São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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BC mantém pressão, e dólar supera R$ 2,10

Moeda encerra semana 0,19% mais cara, após órgão ter gasto mais de US$ 2 bi em compras no período, segundo estimativas

Declarações de membro do Fed sobre possível alta nos juros dos EUA colabora para valorização da divisa; Bolsa tem queda de 1,35% no dia


FABRICIO VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Depois de muita agitação no mercado de câmbio nos últimos dias, o dólar encerrou a semana acima de R$ 2,10.
Ontem, a moeda americana subiu 0,72% diante do real e terminou as operações vendida a R$ 2,109. Na semana, o dólar acabou registrando pequena elevação de 0,19%.
A semana foi marcada por forte boataria -principalmente em torno da saída de Henrique Meirelles da presidência do BC e de novas medidas oficiais a serem tomadas para conter a apreciação do real. Tudo foi desmentido pelo governo.
De concreto, apenas atuações mais pesadas do BC em seus leilões de compras diárias de dólares. Operadores estimam que o BC possa ter chegado a gastar mais de US$ 2 bilhões na semana -dos quais US$ 500 milhões apenas ontem- nas compras de dólares que realizou.
Segundo relatório elaborado pelo Departamento de Pesquisas e Estudos Econômicos do Bradesco, "a tendência de apreciação para o real ainda permanece, mas o Banco Central tem realizado compras de montantes elevados, o que deve conter no curto prazo o movimento de queda da taxa de câmbio".
Neste ano, a autoridade monetária vinha comprando moeda em seus leilões de cerca de três bancos por dia. Ontem, o BC aceitou propostas e adquiriu dólares de 12 bancos. No dia anterior, foram apenas quatro as propostas acatadas.
As pressões para mudanças na condução da política cambial se intensificaram no começo da semana, quando o dólar desceu abaixo dos R$ 2,10. Na terça-feira, a moeda fechou a R$ 2,086, seu mais baixo valor desde maio de 2006.
Na noite de terça, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva se reuniu no Palácio da Alvorada com Meirelles e o ministro Guido Mantega (Fazenda) para discutir, entre outros temas, a questão cambial.
No ano, o dólar registra baixa de 1,31% diante do real.
Especialistas afirmam que uma das dificuldades em fazer o dólar subir, mesmo com as pesadas atuações do BC, está ligada ao crescimento das posições vendidas dos estrangeiros no mercado futuro.
Dados da BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros) mostram que as posições líquidas vendidas em dólares estão em seus mais elevados patamares dos últimos anos.
Os investidores mantêm essas posições vendidas em dólar quando esperam que haja depreciação da moeda norte-americana. Quanto maiores essas posições, mais forte essa percepção.
Em um cenário de queda do dólar, lucram mais.
Em 31 de janeiro, essas posições dos estrangeiros eram de US$ 4,85 bilhões. Na quarta, chegavam a US$ 7,14 bilhões.
A Bovespa terminou o pregão de ontem com baixa de 1,35%. Com isso, o resultado na semana foi negativo em 1,58%.
O cenário externo menos positivo ontem, com as Bolsas registrando perdas nos Estados Unidos, favoreceu a apreciação do dólar e a queda da Bovespa.
Declarações de William Poole, que dirige o Federal Reserve de Saint Louis, desanimaram o mercado. Poole disse que, se houver um crescimento inesperado da economia, as taxas de juros podem ter de subir nos EUA. O índice Dow Jones terminou com queda de 0,45%. A Bolsa eletrônica Nasdaq teve baixa de 1,16%.


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