São Paulo, sábado, 10 de fevereiro de 2007

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IPCA em 12 meses é o menor desde 1999

Para o IBGE, influência positiva do câmbio na contenção dos preços, como ocorreu em 2006, ainda tem dimensão incerta neste ano

No mês passado, inflação teve avanço de 0,48%, pressionada por fatores pontuais, como aumento do álcool e de frutas e verduras


CLARICE SPITZ
DA FOLHA ONLINE, NO RIO

JANAINA LAGE
DA SUCURSAL DO RIO

A inflação medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) teve alta de 0,44% em janeiro. Trata-se de uma leve desaceleração em relação ao mês anterior, quando havia apurado variação de 0,48%.
Segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas), a inflação do início do ano foi causada por fatores pontuais como o aumento das chuvas na região Sudeste, que elevou os preços de frutas e verduras, e pela entressafra da cana-de-açúcar, que teve impacto sobre o preço do álcool.
Mesmo diante de pressões sazonais, a taxa acumulada do índice em 12 meses ficou em 2,99%, o menor patamar desde fevereiro de 1999.
Os preços dos alimentos passaram de 0,39% em dezembro para 0,84%. As hortaliças ficaram 10,33% mais caras.
"O resultado foi muito influenciado por produtos "in natura". As chuvas no Sudeste afetaram não só o plantio e a colheita como o transporte dos alimentos, que foi prejudicado pelas condições ruins das estradas", afirmou Maria Andréia Parente, economista do Ipea (Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada). Ela destaca que as prévias dos IGPs (Índices Gerais de Preços) de fevereiro já indicam desaceleração dos preços agrícolas no atacado.
Outro fator de pressão no início do ano foi o grupo transportes, com alta de 0,62%.
Para fevereiro, o IBGE prevê um indicador pressionado por fatores pontuais, com o reajuste das mensalidades escolares.
"Fevereiro terá impactos significativos, com a pressão de ônibus urbanos em regiões de peso e em níveis elevados e com a continuidade do aumento do álcool, que pode começar a afetar o preço da gasolina", afirmou Eulina Nunes dos Santos, coordenadora do Índice de Preços do IBGE.

Câmbio
Ela afirmou que será preciso verificar se a taxa de câmbio vai continuar a exercer a mesma influência de contenção dos preços ao longo deste ano.
"O grande atenuante da inflação é a taxa de câmbio. Ela foi a principal responsável pela inflação de 2006 [3,14%] e continua caindo. A questão toda é saber o limite da queda do dólar sobre os preços", afirmou.
Analistas estimam que o câmbio não terá o mesmo impacto que exerceu no ano anterior. Com isso, esperam uma taxa acumulada de 4,01%, abaixo da meta estipulada para este ano, de 4,5%, mas acima da inflação do ano passado.
"Não esperamos uma contribuição tão grande por parte do câmbio, ele deve ficar praticamente estável neste ano", afirmou Marcela Prada, analista da consultoria Tendências. Segundo analistas, apesar dos sinais de aumento da demanda, o comportamento da inflação permite ao Banco Central manter o ritmo de corte dos juros em 0,25 ponto percentual.
"Existe um conforto para este ano na inflação decorrente do menor impacto dos preços administrados. Não haverá efeito de carregamento da inflação passada", afirmou Alexandre Sant'Anna, analista da ARX Capital. Para ele, haverá menor impacto de aumentos de energia e não há espaço para alta da gasolina, diante da cotação do petróleo no exterior.


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