura nos Estados da Bahia e de Pernambuco e causarão um prejuízo estimado em US$ 50 milhões, segundo a Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e do Parnaíba (Codevasf), do Ministério da Integração Nacional.
O órgão montou equipes de emergência para atender os produtores que tiveram as plantações destruídas, e ainda não conseguiu contabilizar todos os prejuízos.
"Toda a plantação foi atingida, mas o principal problema não é a colheita atual, que não chega a 15% da produção anual, mas a realização dos procedimentos que garantem a produtividade durante o ano", diz Ubirajara Gomes, coordenador de Apoio à Produção da Codevasf.
A região é responsável por quase 100% da produção de uva e manga que é exportada pelo país, mas também produz maracujá, mamão, coco, banana e goiaba, além de tomate e cebola.
Apenas as exportações de manga e uva, incluindo a fruta sem semente, mais valorizada no mercado, totalizaram cerca de US$ 130 milhões em 2003, segundo o Ministério do Desenvolvimento.
A associação de produtores e exportadores da região, a Valeexport, calcula prejuízo maior: "Apenas nós produtores teremos prejuízo de US$ 80 milhões, sem contar a infra-estrutura pública que foi afetada, como fios de alta tensão e estradas", diz José Gualberto de Almeida, presidente da entidade.
A região de Petrolina e Juazeiro, na divisa de Pernambuco e Bahia, responde por 65% da produção do Vale do São Francisco e foi a mais atingida pelas chuvas.
Os produtores realizam procedimentos como a indução floral nas culturas de uva e manga para distribuir melhor a produção do ano e não haver um excesso de oferta num período e falta no outro. Isso evita a oscilação muito grande nos preços e garante colheitas durante o ano todo.
Com as chuvas, além da morte de culturas anuais, tomate, por exemplo, a adubação das plantações perenes, como manga e uva, ficam danificadas, atingindo a colheita seguinte. Além disso, os produtores não conseguem realizar a indução floral e distribuir a colheita. "Sem produto o preço vai subir agora, mas com o excesso de oferta do final do ano, nos meses de outubro e novembro, o preço das frutas vai cair demais e nos prejudicar, trazendo mais prejuízos", diz Almeida.
Outro ponto que trará prejuízos aos cerca de 5.000 produtores da região são os fungos que costumam aparecer na plantação depois das chuvas.


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