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BC mantém pressão, e dólar supera R$ 2,10
Moeda encerra semana 0,19% mais cara, após órgão ter gasto mais de US$ 2 bi em compras no período, segundo estimativas
Declarações de membro do Fed sobre possível alta nos juros dos EUA colabora para
valorização da divisa; Bolsa tem queda de 1,35% no dia
FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Depois de muita agitação no
mercado de câmbio nos últimos dias, o dólar encerrou a semana acima de R$ 2,10.
Ontem, a moeda americana
subiu 0,72% diante do real e
terminou as operações vendida
a R$ 2,109. Na semana, o dólar
acabou registrando pequena
elevação de 0,19%.
A semana foi marcada por
forte boataria -principalmente em torno da saída de Henrique Meirelles da presidência do
BC e de novas medidas oficiais
a serem tomadas para conter a
apreciação do real. Tudo foi
desmentido pelo governo.
De concreto, apenas atuações mais pesadas do BC em
seus leilões de compras diárias
de dólares. Operadores estimam que o BC possa ter chegado a gastar mais de US$ 2 bilhões na semana -dos quais
US$ 500 milhões apenas ontem- nas compras de dólares
que realizou.
Segundo relatório elaborado
pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do
Bradesco, "a tendência de apreciação para o real ainda permanece, mas o Banco Central tem
realizado compras de montantes elevados, o que deve conter
no curto prazo o movimento de
queda da taxa de câmbio".
Neste ano, a autoridade monetária vinha comprando moeda em seus leilões de cerca de
três bancos por dia. Ontem, o
BC aceitou propostas e adquiriu dólares de 12 bancos. No dia
anterior, foram apenas quatro
as propostas acatadas.
As pressões para mudanças
na condução da política cambial se intensificaram no começo da semana, quando o dólar
desceu abaixo dos R$ 2,10. Na
terça-feira, a moeda fechou a
R$ 2,086, seu mais baixo valor
desde maio de 2006.
Na noite de terça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se
reuniu no Palácio da Alvorada
com Meirelles e o ministro Guido Mantega (Fazenda) para
discutir, entre outros temas, a
questão cambial.
No ano, o dólar registra baixa
de 1,31% diante do real.
Especialistas afirmam que
uma das dificuldades em fazer
o dólar subir, mesmo com as
pesadas atuações do BC, está ligada ao crescimento das posições vendidas dos estrangeiros
no mercado futuro.
Dados da BM&F (Bolsa de
Mercadorias & Futuros) mostram que as posições líquidas
vendidas em dólares estão em
seus mais elevados patamares
dos últimos anos.
Os investidores mantêm essas posições vendidas em dólar
quando esperam que haja depreciação da moeda norte-americana. Quanto maiores essas posições, mais forte essa
percepção.
Em um cenário de queda do
dólar, lucram mais.
Em 31 de janeiro, essas posições dos estrangeiros eram de
US$ 4,85 bilhões. Na quarta,
chegavam a US$ 7,14 bilhões.
A Bovespa terminou o pregão
de ontem com baixa de 1,35%.
Com isso, o resultado na semana foi negativo em 1,58%.
O cenário externo menos positivo ontem, com as Bolsas registrando perdas nos Estados
Unidos, favoreceu a apreciação
do dólar e a queda da Bovespa.
Declarações de William Poole, que dirige o Federal Reserve
de Saint Louis, desanimaram o
mercado. Poole disse que, se
houver um crescimento inesperado da economia, as taxas
de juros podem ter de subir nos
EUA. O índice Dow Jones terminou com queda de 0,45%. A
Bolsa eletrônica Nasdaq teve
baixa de 1,16%.
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