|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
NO AR
Wagner Canhedo é preso pela PF em Brasília sob acusação de ser depositário infiel
Dívidas com o INSS levam presidente da Vasp à prisão
IURI DANTAS
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O empresário Wagner Canhedo, presidente da companhia aérea Vasp, foi preso anteontem pela Polícia Federal quando chegava
a sua casa, em Brasília, em cumprimento a mandado de prisão
expedido pela 8ª Vara de Execuções Fiscais da Justiça Federal em
São Paulo.
Canhedo é acusado pelo INSS
(Instituto Nacional do Seguro Social) de ser depositário infiel: a
empresa teria descontado a contribuição previdenciária dos funcionários, mas deixou de repassar
os valores à Previdência Social.
Em nota distribuída ontem, a
Vasp informou que o empresário
foi preso por ter discordado da
decisão da Justiça de penhorar o
faturamento mensal da Vasp para
pagar a dívida com a Previdência.
No mandado, o juiz alega que a
prisão se deve à "incontrastável
[evidente] inércia" do depositário
no cumprimento de seu dever.
Em novembro de 2003, a 5ª Turma do TRF (Tribunal Regional
Federal) da 3ª Região penhorou
5% do faturamento da Vasp, para
pagar os débitos da empresa com
o INSS, que em maio de 2002 já
superavam R$ 65 milhões.
Na época, o TRF decretou que a
penhora deveria ser feita pelo
próprio empresário sobre o faturamento bruto mensal da Vasp.
Em resposta na própria petição
do despacho do Tribunal, Canhedo disse que não poderia cumprir
a ordem, sob pena de "deixar de
cumprir com suas obrigações essenciais, tais como o pagamento
de salários aos seus funcionários".
De acordo com a Polícia Federal, o empresário chegava de uma
viagem a São Paulo. Seu carro foi
interceptado por agentes federais
na região conhecida como Península dos Ministros, no Lago Sul,
onde moram alguns integrantes
do primeiro escalão do governo
federal.
Até a conclusão desta edição,
dois advogados o acompanhavam na superintendência da PF,
aguardando a decisão da Justiça
sobre um pedido de habeas corpus impetrado ontem.
No mandado de prisão, o juiz
federal David Rocha Lima de Magalhães e Silva especificou que,
"na medida do possível, o preso
[Canhedo] não deverá ser colocado entre criminosos comuns".
O empresário foi mantido sozinho em uma cela comum durante
todo o dia de ontem, num espaço
de 20 metros quadrados. A cela
especial da superintendência está
ocupada por Norma Regina Emílio Cunha, ex-mulher do juiz federal João Carlos da Rocha Mattos,
preso na Operação Anaconda. Os
dois foram denunciados pelo Ministério Público Federal por integrar uma quadrilha especializada
na comercialização de sentenças.
A Folha apurou que o empresário ainda tentou ficar em uma sala
especial, contígua à área das celas.
Delegados da PF, porém, determinaram a ida para uma cela comum, apesar dos protestos dos
advogados do empresário.
Segundo relato de policiais, o
empresário aparentava estar bem.
Ele teria solicitado a entrega de
comida, evitando a refeição da
carceragem.
O mandado de prisão chegou à
PF de Brasília no fim da tarde de
anteontem. A superintendência
de São Paulo informou, então,
que o empresário se deslocava para a capital. Depois de aguardarem alguns minutos, os policiais
identificaram o carro de Canhedo
e o detiveram em plena rua.
Texto Anterior: Mantega vê meta de crescimento de 3,5% como viável e até "superável" Próximo Texto: Perfil: Primeiros negócios foram no ramo de transporte de carga Índice
|